Fiquei agora mesmo a saber que os portugueses influenciaram umas 500 palavras na Indonésia. Curioso.
terça-feira, março 30, 2010
sexta-feira, março 26, 2010
parvoíces
Um dos crimes mais recentes no mundo cibernético foi a compra do MySpace do portal de música imeem, que provocou que todos os sons colocados nesse depósito de sons (não era só música) fosse completamente eliminado, sem aviso, nem explicação. Os links colocados em blogues por esse mundo fora ficaram inutilizados e os outrora players mostram agora uma publicidade irritante e sem explicação.
Shame on you, YouRSpace.
Shame on you, YouRSpace.
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não parar e continuar a mudar
Muito obrigado i por me teres mostrado isto:
Pablo Neruda
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
Pablo Neruda
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young minds want to imagine
Quando tinha os meus 13 anos (início dos anos 90) fiquei fascinado por ficar a saber que podiam existir séries como esta: Lipstick on Your Collar. Infelizmente teve apenas seis episódios, mas cada um deles valeu a pena. E foi um dos primeiros grandes papéis de um actor chamado Ewan McGregor.
(aqui há mais um)
:: este post é dedicado a uma colega e amiga, que é grande fã do Ewan McGregor, e ficou chocada com o papel de gay com aspecto de "Ken" (o da Barbie), que ele faz no filme I Love Philip Morris , também com o Jim Carrey ::
(aqui há mais um)
:: este post é dedicado a uma colega e amiga, que é grande fã do Ewan McGregor, e ficou chocada com o papel de gay com aspecto de "Ken" (o da Barbie), que ele faz no filme I Love Philip Morris , também com o Jim Carrey ::
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o imaginário
The pleasure to write.
The excitment of talking to the 'eye' that as a big audience.
The focus on what your talking.
The will of giving something new, a fresh perspective.
The excitment of talking to the 'eye' that as a big audience.
The focus on what your talking.
The will of giving something new, a fresh perspective.
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há bola e golos, há ir e voltar
Sou o campeão a jogar à bola da minha rua. Do meu prédio, vá.
Levo a bonita soma de (estimativa muito pouco rigorosa) de 14 jogos consecutivos a vencer. Duas vitórias em futebol 7, as restantes em futebol 5. Futebol 7 é com um grupo de malta, futebol 5 foi em jogos divididos por outros dois grupos de malta. Equipa onde fico é equipa que ganha, mesmo quando jogo tão mal que os meus gémeos começam a gritar por socorro, aquilo a que alguns chamam de cãibras (que raio de palavra, e que raio de dor, também). Hoje foi dia de matar saudades do belo 7 contra 7. O terreno estava ensopado para a prática do desporto rei - no caso deste jogo era mais o desporto pedinte. Os jogadores estavam motivados. Houve golos. Muitos minutos despendidos a ir jogar a bola a cascos de rolha, no meio de plantas variadas e luz diminuta. Houve lesões. Houve grandes defesas. Minutos gastos a ir buscar a bola a uma colina distante. Remates sem nexo. Mais bolas perdidas. Rasgos de génio. Golpes de sorte (e de rins). E muita bola.
Para concluir a noite. um dos momentos que mais gozo me dá depois de uma futebolada: Vir a conduzir para casa pelas ruas e vias desertas, a ouvir boa música alto quanto baste e a desfrutar do cansaço físico e da condução.
Para a semana, se tudo correr bem, há mais.
Levo a bonita soma de (estimativa muito pouco rigorosa) de 14 jogos consecutivos a vencer. Duas vitórias em futebol 7, as restantes em futebol 5. Futebol 7 é com um grupo de malta, futebol 5 foi em jogos divididos por outros dois grupos de malta. Equipa onde fico é equipa que ganha, mesmo quando jogo tão mal que os meus gémeos começam a gritar por socorro, aquilo a que alguns chamam de cãibras (que raio de palavra, e que raio de dor, também). Hoje foi dia de matar saudades do belo 7 contra 7. O terreno estava ensopado para a prática do desporto rei - no caso deste jogo era mais o desporto pedinte. Os jogadores estavam motivados. Houve golos. Muitos minutos despendidos a ir jogar a bola a cascos de rolha, no meio de plantas variadas e luz diminuta. Houve lesões. Houve grandes defesas. Minutos gastos a ir buscar a bola a uma colina distante. Remates sem nexo. Mais bolas perdidas. Rasgos de génio. Golpes de sorte (e de rins). E muita bola.
