quarta-feira, dezembro 30, 2015

exercício de milhões

O exercício especulativo que ainda não vi nenhum jornal fazer (feito por mim usando os dados do relatório de 3º trimestre de 2015 da Benfica SAD, ainda sem o acordo com o Emirates).

> Benfica - NOS
Direitos + BTV – 400 ME / 10 anos
Publicidade estática – ??   Rendas de espaço 1,7 ME/ano -  17ME/10 anos
Patrocínios e publicidade - 13,5 MR/ano –  135 ME /10 anos – 162 ME/12 anos*
TOTAL no mesmo critério do Sporting: 579 a 620 milhões de euros
TOTAL no mesmo critério do FC Porto: 518 a 544 milhões de euros

* de acordo com o relatório e contas do Benfica antes do contrato (segundo o Benfica mais vantajoso do que tinha com a PT) com a Fly Emirates, que pode acrescentar cerca de mais 3,5 ME/ano a este valor, de acordo com o que foi noticiado e não desmentido – 8 ME/ano da Emirates.

> Sporting 446 milhões - NOS
Sporting TV na Nos por 12 anos e meio. BTV é por 10 anos.

> FC Porto 457 milhões - MEO
Maior diferença para o Sporting: em vez de 12 anos e meio são só 7 anos e meio em que a Meo é patrocinador principal nas camisolas.
Porto Canal no Meo por 12 anos e meio.

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Benfica – NOS (400 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva dos jogos que a equipa principal realize, em casa, no campeonato. Duração: 10 épocas, a começar em 2016/17.
  • Direito de exploração e distribuição do canal Benfica TV. Duração: 10 épocas, a começar em 2016/17.

FC Porto – Altice/MEO (475, 5 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva dos jogos que a equipa principal realize, em casa, no campeonato. Duração: 10 épocas, a começar em 2018/19;
  • Direito de Exploração Comercial de Espaços Publicitários do Estádio do Dragão. Duração: 10 épocas, a começar em 2018/19;
  • direito de exploração e distribuição do Porto Canal. Duração: 12 épocas e meia, com início a 1 de janeiro de 2016;
  • Estatuto de patrocinador principal nas camisolas. Duração: sete épocas e meia, a começar a 1 de janeiro de 2016.

Sporting – NOS (446 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa, para o campeonato. Duração: 10 épocas, a partir de 1 de julho de 2018;
  • Direitos de exploração da publicidade estática e virtual do Estádio Alvalade XXI. Duração: 10 épocas, a partir de 1 de julho de 2018;
  • Distribuição e exploração do Sporting TV. Duração: 12 épocas, a partir de 1 de julho de 2017;
  • Direito a ser o principal patrocinador. Duração: 12 épocas e meia, a partir de 1 de janeiro de 2016.


quarta-feira, dezembro 16, 2015

star wars do princípio - intimidade intergaláctica

Lembro-me bem do meu fascínio avassalador pela saga Star Wars - na altura ainda Guerra das Estrelas - assim que vi a saga, algures para o fim da década de 80. Vi em VHS os três episódios. Era puto para ter os meus sete anos. Lembro-me do velho sofá de família me acolher naqueles minutos a ver magia no pequeno ecrã. Acho que nunca me tinha sentido tão próximo do espaço e de um mundo capaz de ir tão longe quanto a minha imaginação. Lembro-me de pensar: "Como é que a existência de um filme assim não passa nas notícias. Isto é genial. Devia ser obrigatório ver este filme". Lembro-me de sentir que era uma descoberta incrível aquela que eu tinha feito ao ver o filme e de serem poucas pessoas que o valorizavam como eu. Mas sempre que encontrava outro apaixonado ficava eufórico. Como se de uma religião se tratasse, tentava convencer os meus pais e colegas da Primária do Bairro da Ponte a embarcarem numa história intergaláctica distante no espaço mas tão verosímil, entusiasmante e repleta de sensações novas para um puto de sete ou oito anos. Mais tarde lembro-me de ficar chocado quando alguém não tinha visto a trilogia. E segundos depois já estava com um: "tens de ver! É inesquecível". Lembro-me de emprestar as preciosas três K7's VHS que guardava religiosamente no lugar de honra da minha colecção de filmes à minha namorada - actual mulher - quando começámos a namorar. Ela não tinha a certeza se tinha visto todos os filmes. Tinha de mudar isso. Mas infelizmente não fiz dela uma devota desta religião/saga repleta de seres estranhos, de uma força inerente que tudo controla, de um império do mal que tem origem em pessoas que já foram boas e em personagens verdadeiramente apaixonantes em situações complexas e moralmente ambíguas. Daqui a pouco vou ver o regresso da saga, com a esperança que seja mais fiel à primeira trilogia (IV, V e VI) e com a mesma naturalidade/intimidade intergaláctica.
Nesta paixão um dos momentos mais importantes foi quando a saga foi reposta no cinema em 1997, remasterizada digitalmente (com efeitos melhorados). Finalmente consegui ver tudo no cinema, como devia ter sido visto logo pela primeira vez. Andava em pulgas para que estreasse e, depois, confesso que me voltei a emocionar com as cenas mais memoráveis.

