sábado, fevereiro 21, 2015

a margem errada... do douro

Por algum motivo estranho sempre que fui ao Douro percorri sempre a zona pela margem Sul do rio. Aconteceu isso quando passei por lá com os meus pais nos anos 90, repetiu-se o mesmo há uns dois anos quando fui ao Douro - fiquei no Pinhão - em trabalho e voltou a acontecer a semana passada, em lazer... Só que neste regresso recente tomei a liberdade (com influências conjugais) de passar para o lado Norte para passear desse lado ao longo do Douro.

Foi nesse sábado 14 de fevereiro que percebi porque até ali tinha andado sempre pela margem Sul. A lado Norte é um deserto de trânsito, em contraste claro com as estradas do lado Sul. Boas notícias, certo? Errado. As estradas estão vazias porque estão em bem pior estado, são mais estreitas e entram serra adentro e serra para fora de uma forma bem mais violenta e dura do que no lado Sul. Em vez de estradas novas e curvas moderadas ali junto ao rio, de forma relativamente plana, no lado Norte subimos, descemos, e curvamos de dúzia de metros em dúzia de metros. A paisagem tem zonas bem bonitas e... altas, mas são poucas e não valem todo o esforço.

Vale pela experiência e com um bom carro nas mãos, equilibrado, um motor capaz, uma direcção directa e que transmite bem as sensações da estrada até nos podemos divertir pelas curvas. Pena algumas estradas de dois sentidos só terem espaço para um carro e incluirem curvas cegas... ou seja... convém não abusar na velocidade (pena!) porque na possibilidade remota de encontrarmos um outro carro (em mais de 30 quilómetros 'lentos' de serra só encontrei três e eram de locais) em zona proibitiva, o mais provável e descermos à força entre 50 a 300 metros para um banho no Douro.

Na margem Norte do Douro chegamos a perder a vista ao próprio Douro, tal é o desvio que certas serras nos obrigam a fazer para o interior. Passado um pouco já estamos novamente ao pé do rio, mais acima na serra ou mais abaixo, junto ao rio. Chega a haver nesta estrada principal parte de terra, tal é a qualidade do piso. Passamos por umas quantas aldeolas onde reina a calma e mal se vê gente na rua. Todos olham para os forasteiros que por ali passam. Devem pensar: 'o que é que estes totós vêem fazer para esta margem do rio?' O facto do carro ser de cor azul marinho claro (ou Blue Magnetic) e ter um aspecto peculiar e pouco visto naquelas partes também deve contribuir para tantos olhares.

Para ser justo do lado Norte também há quintas de vinho do Porto e algumas delas, pelo menos uma, tem um restaurante de luxo, com aqueles  preços proibitivos. Chegados ao Peso da Régua, suspiramos de alívio... demorou, curva a curva, subida a descida, entrada pela cordilheira adentro e para fora, mas chegámos a bom porto. Na Régua já há boas hipóteses para o muito desejado e apetecido almoço (sem ser com preços de 50 euros por pessoa). A barriga já dá horas. O caminho de volta? Esse é inevitavelmente feito pela margem Sul, onde demoramos uma dúzia de minutos para percorrer a distância de rio que demorámos uma hora do outro lado. Lição aprendida, experiência acumulada e barriga cheia, como se quer. O Mini ajudou.

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