Um tipo que conheço e foi meu colega (não tem/usa o Fb) estava focado há uns tempos em fazer um artigo sobre a possibilidade de vivemos numa simulação - tipo Matrix, isso mesmo. O tema é fascinante e permite várias abordagens. Essa possibilidade fascina-me desde 1999. Ano, precisamente, onde duas pérolas notáveis do cinema nos fizeram pensar por uns minutos que, de facto, vivemos de alguma forma numa simulação - ou, quisermos, que podemos estar a viver uma vida que não é bem real. E se pensar bem no tema, até acrescento um terceiro filme desse mesmo ano de 99 que toca em algo semelhante, com um belo twist explosivo no final. Não vou dizer os nomes, se chegaram até aqui adivinhem porra - e se não adivinharem, o que é que interessa isso na espuma dos dias (cliché ✅).
Serve isto para dizer que... já me perdi um pouco... Por um lado que tenho algumas saudades das conversas filosóficas e também antagónicas de quem tem experiências diferentes de mundo. Por outro que o tema da simulação me fascina não tanto por achar que vivemos mesmo numa simulação mas que o nosso tempo na Terra é tão curto quanto longo, tão bizarro e aparentemente fruto de tantos acasos naturais quando divinal, poético ou mágico. Nós somos uma espécie de anomalia no sistema (de planetas, estrelas e afins), tal como a anomalia no Matrix que permitia a alguns perceber toda a simulação. Estamos muito sozinhos neste mundo de uma certa consciência, numa certa dimensão de espaço e tempo a que chamamos universo atual.
O tema de ‘vivemos numa simulação’ fica muito próximo, para mim, do tema ‘quem somos, quem nos meteu cá, para onde vamos’ e quão insignificantes somos num oceano de vidas e de níveis de pensamento e inteligência diferentes. Ainda não se descobriu vida por aí fora, quando mais vida inteligente. Como é que a vida extra-terrestre parece ser ainda uma miragem tão grande. Depois de tanto tempo na adolescência fascinado com as teorias de extra terrestres a andarem entre nós, começo a perder a esperança de ver vida fora da anomalia que é a Terra (a ausência de parágrafos é intencional, para dificultar a leitura). Já a possibilidade de vivermos numa simulação ou de sermos uma experiência de extra-terrestre de qualquer espécie - com conceitos de espaço e de tempo diferentes do nosso - pode bem manter-se real, à espreita. Contraditório? Talvez. Quem diz que os pensamentos/devaneios (adoro a palavra) noturnos pseudo-filosóficos de um quase quarentão de metro e meio, careca, lontra e felpudo têm de ser coerentes.
We’re only human (primeiro estrangeirismo, desculpem). Ou melhor, porra, somos humanos e pensamos tanto que se torna mais fácil de especular e conjecturar e, claroooooo, errrrrrraaaaarrrrrrr (desculpem novamente, desta vez por um joacismo inadvertido inicialmente, diga-se). Há mais de uma década (quase duas décadas, na verdade) tinha um espaço online no tempo dos blogues ocasionais que eram visto por meia dúzia de pessoas, que era só de devaneios e pensamentos avulso sobre a ahrte e dificuldade de ser humano e pensar na vida, no passado, num momento lixado (usei esta rima durante anos). Não era assinado, o que nos tempos atuais é a melhor forma de escrever. Ainda está on-line (não vale sequer a pena tentar descobrir - não, não sou eu o Pipi do Meu Pipi, porra (não era sexual), toda a gente sabe que é o RAP. Saudades desses tempos em que me obrigava a escrever devaneios (et voilá) que passavam pela tola, em que vivia mais (dentro de mim) e tinha mais vezes pensamentos deste tipo que precisava de escrever para tirar algum sentido das coisas - e até me libertar um pouco deles.
A noite é companheira dos pensamentos. Estima-os mais porque o horizonte está escuro e focamo-nos mais ainda em nós mesmos. Mesmo percebendo que quando olhamos o céu estrelado noturno - bem mais do que o que acontece com a beleza do céu azul, do sol incandescente, do mar infinito - somos um grão na areia que é o universo. A noite deixa-nos, por isso, mais vulneráveis, mais sozinhos no universo, mais frios e menos protegidos pela intensidade solar (a vários níveis). A noite despe. Dito isto, estas palavras ficam aqui só uns momentos esta noite, depois passam a ser só para o meu futuro eu, aquele para o qual sempre escrevi muitas das tretas pseudo filosóficas noturnas ao longo dos anos - e escrevi em tempos muitas, acreditem (até poemas pseudo filosóficos). E ficam aqui de forma limitada porque, tal como a minha mãe sempre me disse sobre os meus pensamentos, devias guardá-los para ti, são estranhos. Tem toda a razão a minha mãe. Uma fofa. Sempre teve. Daí que sempre foram coisas que ficaram melhor anónimas. Sem nome. Perdidas no universo cibernético que criámos para substituir o universo em que em que o nosso corpo vive. Daí que filmes mais recentes como Her, Chappie ou Interstellar - junto também Inception e Cloud Atlas (procurem, vejam, bandalhos) - nos mostrem formas diferentes de vivemos mesmo numa espécie de simulação de qualquer espécie, ou pelo menos estarmos a criar uma para nós. Fazer download da mente, viver nessa rede que é a cloud/internet é em tudo semelhante ao imaginado em Matrix pelos bizarros irmãos Wachowski - inspirados, decerto, por tipos escritores bizarros anteriores a eles como Philip K Dick, Aldous Huxley, Lewis Carroll, Jean Baudrillard (fui à Wiki para este).
Eu acho que 1999 queria-nos dizer alguma coisa, mas não ouvimos (ou ouvimos como quem vê um filme e segue a sua vida como se nada fosse) e seguimos para os 2000 e para a era da internet de folha estranhamente branca. Acho que tivemos outros avisos mais recentes como The Social Network, outro do Fincher, que não quisemos ouvir verdadeiramente. Foi um aviso de 2010, este. Tenho de admitir que The Social Network é muito mais forte como título do que A Rede Social. Acho que termino o devaneio - ok, isto já é abusar da palavra - por aqui. Vemo-nos por aí, ou talvez não, com tanto isolamento um tipo perde-se (fisicamente e online). Recordo (para mim) apenas duas conversas curiosas sobre temas semelhantes com um padre doutorado em ciências da computação e com o CTO da CloudFlare - empresa relevante no mundo da cloud, a base do que vemos na internet. Ambas feitas em ambientes que nos apressam muito - Building The Future e Web Summit - mas com muita calma e alguma instrospeção. Boa noite e, (vocês sabem(soubessem) o resto
Outros filme de 99 importantes para mim: Being John Malkovich e Magnolia - também tão bizarros quanto introspectivos e cativantes.
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domingo, março 29, 2020
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