quarta-feira, dezembro 02, 2015

exercício futebolístico

Ao olhar para a actual equipa do Chelsea - com os seus problemas reais e motivacionais - questiono-me das razões porque José Mourinho não reúne nem reuniu no passado recente um dos seus melhores meio campos. No topo dos topos houve o meio campo do FC Porto campeão europeu, na sua génese com Costinha, Maniche e Deco. No Chelsea houve um meio campo menos estável com Makelélé, Lampard, Tiago/Guðjohnsen/Duff/Cole (Essien depois na 1ª temporada). Mais estável e também campeão europeu foi o meio campo da 2ª época no Inter com: Cambiasso, Thiago Motta e Sneijder.
E é precisamente este último meio campo que podia ser recuperado se não na totalidade, em parte. Na minha opinião o grande motivo foi não haver particular vontade das chefias do Chelsea (e até Real Madrid) mas também o facto de Mourinho ter começado, depois da primeira passagem pelo Chelsea, a querer mostrar valor com novos jogadores. A verdade é que Cambiasso foi fulcral para o Leicester a época passada (esta época tem ajudado o Olympiacos do Marco Silva apesar de alguns períodos lesionado), Thiago Motta continua a ser esteio no PSG apesar de tantos rivais de qualidade e Sneijder continua a espalhar magia (ainda recentemente o Benfica viu isso) nos turcos do Galatasaray.
Mais do que Cambiasso, Sneijder não só está ao alcance como, apesar da idade, podia dar muito a este Chelsea, que mais não fosse experiência, rivalidade para Fàbregas e Óscar (bem precisam) e uma solução útil em vários jogos. E Thiago Motta seria outra aquisição muito útil para actuar à frente de Matic. Era um caminho que gostava de ver percorrido e podia ser bem útil a um Chelsea que, depois de ter sido campeão, parece ter perdido a alma (como se a saída de Lampard só agora se fizesse notar).

terça-feira, dezembro 01, 2015

vendem-se veículos eléctricos em Portugal



Vendas de automóveis eléctricos em 2014
1. Nissan Leaf  60 unidades
2. BMW i3  59 unidades
3. Renault ZOE  34 unidades
4. Smart ForTwo Electric Drive  18 unidades
5. Volkswagen e-UP  10 unidades
6. Volkswagen e-Golf  3 unidades
7. Mitsubishi i-MiEV  3 unidades
8. Kia Soul EV 1 unidade
9. Peugeot iOn  1 unidade
10. Ford Focus EV 0 unidades
11. Renault Fluence Z.E.  0 unidades
Total: 189

sexta-feira, novembro 27, 2015

they're just giving out candy

It's 'black friday' spending spree!
A todos por aí, cuidado... Acabei de vir do Media Markt sem comprar uma única coisa. Acho que fui o único dos presentes. É tão, mas tão fácil, comprar coisas que não precisamos nesta altura. Faz lembrar uma frase de stand up do Jerry Seinfeld já bem antiga: "They're just giving out candy?!"

quarta-feira, novembro 18, 2015

paro a vida

Numa noite banal de novembro como esta, sou eu e a Sheryl numa cozinha embalada ao som da música de lady Crowe e da água a correr. Enquanto lavo a loiça, prato a prato, penso na muita vida que já correu e na que ainda vai correr. Penso no passado, num momento lixado. 
Neste momento em nada parece acontecer, paro a vida mas lavo a louça enquanto a água corre sem parar. A vida corre dentro de momentos, mas antes, a cama e os sonhos. Boa noite. 


segunda-feira, novembro 16, 2015

o fascínio por ilhas remotas

"I imagined my island as and idyllic place, a utopia. My dream promised that if this perfect place could be found, it would be possible to start afresh and do everything differently, far from the pressures of the mainland. It would be a place to find peace, the find oneself, and to finally be able to concentrate on the essentials again." 


Atlas of Remote Islands, Judith Schalansky. 

Fifth Islands I have not visited and never will. 


quinta-feira, novembro 12, 2015

a little bit of everything

"Não precisamos de ser especialistas em tudo"


Mas dá jeito percebermos e mexermos em um pouco de tudo. Especialmente no mundo global e multidisciplinar de hoje. No jornalismo entendermos e sabermos utilizar bem as redes sociais, edição de áudio e vídeo, gravação de áudio e vídeo, fotografia, infografia, grafismo e, até, programação... dá jeito.

segunda-feira, novembro 02, 2015

"Someday when you're older / And you search the world over..."

domingo, outubro 18, 2015

segunda-feira, agosto 31, 2015

mazagão :: à sombra da tamareira

À sombra da Tamareira 

À sombra da tamareira encontro meu refrigério,
cavo a minha trincheira aliso meu cemitério.
Aqui cheguei era alferes tinha goma no gibão,
vim defender as muralhas da praça de Mazagão,
À sombra da tamareira.
Há muito caiu Arzila, Mazagão treme e não cai,
vem o xerife de Fez faz o cerco e depois vai.
Tal como as águas de um lago o tempo deixou de correr,
mas jurei por Santiago que nunca me hei de render
À sombra da tamareira.
Nem sei bem quem é o Rei há muito não vem mensageiro
será que D. Sebastião já voltou do nevoeiro
ou ficou...
À sombra da tamareira. 

Vigio as areias ruivas faço o turno de atalaia
já cantou o muezzim não anda mouro na raia.
Sopra o vento do deserto recitando-me o Corão
Iadainha infame e bela sortilégio do Islão
À sombra da tamareira. 

Só a saudade me vence só o dever não me esquece
sou o fio que se esgaça na malha que o império tece
Aqui ganhei minha espada aqui ergui a bandeira
À sombra da tamareira. 

Nem sei bem quem é o Rei há muito não vem mensageiro
será que D. Sebastião já voltou do nevoeiro
ou ficou
À sombra da tamareira.

terça-feira, agosto 18, 2015

os queijinhos frescos

Ana Faria - 1982 Brincando aos Clássicos


Lado A

1-Luís (Adaptação da Ária "La Donna è Mobile" da Ópera Rigoletto de Verdi)-Ana Faria
2-Clara(Adaptação do "Hino à Alegria" da 9º Sinfonia de Beethoven)-Ana Faria
3-João(Adaptação da Abertura da Ópera Guilherme Tell de Rossini)-Ana Faria e João
4-Ana(Adaptação da 2ºcena do II Acto do Lago dos Cisnes de Tchaikovsky)-Ana Faria
5-Miguel(Adaptação da Marcha Turca de Mozart)-Ana Faria
6-Catarina(Adaptação do 4º andamento da 7º Sinfonia de Beethoven)-Ana Faria