Para concluir a noite. um dos momentos que mais gozo me dá depois de uma futebolada: Vir a conduzir para casa pelas ruas e vias desertas, a ouvir boa música alto quanto baste e a desfrutar do cansaço físico e da condução.
Para a semana, se tudo correr bem, há mais.
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terça-feira, março 23, 2010
godfather
"Just when you think your out, they pull you back in"
O Padrinho III.
Um belo filme que concluiu uma das minhas sagas preferidas de sempre e que passou numa destas noites nesse interessante canal que, por vezes, consegue ser o Hollywood.
Curioso perceber que os meus conhecimentos da Sicília e da máfia italiana nos Estados Unidos está tão intrincamente ligada à saga O Padrinho.
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cinema
quarta-feira, março 17, 2010
the special one always wins at the bridge
José Mourinho visto na imprensa inglesa.
"Egotistical, cynical and brilliant. Welcome back, Jose Mourinho"
So now Chelsea know what it is like to be Mourinho’d. To face a team wound up to manic heights of intensity. To hit a brick wall of organisation.
Welcome back, José. Egotistical, cynical and brilliant. A few Chelsea fans cursed his name as they faced up to defeat and another failure in the Champions League last night, but it was the bitterness of envy. They would have him back tomorrow.
O The Guardian começou o relato do jogo assim:
"I am happy to provide you, dear reader, with a simple resumé of what we'll be watching from Stamford Bridge: 22 irrelevant players. One irrelevant ball. An irrelevant referee. A lot of irrelevant people in the stands. An irrelevant manager. 90 minutes, and possibly mor...e, of utterly irrelevant football. And Jose Mourinho."
Terminou-o assim: José Mourinho's tactical brilliance meant Inter left Chelsea in pieces, assim José Mourinho returned to make one last mark on Chelsea's history e assim.
O mesmo jornal destacou um fotógrafo para fotografar Mourinho durante o jogo.
O Telegraph diz:
"Still the Special One. Still the king of Stamford Bridge. Still the tactical grand master. Jose Mourinho, Inter’s inspiration, orchestrated Chelsea’s first home defeat in the Champions League in 22 games, sending his old club crashing out of the competition that Carlo Ancelotti was so expensively brought in to win."
O Special One falou assim no final.
É a primeira vez que o Inter ou uma equipa italiana se qualificam para os quartos-de-final desde 2005/06. As últimas vezes que equipas italianas foram a Inglaterra vieram de lá goleadas.
"Egotistical, cynical and brilliant. Welcome back, Jose Mourinho"
So now Chelsea know what it is like to be Mourinho’d. To face a team wound up to manic heights of intensity. To hit a brick wall of organisation.
Welcome back, José. Egotistical, cynical and brilliant. A few Chelsea fans cursed his name as they faced up to defeat and another failure in the Champions League last night, but it was the bitterness of envy. They would have him back tomorrow.
O The Guardian começou o relato do jogo assim:
"I am happy to provide you, dear reader, with a simple resumé of what we'll be watching from Stamford Bridge: 22 irrelevant players. One irrelevant ball. An irrelevant referee. A lot of irrelevant people in the stands. An irrelevant manager. 90 minutes, and possibly mor...e, of utterly irrelevant football. And Jose Mourinho."
Terminou-o assim: José Mourinho's tactical brilliance meant Inter left Chelsea in pieces, assim José Mourinho returned to make one last mark on Chelsea's history e assim.
O mesmo jornal destacou um fotógrafo para fotografar Mourinho durante o jogo.
O Telegraph diz:
"Still the Special One. Still the king of Stamford Bridge. Still the tactical grand master. Jose Mourinho, Inter’s inspiration, orchestrated Chelsea’s first home defeat in the Champions League in 22 games, sending his old club crashing out of the competition that Carlo Ancelotti was so expensively brought in to win."
O Special One falou assim no final.
É a primeira vez que o Inter ou uma equipa italiana se qualificam para os quartos-de-final desde 2005/06. As últimas vezes que equipas italianas foram a Inglaterra vieram de lá goleadas.
strakar à prova
A mais recente aventura de emot no TV Turbo, com a nova Mitsubishi Strakar, numa apresentação pela Andaluzia e pela Mina de São Domingos. Muita lama e afins. A imagem está um pouco esticada, porque ficou em 16:9. A bela filmagem (obtida à custa de uma grande molha com lama à mistura) é do grande Pedro Lopes, a edição é da Paula Santos.
