segunda-feira, agosto 31, 2015

mazagão :: à sombra da tamareira

À sombra da Tamareira 

À sombra da tamareira encontro meu refrigério,
cavo a minha trincheira aliso meu cemitério.
Aqui cheguei era alferes tinha goma no gibão,
vim defender as muralhas da praça de Mazagão,
À sombra da tamareira.
Há muito caiu Arzila, Mazagão treme e não cai,
vem o xerife de Fez faz o cerco e depois vai.
Tal como as águas de um lago o tempo deixou de correr,
mas jurei por Santiago que nunca me hei de render
À sombra da tamareira.
Nem sei bem quem é o Rei há muito não vem mensageiro
será que D. Sebastião já voltou do nevoeiro
ou ficou...
À sombra da tamareira. 

Vigio as areias ruivas faço o turno de atalaia
já cantou o muezzim não anda mouro na raia.
Sopra o vento do deserto recitando-me o Corão
Iadainha infame e bela sortilégio do Islão
À sombra da tamareira. 

Só a saudade me vence só o dever não me esquece
sou o fio que se esgaça na malha que o império tece
Aqui ganhei minha espada aqui ergui a bandeira
À sombra da tamareira. 

Nem sei bem quem é o Rei há muito não vem mensageiro
será que D. Sebastião já voltou do nevoeiro
ou ficou
À sombra da tamareira.

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