Lado B
1-Nuno(Adaptação da "Dança das Horas" da Ópera Gioconda de Ponchielli)-Ana Faria e Nuno
2-Joana(Adaptação da "Barcarola" dos Contos de Hoffmann de Offenbach)-Ana Faria
3-Marta(Adaptação da "Habanera" da Zarzuela la Verbena de la Paloma de Breton)-Ana Faria
4-Pedro(Adaptação do Concerto Nº1 para piano de Tchaikovsky)-Ana Faria e Pedro Faria Gomes
5-Rita(Adaptação da Valsa Brilhante, op. 18 de Chopin)-Ana Faria
6-Zé(Adaptação da "Habanera" da Ópera Carmen de Bizet)-Ana Faria
7-Clara(Adaptação do "Hino à Alegria" da 9º Sinfonia de Beethoven)-Pedro Faria Gomes

Todas as letras são de Ana Faria
Arranjos, Adaptações e Direcção Musical de Ana Faria

Músicos:
Viola:Armindo Neves
Piano e Teclas:Jaime Oliveira
Baixo:Zé da Ponte
Oboé:António Serafim
Trompa:Adácio Pestana
Flauta:Pedro Teixeira
Harpa:Katherine Ann Bird
Guitarra:António Chainho
Percussão:Ana Faria

Produtor:Heduino Gomes
Som:Moreno Pinto
Estúdios:RT
Fotografia da capa original:Heduino Gomes
Desenhos:Ana Faria
Editora:Rádio Triunfo

Coro: Carla, João, Nuno, Paula, Pedro Faria Gomes, Pedro Hébil, Rita e Vera

*Vendas:Disco de Platina
*Teledisco:
*Reeditado em CD em 1992 e em 1998 pela Movieplay



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Ana Faria - Brincando aos Clássicos
Álbum 2
 
1 - Toino
2 - Carla
3 - Margarida
4 - Elisa
5 - Rui
6 - Sara
7 - Ricardo
8 - Vera
9 - Paula
10 - Tiago
11 - Vasco
12 - Daniel
13 - Rapsodia
 

terça-feira, julho 28, 2015

the man with the words


"Like Marie Antoinette said to Louis XVI, "Man, I think we're going down. Our chances are slim and none, and I'm afraid slim just left town."


Ben Harper - Say You Will

sexta-feira, julho 17, 2015

o silêncio deixa-me ileso

o silêncio está cada vez menos na moda. entre tv (não incluo a música porque chega a parecer/saber a silêncio em certas alturas), youtube, redes sociais, colegas de trabalho barulhentos, o rude-ruído diário da cidade e notificações várias (nossas ou dos gadgets dos outros), quantos minutos passam de silêncio verdadeiro? às vezes sabe bem ouvir o silêncio. há um momento, à noite, em que desligo a tv ou o computador e 'ouço' o silêncio. uma bela sensação, inesperada, curiosamente. andar pela cidade depois da meia noite também chega a trazer momentos desses... que chegam a ser bizarros. a cidade à noite é bem mais silenciosa e 'morta' de seres vivos do que o campo, onde os sons da natureza são um 'silêncio' bom que experienciei boa parte da vida 'on a daily (and existential crisis) basis'. boa noite. amanhã entro na idade média, por Óbidos a dentro. desejem-me sorte na viagem no tempo.

domingo, julho 12, 2015

erros históricos

"Ainda hoje os economistas discutem se as reparações impostas à Alemanha [após a I Grande Guerra, motivadas essencialmente pelo desejo de vingança do primeiro-ministro francês Georges Clemenceau] seriam excessivas e se o seu pagamento integral conduziria inevitavelmente ao colapso da economia alemã. Mas, o que é indesmentível é que o povo alemão as sentia como excessivas e injustas e isso contribuiu decisivamente para que dirigissem as suas simpatias e o seu voto para um líder que fez campanha com o slogan “Não pagamos!”. Chamava-se Adolf Hitler e, efectivamente, cancelou os pagamentos das reparações assim que se tornou chanceler. Os pagamentos só seriam reatados muito mais tarde – o derradeiro foi realizado a 3 de Outubro de 2010, 92 anos após o término das hostilidades."

"A II Guerra Mundial foi um momento tão monstruoso, e o seu novelo de crimes, represálias e contra-represálias é tão emaranhado, que qualquer tentativa de ajuste de contas redundará necessariamente em fracasso e despertará um enxame maligno de ódios e recriminações."


in Observador (Uma factura detalhada para Merkel)

terça-feira, julho 07, 2015

quando brincamos somos criativos

"Quando brincamos somos criativos. Essa área tem de ser separada da vida real. Não podemos brincar na vida real, porque há sempre coisas para fazer. Há telefonemas, obrigações. Portanto, a arte de nos colocarmos no "modo aberto" depende de criar uma área onde possamos brincar. Temos de fazer duas coisas: criar fronteiras de espaço, para não sermos interrompidos, e fronteiras de tempo, para sabermos que começa agora e acaba dentro de um determinado número de horas. Durante esse período, livramo-nos da vida quotidiana. Percebes onde quero chegar? Daí teres falado em imaturidade. O que há de maravilhoso em sermos crianças é o facto de podermos brincar durante tanto tempo, porque os nossos pais estão a tomar conta de tudo o que tem a ver com o resto da vida. Não temos de pensar na nossa refeição. Eles estão a tratar disso. Por isso, como adultos, temos de criar essa área na qual podemos brincar e fugir das preocupações do mundo." -- John Cleese

segunda-feira, março 02, 2015

lições de vida por ernest emingway


1.) Trust others. “The best way to find out if you can trust somebody is to trust them.”

2.) Don’t be boring. “Every man’s life ends the same way. It is only the details of how he lived and how he died that distinguish one man from another.”

