Whiplash é uma espécie de um conto, realizado com um
pormenor, ritmo musical e quase cardíaco que nos empolga e mete na acção só com
a delícia que são os movimentos de câmara, os planos de pormenor dos batuques,
com cadência e vibração.
Em pleno e justo destaque está J.K. Simmons, o favorito na categoria de ator secundário para os Óscares, graças ao brilhante papel que desempenha neste filme que também é candidato a melhor filme.
O ator Miles Teller é um jovem estudante de bateria que embarca nesta viagem dura e sombria, onde a busca pela perfeição às mãos de um professor de jazz num conservatório (Simmons) assume contornos de abuso de poder e terror psicológico.
A banda sonora repleta de sons que apelam aos sentidos
(chega a parecer o bater do coração) é perfeita para a história a ser contada,
tal como se aconteceu com a banda sonora bizarra de Birdman.
Acompanhamos neste conto um jovem que quer ser o melhor
baterista que pode ser, um dos grandes, dos melhores. Pelo caminho, numa das
melhores escolas de jazz dos EUA, apanha um professor determinado em levar os
seus alunos para lá do que pensariam ser possível.
Ele busca génios à força, com sangue, suor e lágrimas
(literalmente), sem condescendência nem conversas moles ou inspiracionais. É
um instrutor militar do jazz com o objectivo de fazer com que todos se superem.
E quem não tem a ‘pele dura’ ou talento, depressa está fora
do seu esquadrão especial de corrida. A história faz-nos pensar neste mundo da
busca pela perfeição, da especialização. Da obsessão em ser o melhor, em fazer
mais, treinar mais, lutar mais, melhorar sempre – no filme há sempre espaço para
ser melhor, para atingir a genialidade.
Egos, exageros, obsessões pela perfeição estão ao rubro
neste filme peculiar, único e tão bem interpretado como realizado. É simples,
duro, rítmico, curto e brilhante.
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