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domingo, março 14, 2010
o discurso caldense
Fernando Costa, presidente da câmara das Caldas da Rainha há 24 anos, incendeia por completo o Congresso do PSD.
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sexta-feira, março 12, 2010
quinta-feira, março 11, 2010
domingo, março 07, 2010
the ten basterds
Vistos oito filmes dos 10 nomeados na categoria de Melhor Filme para os Oscars, já tenho certezas do meu preferido, mas dúvidas sobre quem será o vencedor. É legítimo dizer que a novidade dos 10 filmes (já não acontecia há mais de 60 anos) na categoria mais apetecida, apenas trouxe a vantagem de filmes com tom de comédia, grandes produções de muitos efeitos ou mesmo filmes mais independentes ou mesmo mais simples mas bem contados poderem aparecer na lista. A nível de filmes inesquecíveis este não foi um grande ano e por isso a lista não é arrebatadora.
Por outro lado, nos Estados Unidos (e não só), a 'luta' de favoritos será entre o ex-casal de realizadores. De um lado James Cameron (e o seu Avatar em 3D recordista mundial em bilheteira e em público - suplantando o recorde de Titanic, também de Cameron). Do outro a sua ex-mulher Katherine Bigelow (no extremo oposto, Estado de Guerra, um filme de guerra - no Iraque - muito simples e repleto de subtilezas). No meio destas relações este site espanhol mostra as relações cinematográficas e não só entre os nomeados dos Oscars.
Eu, por cá, apostaria que, se a Academia se mantiver fiel ao seu passado, não dará o prémio nem a um (Avatar vive demais dos efeitos e é pobre e quadrado demais na história de nos entrega para um prémio destes), nem a outro (Estado de Guerra é bem feito, mas simples de mais a nível de narrativa para ter a força que um prémio destes merece). Acho que a força e paixão que um filme como Precious transmite (pese embora seja independente e tenha começado por baixo - mas isso, como se viu em Crash, já não quer dizer nada) torna-o um forte candidato.
Na lista de nomeações sem hipóteses colocaria:
Distrito 9. O filme de Neill Blomkamp produzido por Peter Jackson já tem um belo prémio com a nomeação pela forma arriscada, mas que resulta, como repensou o género dos extra-terrestres ou ficção científica, com uma analogia ao apartheid numa espécie de documentário que primeiro se estranha e depois de entranha.
Up - Altamente. Uma animação na lista dos 10? Up merece. Um belo filme, bem feito e muito bem escrito e cuidado que está longe de ser um filme só para crianças.
The Blind Side (Um Sonho Impossível). A interpretação de mulher teimosa e determinada de Sandra Bullock coloca o filme, com uma bela e bem contada história, num patamar superior. Está por mérito próprio na lista mas dificilmente levará nesta categoria a estatueta que Walt Disney um dia chamou carinhosamente de Oscar - depois disso pegou, até hoje. Já de Sandra não tenho tantas certezas... mas a jovem Gabourey Sidibe (que se estreou como actriz em Precious e convenceu!) parece ser a favorita. No entanto eu daria o Oscar a Mrs. Bullock (o seu primeiro na sua primeira nomeação).
An Education. O filme britânico parece destoar no meio de tantos norte-americanos. Tal como A Serious Man, é o outro que não vi da lista de 10. Este drama passado nos anos 1960 em Londres baseado em factos verídicos, tal como The Blind Side, parece ter bons argumentos, mas não os suficientes para vencer.
A Serious Man. A nova comédia negra dos Coen sobre um professor em crise pessoal que se torna existencial, dizem alguns que viram, não está ao nível do excelente Este País Não é Para Velhos, pelo que também terá poucas hipóteses.
Dito tudo isto, posso concluir para comigo mesmo que sobra-me um belíssimo filme, que me enche as medidas, que consegue surpreender, fazer sorrir, preocupar, assustar, recordar história da humanidade, história pessoal e arriscar em temas complicados. Repleto de ironia e com belas interpretações - especialmente a do outrora desconhecido e ex-companheiro de apartamento de Joaquim de Almeida e, para mim, favorito ao Oscar de Melhor Secundário, Christoph Waltz -, este é o filme que reúne o maior número de condimentos Oscarizáveis. O seu slogan é:
Once upon a time in Nazi occupied France...