3.) It’s not about being brave or tough, it’s about being calm. “Courage is grace under pressure.”

4.) There’s a trade off with everything. “Happiness in intelligent people is the rarest thing I know.”

5.) Read. A lot. It’s important. “There is no friend as loyal as a book.”

6.) Nobody likes a big talker. “Always do sober what you said you’d do drunk. That will teach you to keep your mouth shut.”

7.) Bad luck and bad times make you stronger. “The world breaks everyone, and afterward, some are strong at the broken places.”

8.) Never expect perfection at first. That’ll come. “The first draft of anything is shit.”

9.) Having true role models will help you grow. “As you get older it is harder to have heroes, but it is sort of necessary.”

10.) Be the absolute best parent you can be. Little things make a big impact as people grow older. “All things truly wicked start from innocence.”

11.) Busy for the sake of being busy doesn’t equal success. “Never confuse movement with action.”

12.) The easiest way to be likable? Talk less about yourself and listen.“When people talk, listen completely. Most people never listen.”

13.) Always get back up. “A man can be destroyed but not defeated.”

sábado, fevereiro 28, 2015

placas portuguezas, concerteza

Sugestão aos governantes, autarcas e afins, deste país: 
E que tal decorar as placas indicativas das várias localidades de Portugal, com pinturas ou artefactos da zona, dando um colorido e maior personalização local às placas feitas por uma empresa francesa desde há uns 10 anos? 

O melhor seria ter placas mais identificadas com o estilo português, feitas por uma empresa portuguesa (até podiam ser de cortiça, por exemplo), mas já nem falo nisso só para não inflacionar os custos.
Até se podia fazer concursos pelas regiões para escolher o melhor trabalho e artista para cada zona.

domingo, fevereiro 22, 2015

de cordeiro a lobo, labirinto ikea

Um tipo vai ao Ikea, senta-se num confortável sofá e sente-se em casa. 


Até que começa a ser incomodado pelas dezenas de estranhos que vão invadindo o nosso conforto. E já estava eu prestes a dormir uma siesta... Quando olho para o lado e tenho uma velhota ao lado a medir o sofá ou a minha cabeça, parecia.

Um tipo entra no Ikea cordeiro e sai lobo assassino, capaz de morder quem se atravesse no nosso caminho. Especialmente ao fim‑de‑semana, dia de romaria familiar ao mega labirinto do consumo para o lar. 

Os últimos metros de Ikea são de sofreguidão para mim. Pessoas lentas por todo o lado e o fim parece nunca mais chegar... Ao estilo Blair Witch Project, mas a floresta já está na forma de móveis e em vez de fantasmas que aparecem de onde menos se espera, temos zombies barulhentos e com gosto pela discussão por todo o lado. Uff. 

sábado, fevereiro 21, 2015

os filmes dos óscars

Os filmes candidatos a Melhor Filme dos Óscares, por mim:

boyhood, 12 anos de vida num filme notável

 

birdman, um homem passáro a voar de emoção em emoção

 

patriota e nem por isso anti-guerra
American Sniper

 

génio à força
whiplash

 

me stephen, you jane. a vida dos Hawking com e sem ELA
A Teoria de Tudo. A Theory of Everything. 

 

The Imitation Game – O Jogo da Imitação –
Uma história impressionante e bem contada, muitíssimo bem interpretada mas que podia ser mais arrebatadora na forma como é realizada e na forma como a história se desenvolve e como nos aproxima das personagens. 

a Selma de Martin Luther King

 

Grand Hotel Budapest
Um filme tão cómico, com as típicas personagens cativantes, divertidas e interessantes do seu realizador, quanto sério e intenso. Wes Anderson consegue um belo equilíbrio numa boa história sobre o concierge lendário de um hotel numa república ficcional e as suas aventuras, sempre com o seu fiel paquete a seu lado, passado entre a primeira e segunda guerra mundial. Um vasto, peculiar e bem conseguido elenco alimenta um filme que nos faz rir, sorrir e nos chega a emocionar. Wes Anderson ao seu melhor. 

boyhood, 12 anos de vida num filme notável

Linklater filmou ao longo de 12 anos Ellar Coltrane a tornar-se adolescente e Ethan Hawke e Patricia Arquette como pais num filme único e notável: Boyhood: Momentos de Uma Vida.

Imagine um drama onde acompanhamos uma criança (Ellar Coltrane) a crescer, dos 6 aos 18. Pelo meio assistimos às vicissitudes da vida dos pais, divorciados, da mãe a tentar encontrar um rumo, da irmã (filha de Linklater) desde os tempos em que lhe faz a vida negra à maioridade.
Já houve muitos (e bons) filmes com esta temática. Nunca houve um como Boyhood: Momentos de Uma Vida, de Richard Linklater.

O que o realizador de Antes do Amanhecer concretiza é uma experiência de vida a ocorrer à frente dos olhos do espectador da forma mais real e natural possível numa espécie de cápsula do tempo.

O filme foi gravado ao longo de 12 anos de vida real dos atores – vemos as crianças a crescer de uma forma inédita. Todos os anos o realizador filmava cerca de uma semana com os atores.
O resultado desses 12 anos somados em filme é algo muito mais natural e sociologicamente relevante do que qualquer filme até agora conseguiu. O que Linklater consegue é uma vivência íntima, emocionante e tocante (sem ser lamechas) num filme único e notável.

Os anos passam de cena em cena, de uma forma tão natural quanto bem conseguida. Linklater abre-nos janelas para a vida desta família, a fazer lembrar a saga de filmes Antes do Amanhecer/Anoitecer/da Meia Noite.

