quarta-feira, setembro 15, 2004

sinais ecológicos



Branqueamento de corais, migrações intempestivas e florestas mortas são alguns dos muitos efeitos do aquecimento à escala planetária.

A ilha Biscoe é uma pequeno afloramento de rocha e gelo perdido no meio da épica paisagem da região ocidental da península Antárctica. Sobre a ilha ergue-se o enorme glaciar Marr Ice Piedmont, ligado ao monte Français de 2.760m de altura. As águas azuis do mar de Bellingshausen encontram-se salpicadas de icebergues e raiadas de gelo marinho. Num dia límpido de Verão, toda a paisagem – água, gelo e rocha – refulge, cintilante. Em 23 dos últimos 30 anos, o ecologista Bill Fraser visitou a península Antárctica – um dedo de terra com 1.300 km que se prolonga na direcção da América do Sul. Fraser garante que a única coisa inalterada é a paisagem esplendorosa. Terra, mar, seres vivos, tudo o que existe neste canto da Antárctida está a mudar devido a um dos mais rápidos aquecimentos da Terra: ao longo dos últimos 30 anos, as temperaturas médias de Inverno subiram quase 5,5° C nesta região.

A mais perceptível alteração tem sido o recuo do glaciar Marr. No entanto, aquilo que mais preocupa Fraser – que veio para a Antárctida em busca de aventura e solidão e para preparar um doutoramento em aves polares – é o efeito do aquecimento sobre os pinguins-de-adélia, objecto de trabalho da sua vida. Num dia de Janeiro, no pico do Verão antárctico, eu e Fraser trepámos a um promontório da ilha Biscoe para recensear uma colónia vizinha de pinguins, uma extensão de ninhos de seixos manchados de cor de tijolo avermelhada devido ao guano. Os pinguins entravam e saíam do oceano numa única fila, transportando krill (semelhante a camarões) para alimentar as centenas de curiosas crias pubescentes que tinham permanecido em terra.
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