E o (meu) Oscar vai para:
Inglourious Basterds (Sacanas Sem Lei)
O mesmo poderia dizer no Oscar de Melhor Realizador: Quentin Tarantino. O seu filme foi o primeiro da lista de 10 que vi, mas não caiu no esquecimento e parece-me a melhor escolha.
Uma frase no filme da coronel nazi interpretado Christoph Waltz que ficou no ouvido:
Entre domingo e segunda todos descobriremos.
Por outro lado, nos Estados Unidos (e não só), a 'luta' de favoritos será entre o ex-casal de realizadores. De um lado James Cameron (e o seu Avatar em 3D recordista mundial em bilheteira e em público - suplantando o recorde de Titanic, também de Cameron). Do outro a sua ex-mulher Katherine Bigelow (no extremo oposto, Estado de Guerra, um filme de guerra - no Iraque - muito simples e repleto de subtilezas). No meio destas relações este site espanhol mostra as relações cinematográficas e não só entre os nomeados dos Oscars.
Eu, por cá, apostaria que, se a Academia se mantiver fiel ao seu passado, não dará o prémio nem a um (Avatar vive demais dos efeitos e é pobre e quadrado demais na história de nos entrega para um prémio destes), nem a outro (Estado de Guerra é bem feito, mas simples de mais a nível de narrativa para ter a força que um prémio destes merece). Acho que a força e paixão que um filme como Precious transmite (pese embora seja independente e tenha começado por baixo - mas isso, como se viu em Crash, já não quer dizer nada) torna-o um forte candidato.
Na lista de nomeações sem hipóteses colocaria:
Distrito 9. O filme de Neill Blomkamp produzido por Peter Jackson já tem um belo prémio com a nomeação pela forma arriscada, mas que resulta, como repensou o género dos extra-terrestres ou ficção científica, com uma analogia ao apartheid numa espécie de documentário que primeiro se estranha e depois de entranha.
Up - Altamente. Uma animação na lista dos 10? Up merece. Um belo filme, bem feito e muito bem escrito e cuidado que está longe de ser um filme só para crianças.
The Blind Side (Um Sonho Impossível). A interpretação de mulher teimosa e determinada de Sandra Bullock coloca o filme, com uma bela e bem contada história, num patamar superior. Está por mérito próprio na lista mas dificilmente levará nesta categoria a estatueta que Walt Disney um dia chamou carinhosamente de Oscar - depois disso pegou, até hoje. Já de Sandra não tenho tantas certezas... mas a jovem Gabourey Sidibe (que se estreou como actriz em Precious e convenceu!) parece ser a favorita. No entanto eu daria o Oscar a Mrs. Bullock (o seu primeiro na sua primeira nomeação).
An Education. O filme britânico parece destoar no meio de tantos norte-americanos. Tal como A Serious Man, é o outro que não vi da lista de 10. Este drama passado nos anos 1960 em Londres baseado em factos verídicos, tal como The Blind Side, parece ter bons argumentos, mas não os suficientes para vencer.
A Serious Man. A nova comédia negra dos Coen sobre um professor em crise pessoal que se torna existencial, dizem alguns que viram, não está ao nível do excelente Este País Não é Para Velhos, pelo que também terá poucas hipóteses.
Dito tudo isto, posso concluir para comigo mesmo que sobra-me um belíssimo filme, que me enche as medidas, que consegue surpreender, fazer sorrir, preocupar, assustar, recordar história da humanidade, história pessoal e arriscar em temas complicados. Repleto de ironia e com belas interpretações - especialmente a do outrora desconhecido e ex-companheiro de apartamento de Joaquim de Almeida e, para mim, favorito ao Oscar de Melhor Secundário, Christoph Waltz -, este é o filme que reúne o maior número de condimentos Oscarizáveis. O seu slogan é:
Once upon a time in Nazi occupied France...
E o (meu) Oscar vai para:
Inglourious Basterds (Sacanas Sem Lei)
O mesmo poderia dizer no Oscar de Melhor Realizador: Quentin Tarantino. O seu filme foi o primeiro da lista de 10 que vi, mas não caiu no esquecimento e parece-me a melhor escolha.
Uma frase no filme da coronel nazi interpretado Christoph Waltz que ficou no ouvido:
I love rumors! Facts can be so misleading, where rumors, true or false, are often revealing.
Entre domingo e segunda todos descobriremos.