E nesses momentos de vida destas personagens intensas brilham os atores: Ellar Coltrane (que vemos atuar como criança e adolescente), Patricia Arquette, Ethan Hawke e Lorelei Linklater (a filha do realizador e que é irmã mais velha do jovem protagonista).

birdman, um homem passáro a voar de emoção em emoção


A comédia negra Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância, o filme de Alejandro González Iñárritu, com Edward Norton e Michael Keaton ao melhor nível de sempre é, com justiça, um dos favoritos aos Óscares - é um dos mais nomeados: melhor filme, ator (Michael Keaton), actor secundário (Edward Norton), actriz (Emma Stone), realizador, argumento original, cinematografia, mistura de som e edição de som. Aqui fica a crítica.

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O intricado, emocional, egocêntrico e perturbado mundo de um ator acabado que vive há décadas à sombra de um blockbuster de super-herói da década de 80 (Birdman) é exposto de uma forma intensa, emotiva e, diga-se, brilhante em Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (um belo título).

O filme do mexicano Alejandro González Iñárritu, um dos favoritos aos Óscares e nomeado para sete Globos de Ouro, mostra sem medo de arriscar a preparação para uma peça de teatro que é nada mais nada menos do que a tentativa desesperada de Riggen Thomson, interpretado na perfeição por um revigorado Michael Keaton, de mostrar que ainda é alguém, que é capaz de surpreender. A decadência e caos parece estar a um pequeno passo do brilhantismo e do sucesso no mundo dos artistas atores.

À sua frente tem vários desafios: o ‘fantasma’ do super-herói da trilogia que interpretou, Birdman, que lhe segreda ao ouvido (ao estilo alter-ego) que ele é bom demais para o teatro e devia era voltar a tentar o sucesso com novo filme de Birdman; o agente preocupado e que tenta manter tudo sob controlo (Zach Galifianakis); a filha problemática com problemas de droga (a sarcástica Emma Stone) que é sua assistente; o genial no palco e extremamente problemático e instável fora dele ator de teatro Mike (Edward Norton); a sua namorada atriz na peça; a estreante na Broadway e namorada do instável Mike (Naomi Watts); uma crítica de teatro do New York Times anti-atores de Hollywood capaz de erguer ou destruir uma peça com uma crítica.

O resultado? Iñárritu usa de forma notável a técnica plano-sequência – que dá a ilusão que todo o filme é filmado em movimento contínuo da câmara com um só plano que se move de local em local, de personagem em personagem, de emoção em emoção. A ajudá-lo, para além da fotografia brilhante de Emmanuel Lubezki, tem uma banda sonora repleta de batimentos e sons bizarros de Antonio Sanchez.

Num filme repleto de dilemas emocionais representados de forma única e visceral por atores a interpretar atores, este tipo de realização não só assenta que nem uma luva à história caótica da psique de atores inseguros que estão com os nervos à flor da pele, como dá ritmo constante ao filme, mantendo o espetador sempre alerta, de discussão emotiva em dilema pessoal. É justo dizer que o elenco é notável e há verdadeira química intensa e visceral entre todos os atores nas várias cenas emocionais que partilham.

Michael Keaton e Edward Norton têm dos melhores desempenhos das suas carreiras já de si ‘cheias’ de momentos brilhantes.

Comédia negra. Montanha russa de emoções. Fábula teatral. Desvario psicológico. Energia vibrante de acção em acção. Birdman é tudo isto e muito mais. É certo que não vai agradar e todos mas promete ser uma experiência intensa e que mantém todos na sala de cinema alerta dando uma perspetiva das emoções que um grupo de atores no limite estão a experienciar.

Não deixa de ser curioso ver como o filme retrata na perfeição, numa espécie de bailado emocional, o caos que os atores vivem instantes antes da cortina subir, e são perfeitos e coordenados – tudo faz sentido e o caos torna-se em ordem – assim que a cortina do teatro sobe e eles entram naquele espaço ‘sagrado’ e mágico que parece ser o palco. Iñárritu, que também co-assina o guião, ilustra ainda vários dilemas no mundo do espectáculo, não só a ‘luta’ entre atores de cinema e de teatro mas também o mundo da internet VS o mundo do espectáculo convencional, entre outras dicotomias.

[Alerta de SPOILER]
Só o final do filme é menos intenso, vibrante e surpreendente – contrasta com o resto do filme e é, diríamos, ‘leve’ –, mas essa parece ser uma escolha/contraste consciente dos autores que parece tirar força ao fim mas tem algum sentido na história que parece tentar entrar na psique dos atores.

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Sabe-se agora que o realizador Alejandro Gonzalez Inarritu e o co-argumentista Alexander Dinelaris tinham planeado inicialmente que o fim do filme seria com Johnny Depp, sentado no camarim sozinho, enquanto tentava desesperadamente soltar-se das amarras de Pirata das Caraíbas e da personagem do Capitão Jack Sparrow.

Inarritu já tinha admitido o mês passado que tinha alterado o fim do filme porque decidiu que era «um fim embaraçoso». Agora Dinelaris revelou que final é que era:

«A câmara iria passear-se pelos corredores do backstage, como fez todo o filme, entrávamos no camarim onde estaria Johnny Depp sentado, a olhar-se no espelho, enquanto poria a peruca de Riggan Thomson (a personagem de Michael Keaton. Atrás estaria um poster do Pirata das Caraíbas. E na voz de Jack Sparrow, iria-se ouvir: 'O que é que estás aqui a fazer, mate?' Iria ser um fim em sátira.».

A explicação foi dada por Dinelaris no podcast 'The Q&A'. Este fim iria sugerir que Depp também teria problemas em ver-se livre da personagem de Jack Sparrow, tal como Thomson, a personagem central do filme.

a Selma de Martin Luther King


Pode ter alguns clichés e abordar um tema que já foi várias vezes retratado no cinema, mas Selma coloca-nos numa das alturas mais importantes dos direitos civis norte-americanos, na perspectiva de um dos heróis mais importantes na igualdade entre seres humanos nos EUA: Martin Luther King.
Uma história sobre decência humana. Sobre os valores básicos e a forma como se pode e deve combater aqueles que os espezinham persistindo.