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sábado, março 06, 2010
quarta-feira, março 03, 2010
granado disse adeus ao público
Lamentações de um ex-estudante de jornalismo: nunca ter tido aulas com o António Granado.
Atravessei o curso da Nova numa altura em que ele não estava a dar aulas e, logo após o fim da licenciatura, no estágio no Público, Granado estava ausente do jornal, acho que estava a fazer um doutoramento nos Estados Unidos.
Conheci-o ainda estudante de jornalismo. Mesmo sem ser meu professor, ele foi a minha fonte de inspiração para a minha primeira reportagem para uma cadeira de Géneros Jornalísticos, com o Mário Mesquita. Em cima da mesa tinha duas ideias, um perfil (sobre o Miguel Sousa Tavares) ou uma reportagem, onde o tema dos estagiários de jornalismo (da própria classe à qual achava que queria pertencer) me cativava. O professor Mário Mesquita, que conhecia bem o Miguel Sousa Tavares e até tinha estórias dele de quando era miúdo, achava que era muito complicado eu fazer um perfil dele, porque seria quase impossível conseguir uma entrevista desta âmbito.
Eu era jovem, idealista e teimoso (às vezes ainda sou assim) e achei que tinha, no mínimo de tentar. Era o 3.º ano de faculdade e fui, pela primeira vez na minha vida, às instalações do Público (morava lá ao pé mas nunca tinha entrado), para tentar falar com alguém que me dar dicas do Miguel Sousa Tavares e o respectivo contacto.
Falei por telefone, da recepção, com uma ou duas pessoas, a explicar ao que ia (um miúdo chato a fazer um trabalho para a faculdade) e o telefone acabou por ir parar ao António Granado. Expliquei-lhe a ideia do perfil e ele disse-me que isso era muito complicado. Mas mandou-me subir. Nas próximas três horas estive sentado ao lado dele na sua secretária, onde ostentava com orgulho no desktop do computador fotos dos filhos, e tive o meu primeiro vislumbre do que era a profissão onde me queria meter. Sem floreados, mas sim com muita sinceridade.
Tirou-me da cabeça a ideia complicada do perfil ao Sousa Tavares e deu-me muito material para a reportagem sobre o cenário negro dos estagiários de jornalismo naquela altura (que reflectia a profissão). Mais do que isso, sem ser meu professor mas tendo leccionado na minha universidade (voltou passado uns tempos e continua por lá), deu-me dicas preciosas (pena não terem vindo logo no primeiro ano de faculdade), explicou-me quais deveriam de ser as prioridades de um jornalista, os passos certos para chegar à profissão e até a forma correcta de "montar" uma boa história e uma reportagem.
Foi uma aula completa, com direito a pausas para tratar de assuntos da edição, ou com o José Manuel Fernandes ou o Nuno Pacheco..., e eu ali, puto, a achar tudo aquilo o máximo... a achar incrível como a minha teimosia e espírito de missão me tinham levado até àquela situação, que causaria inveja a todos os meus colegas.
Confesso que nem tudo aquilo que o António Granado me quis ensinar naquela tarde, foi assimilado à primeira, foi preciso meter as mãos no trabalho diário para perceber, assimilar, mas foi uma porta que se abriu. Aprendi mais naqueles minutos do que em anos de curso. Senti-me mais inspirado ali, na redacção do Público, do que em toda a licenciatura. Embora ele me tenha contado todas as dificuldades de acesso à profissão, os desafios muito difíceis na altura para os jornalistas, acho que foi ali que senti o empurrão final para seguir em frente.
Embora hoje continue a sentir alguma inveja ao ouvir colegas de curso de anos seguintes que falam maravilhas no professor António Granado que, na verdade, nunca tive enquanto tal, sinto-me um pouco reconfortado por ter tido aquela tarde de Público - um jornal que, à semelhança da TSF, foi dos sítios onde aprendi mais a fazer o que faço hoje.
Digo tudo isto, porque fiquei algo perplexo pelo António Granado ter saído no final de Fevereiro o jornal Público.
Adenda: Outra lição curiosa daquela tarde foi sobre as especializações. Percebi que não era necessário ser especialista em ciência para fazer a secção Ciência. Até porque, por um lado, um jornalista demasiado especialista iria ter tendência a escrever de forma a que ninguém percebesse. Alguém menos especialista, teria naturalmente de se informar, contactar inclusive especialistas para se inteirar de um tema, mas escreveria de forma mais simples para o leitor comum. Ele deu o exemplo da Ciência, porque aconteceu-lhe isso, foi parar à secção Ciência e evolui bastante aí embora não fosse, inicialmente, especialista na matéria. A base do jornalismo está ali. Não domina um assunto? Informa-se o máximo e melhor possível, e transmite a melhor informação do modo mais simples e perceptível para o leitor comum. Simples.