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Um dos oito candidatos ao Óscar de Melhor Filme é este Selma: a dura luta pelos direitos civis no Alabama em 1965. 

Os direitos civis norte-americanos já foram retratados noutros filmes de Hollywood mas Selma – sobre a histórica marcha de 1965 na pequena localidade do Alabama – oferece uma visão cativante e emotiva, sobre a dor e a crueldade de uma espécie de guerra civil no sul dos EUA tendo como protagonista Martin Luther King Jr.. A realizadora Ava DuVernay mostra-nos sem paternalismos um Luther King multidimensional com defeitos e virtudes (o sonho pela igualdade) e permite-nos refletir sobre o quanto a humanidade já evoluiu desde 1965. A ajudá-la tem uma notável interpretação do britânico David Oyelowo.

O filme produzido por personalidades como Oprah (também entra como atriz) e Brad Pitt é a história de um movimento liderado por Luther King, num ambiente tenso e complexo, pela defesa do direito ao voto da comunidade negra no Alabama. 

Depois de um primeiro protesto que acaba em violência sem limites e morte, Luther King organiza uma marcha de milhares de pessoas, vindas de todo o país, contra as autoridades locais e que acabou por obrigar o presidente norte-americano (desempenhado por Tom Wilkinson) a permitir uma das maiores vitórias dos direitos civis norte-americanos.
Uma história sobre a persistente luta pela decência humana.

a margem errada... do douro

Por algum motivo estranho sempre que fui ao Douro percorri sempre a zona pela margem Sul do rio. Aconteceu isso quando passei por lá com os meus pais nos anos 90, repetiu-se o mesmo há uns dois anos quando fui ao Douro - fiquei no Pinhão - em trabalho e voltou a acontecer a semana passada, em lazer... Só que neste regresso recente tomei a liberdade (com influências conjugais) de passar para o lado Norte para passear desse lado ao longo do Douro.

Foi nesse sábado 14 de fevereiro que percebi porque até ali tinha andado sempre pela margem Sul. A lado Norte é um deserto de trânsito, em contraste claro com as estradas do lado Sul. Boas notícias, certo? Errado. As estradas estão vazias porque estão em bem pior estado, são mais estreitas e entram serra adentro e serra para fora de uma forma bem mais violenta e dura do que no lado Sul. Em vez de estradas novas e curvas moderadas ali junto ao rio, de forma relativamente plana, no lado Norte subimos, descemos, e curvamos de dúzia de metros em dúzia de metros. A paisagem tem zonas bem bonitas e... altas, mas são poucas e não valem todo o esforço.

Vale pela experiência e com um bom carro nas mãos, equilibrado, um motor capaz, uma direcção directa e que transmite bem as sensações da estrada até nos podemos divertir pelas curvas. Pena algumas estradas de dois sentidos só terem espaço para um carro e incluirem curvas cegas... ou seja... convém não abusar na velocidade (pena!) porque na possibilidade remota de encontrarmos um outro carro (em mais de 30 quilómetros 'lentos' de serra só encontrei três e eram de locais) em zona proibitiva, o mais provável e descermos à força entre 50 a 300 metros para um banho no Douro.

Na margem Norte do Douro chegamos a perder a vista ao próprio Douro, tal é o desvio que certas serras nos obrigam a fazer para o interior. Passado um pouco já estamos novamente ao pé do rio, mais acima na serra ou mais abaixo, junto ao rio. Chega a haver nesta estrada principal parte de terra, tal é a qualidade do piso. Passamos por umas quantas aldeolas onde reina a calma e mal se vê gente na rua. Todos olham para os forasteiros que por ali passam. Devem pensar: 'o que é que estes totós vêem fazer para esta margem do rio?' O facto do carro ser de cor azul marinho claro (ou Blue Magnetic) e ter um aspecto peculiar e pouco visto naquelas partes também deve contribuir para tantos olhares.

Para ser justo do lado Norte também há quintas de vinho do Porto e algumas delas, pelo menos uma, tem um restaurante de luxo, com aqueles  preços proibitivos. Chegados ao Peso da Régua, suspiramos de alívio... demorou, curva a curva, subida a descida, entrada pela cordilheira adentro e para fora, mas chegámos a bom porto. Na Régua já há boas hipóteses para o muito desejado e apetecido almoço (sem ser com preços de 50 euros por pessoa). A barriga já dá horas. O caminho de volta? Esse é inevitavelmente feito pela margem Sul, onde demoramos uma dúzia de minutos para percorrer a distância de rio que demorámos uma hora do outro lado. Lição aprendida, experiência acumulada e barriga cheia, como se quer. O Mini ajudou.

e se todos os carros fosse iguais? seria triste.

Graças ao deus dos automóveis (seja lá o que isso for) que há muitas marcas e modelos diferentes, com designs e estilos bem distintos. Tive uma visão aterradora ontem, enquanto passeava numa das maiores fábricas de automóveis da Europa - a da Seat, de Martorell, na zona de Barcelona.
E se todos os carros fossem iguais, da mesma marca e praticamente do mesmo modelo? 
O que vi não foi bonito. Mesmo com carros bem desenhados e modernos como os Ibiza e Leon que se vêem aos milhares dentro e fora da fábrica da Seat, a constância de carros iguais é um enjoo doentio e cansativo.
Há um certo cinzentismo perturbador numa sucessão de automóveis totalmente iguais. Se na teoria existir um automóvel tipo para todos, uma linha de roupa para todos (e com as 'modas' isso até se vê, muitas miúdas e miúdas parece saídos da mesma página de catálogo fashion, inclusive nos penteados), ou outro tipo de acessório humano, pode parecer lógico, ver isso na realidade é simplesmente demasido castrador e limitado.
Existem produtos mais pequenos (no espaço que ocupam na rua e na sociedade) que um carro e menos pessoais do que a roupa que vestimos que até podiam ser todos padronizados e iguais que não daríamos muito pela repetição constante. É possível que sim (vou arriscar e dizer a Apple e alguns dos seus produtos). Mas se os iPhone passam mais despercebidos, uma sala cheia de MacBooks também pode ser um exagero masturbatório de igualdade tecnológica... só maçãs iluminadas umas atrás das outras.
Ainda assim uma visão bem menos surreal e intensa que dezenas de carros iguais por todo o lado. A diversidade automobilística é saudável, bem vinda e desejável não só no estilo próprio de cada marca mas também no propósito de cada modelo, entre o pequeno citadino, o sonoro e agressivo desportivo e o gigante monovolume.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

divagações sobre sorrisos pelo ar

Da série: coisas/divagações que um tipo escreve durante um voo...
   
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A muitas milhas acima da superfície terrestre, num avião a caminho de alguma cidade europeia nessa mesma superfície, dou por mim a pensar no que irá na cabeça de um outro ser humano. É uma rapariga, nos seus trintas, loura, bonita, e com um sorriso constante, contagiante e bonito.
    Está cá em cima, no ar, a cumprir um trabalho, uma missão, protocolos e regras especificas. É a sua ocupação, aquilo que faz para ter os meios para viver a sua vida, comprar as suas coisas.
    Quando olho para ela vejo dever, obrigação, e fico indeciso sobre o que aquele sorriso brilhante esconde por trás. Analisando o sorriso e a linguagem corporal, vejo um misto de obrigação e algum prazer no trabalho. Não vejo o sorriso 100% genuíno, alterna entre o 10% - para certas pessoas menos afáveis ou parvas – e o 90 a 100%, para pessoas ou situações mais próprias se sorrir genuinamente.
    Acabei por contar, nas operações de distribuição de comida aos passageiros deste pássaro mecânico voador, uns 5 a 10% de tempo em que assistente de voo (antiga hospedeira de bordo – designações leva-as os vento, ao estilo fiscal de linha vs árbitro assistente) não estava a sorrir. É obra. Deve ser difícil conseguir sorrir tanto tempo. Só uma pessoa de sorriso fácil conseguiria tamanha tarefa hércula. Ainda assim com o passar dos anos pergunto-me quanto se perdeu de sorriso genuíno e o acto de sorrir não passou a ser mais obrigação.

    Claro que nem todas as assistentes de bordo sorriem assim, há algumas mal encaradas, pouco sorridentes (ou com sorrisos bem mais forçados e pouco credíveis). Este sorriso é credível, mas deixa margem para me questionar quem é esta rapariga, quão genuíno é o seu sorriso e porque é que as pessoas têm o dever de sorrir em certas ocupações. É perceptível que se incentive a simpatia.

    O sorriso é um bem que não devia ser transaccionado. Será que neste caso está a ser. Provavelmente vem mais da pessoa do que da mera obrigação. Não me queixo do belo sorriso da rapariga loura, bem pelo contrário. Mas um sorriso tão duradouro deixou-me na dúvida.
    Lembro-me de um estudo que dizia, com alguma propriedade, presumo, que sorrir é contagiante e as humanos deviam tentar sorrir mais porque só esse acto pode ser positivo para a sua alegria e felicidade diárias. Eu sou daqueles que acha que um sorriso constante, ininterrupto, esconde qualquer coisa mais negra em algumas situações, pode funcionar como uma capa, máscara, pouco real e que mascara a realidade.
Mas uns quantos sorrisos por dia, nem sabem o bem que vos fazia (ok, até sabem, foi só para rimar). Despeco-me como comecei:
    Muitos sorrisos para todos.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

pela casa cimeira

É humanamente notável ver como as pessoas genuínas se abrem com desconhecidos. O casal que gere a Casa da Cimeira - em Valença do Douro - tem aquele conhecido lado falador, aberto, genuíno e social das pessoas do Norte (tradicionalmente). Mais: têm gosto em receber as pessoas vindas de longe (portugueses ou estrangeiros), têm gosto em dar sempre um pouco mais do seu vinho, dos seus enchidos - tudo feito por ali, claro -, dos seus manjares.

Gostam de contar histórias, especialmente a sua história. Gostam de conhecer um pouco de quem os visita. Isto no meio da labuta sem parar do dia a dia. É gente humilde, trabalhadora e com tempo para ter consciência plena de quem são e do que é a sua vida.

São bem humorados, divertidos e não se levam demasiado a sério. Gente fácil, de quem nos aproximamos com facilidade e que dá gosto ouvir, história a história, sorriso a sorriso, lembrança em lembrança, sonhos em sonhos.

Durante 9 meses não têm um dia de folga e fazem jantar para uma casa cheia de hóspedes todos os dias. Contam esta inevitabilidade com consciência que é bom terem trabalho e o lamento de que ficam esgotados e era bom não terem de fazer jantarada 'farta' todos os dias. Que corrupio!

Que energia contagiante têm estes dois durientes. Como se a boa conversa, a simpatia, a generosidade e a atenção ao detalhe - tratam-nos como se fôssemos da família, oferecendo tudo o que têm sem restrições com um prazer incrível em bem receber - não bastassem, a comida e, por Deus, a bebida é divinal. Um apelo aos sentidos humanos mais apurados.

Na Casa da Dona Maria da Luz não há cerimónias
. O vinho escorre sem parar. Veio das vinhas e da adega da própria casa até à mesa. É divinal. Como só os bons vinhos do Porto o são. E se a garrafa está perto de terminar, há logo outra a chegar, aqui não se admite copo de vinho vazio (à descrição). A última refeição foi um bacalhau com broa e batata a murro tostadinha divinal. De saborear garfada a garfada, com os sabores bem vivos e enfatizados com o soberbo azeite do Douro, feito por ali, a acompanhar.

Os convites para ir para a sala comum, perto da lareira, e beber um porto aperitivo acontecem assim que chegamos. A grande mesa de família é onde comem todos os hóspedes, seja qual for a nacionalidade, crença religiosa ou preferência gastronómica. Todos são bem vindos, desde que venham por bem.

Não é uma questão de dinheiro ou de venda ou comércio, aqui somos da casa, sentimo-nos em casa e a comida e bebida é como se nascessem das paredes e viessem sempre confeccionados de um modo divinal. Nunca nos sentimos clientes, mas convidados de um local que tem muito de paraíso e a dona Maria da Luz e o seu Artur são anjos a facilitarem-nos a vida.

A ajudar a este ramalhete está a beleza natural da zona, as vistas dos quartos para o rio Douro e para as escadas de vinha e as boas condições (até tem piscina) desta casa burguesa do século XIX com mistura entre palacete e casa rural, inclusive com um quarto de xisto peculiar.

Até a história da casa de arquitectura burguesa rural tem um encanto especial. Foi construída em 1814 pelos Pacheco, uma família militar galega, que tinha as vinhas da Quinta da Corte e do Panascal e vivia na casa de Valença do Douro, bem perto das quintas. A Dona Maria da Luz e o senhor Artur eram os caseiros da Casa Cimeira, desde os anos 80 (se não estou em erro).

Depois de muitos anos a tomar conta da Casa Cimeira, perante as ordens "rígidas, ao estilo militar" do último dos Pacheco, começaram a construir a sua própria casa. Quis o destino que depois de vários anos a tentar terminar o seu lar, tiveram uma surpresa: o último dos Pacheco morreu e, por não ter família directa, deixou-lhes a Casa da Cimeira e alguns terrenos. "O senhor podia ter dito alguma coisa... mas nunca nos disse nada", diz a Dona Maria da Luz.

Do dinheiro das vinhas foi possível investir e tornar a Casa Cimeira simpática para hóspedes, com piscina, um total de seis quartos e boas condições - que jeito dá o ar condicionado no frio da zona do Douro nesta altura do ano. A vista incrível já existia e mantiveram-se os quadros da família Pacheco, bem como os livros centenários, a decoração e toda a história da Casa, a mesma que a Dona Maria da Luz gosta de contar.


Obrigado por tudo, especialmente pela generosidade rara e por serem genuínos. Queremos voltar em breve.

"Não há problemas, só soluções", diz o senhor Artur. Ele e a Maria da Luz são facilitadores.

domingo, fevereiro 15, 2015

em construção eterna - los angeles

(escrito em 2009)

Em dois dias vi dois filmes passados em Los Angeles, onde revi locais por onde passei na minha curta passagem por lá há uns meses. Caça Polícias e Dia dos Namorados. E ainda vi a referência a outro filme por LA - Beverly Hills, Hollywood -, Pretty Woman.
No enorme amontoado de cidades que é Los Angeles, onde o carro é o único meio de transporte decente e onde as colinas estão cheias de casas de estrelas e a planície está cheia de memórias cinematográficas, apetece alugar o carro típico e fazermo-nos à estrada até San Francisco. Dizem que o cenário é parecido com a costa portuguesa, curiosamente está virada para o mesmo lado (oeste), só que para outro oceano, o Pacífico.
A Terra das Oportunidades, onde logo no aeroporto há referências às profissões ligadas ao showbiz, começa de forma humilde para muitos. Nos roteiros turísticos não falta referências à casa de frangos onde Brad Pitt se chegou a vestir de frango antes de ter sucesso como actor, ou outros locais modestos onde outros tantos actores trabalharam. Depois há aqueles que nunca passaram de empregados de mesa e actores wannabe.

As estradas são longas, as auto-estradas e vias rápidas muito largas, com cinco e seis faixas, os carros luxuosos nas cidades como Beverly Hills e Hollywood (mas também se vêem pick-ups pobres nestas zonas finas)...

jeepers creepers



Jeepers creepers, where you get those peepers.
De um filme de terror para a minha memória ;)

quarta-feira, fevereiro 04, 2015



"Hate harms the hated, but it destroys the hater.”


Jonathan Sacks, filósofo e académico do judaísmo, WSJ

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

colhe o dia, porque és ele - carpe diem versão Pessoa


Colhe o Dia, porque És Ele
Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.



Ricardo Reis, in "Odes"

me stephen, you jane. a vida dos Hawking com e sem ELA

A Teoria de Tudo. A Theory of Everything. 

23 janeiro. 
A arte imita a vida. Esta podia ser a máxima da edição dos Óscares deste ano, com cinco dos oito filmes nomeados para a categoria mais desejada a serem histórias reais. É esse o caso deste A Teoria de Tudo (nomeado para melhor filme, ator, atriz, guião adaptado e banda sonora), onde acompanhamos a vida em comum de Jane e o físico Stephen Hawking, desde os tempos da universidade, onde Stephen descobre que tem a doença degenerativa ELA (esclerose lateral amiotrófica).

É ainda enquanto jovem estudante, apaixonado por Jane, que ele descobre não só que tem esta doença como vai deixar de conseguir controlar o seu próprio corpo, incluindo a fala, e tem uma esperança média de vida de dois anos.

Como todos os bons filmes, esta história real tem o condão de nos deixar a pensar, imaginar e questionar a vida tão peculiar e rica que vimos passar em duas horas de filme. De uma situação impossível houve esperança, tal como diz Hawking a certa altura. E houve esperança nos anos de vida que vemos passar em filme, mas esperança com dificuldades incríveis, períodos sombrios, algum egoísmo próprio dos humanos e momentos brilhantes seja para a física como para as vidas daquelas pessoas.


Muito bem realizado por James Marsh, com conta peso e medida, as interpretações são notáveis num filme emotivo q.b.. Eddie Redmayne é cativante e brilhante como Hawking e é acompanhado na perfeição por Felicity Jones como Jane. A ver.