Atravessei o curso da Nova numa altura em que ele não estava a dar aulas e, logo após o fim da licenciatura, no estágio no Público, Granado estava ausente do jornal, acho que estava a fazer um doutoramento nos Estados Unidos.
Conheci-o ainda estudante de jornalismo. Mesmo sem ser meu professor, ele foi a minha fonte de inspiração para a minha primeira reportagem para uma cadeira de Géneros Jornalísticos, com o Mário Mesquita. Em cima da mesa tinha duas ideias, um perfil (sobre o Miguel Sousa Tavares) ou uma reportagem, onde o tema dos estagiários de jornalismo (da própria classe à qual achava que queria pertencer) me cativava. O professor Mário Mesquita, que conhecia bem o Miguel Sousa Tavares e até tinha estórias dele de quando era miúdo, achava que era muito complicado eu fazer um perfil dele, porque seria quase impossível conseguir uma entrevista desta âmbito.
Eu era jovem, idealista e teimoso (às vezes ainda sou assim) e achei que tinha, no mínimo de tentar. Era o 3.º ano de faculdade e fui, pela primeira vez na minha vida, às instalações do Público (morava lá ao pé mas nunca tinha entrado), para tentar falar com alguém que me dar dicas do Miguel Sousa Tavares e o respectivo contacto.
Falei por telefone, da recepção, com uma ou duas pessoas, a explicar ao que ia (um miúdo chato a fazer um trabalho para a faculdade) e o telefone acabou por ir parar ao António Granado. Expliquei-lhe a ideia do perfil e ele disse-me que isso era muito complicado. Mas mandou-me subir. Nas próximas três horas estive sentado ao lado dele na sua secretária, onde ostentava com orgulho no desktop do computador fotos dos filhos, e tive o meu primeiro vislumbre do que era a profissão onde me queria meter. Sem floreados, mas sim com muita sinceridade.
Tirou-me da cabeça a ideia complicada do perfil ao Sousa Tavares e deu-me muito material para a reportagem sobre o cenário negro dos estagiários de jornalismo naquela altura (que reflectia a profissão). Mais do que isso, sem ser meu professor mas tendo leccionado na minha universidade (voltou passado uns tempos e continua por lá), deu-me dicas preciosas (pena não terem vindo logo no primeiro ano de faculdade), explicou-me quais deveriam de ser as prioridades de um jornalista, os passos certos para chegar à profissão e até a forma correcta de "montar" uma boa história e uma reportagem.
Foi uma aula completa, com direito a pausas para tratar de assuntos da edição, ou com o José Manuel Fernandes ou o Nuno Pacheco..., e eu ali, puto, a achar tudo aquilo o máximo... a achar incrível como a minha teimosia e espírito de missão me tinham levado até àquela situação, que causaria inveja a todos os meus colegas.
Confesso que nem tudo aquilo que o António Granado me quis ensinar naquela tarde, foi assimilado à primeira, foi preciso meter as mãos no trabalho diário para perceber, assimilar, mas foi uma porta que se abriu. Aprendi mais naqueles minutos do que em anos de curso. Senti-me mais inspirado ali, na redacção do Público, do que em toda a licenciatura. Embora ele me tenha contado todas as dificuldades de acesso à profissão, os desafios muito difíceis na altura para os jornalistas, acho que foi ali que senti o empurrão final para seguir em frente.
Embora hoje continue a sentir alguma inveja ao ouvir colegas de curso de anos seguintes que falam maravilhas no professor António Granado que, na verdade, nunca tive enquanto tal, sinto-me um pouco reconfortado por ter tido aquela tarde de Público - um jornal que, à semelhança da TSF, foi dos sítios onde aprendi mais a fazer o que faço hoje.
Digo tudo isto, porque fiquei algo perplexo pelo António Granado ter saído no final de Fevereiro o jornal Público.
Adenda: Outra lição curiosa daquela tarde foi sobre as especializações. Percebi que não era necessário ser especialista em ciência para fazer a secção Ciência. Até porque, por um lado, um jornalista demasiado especialista iria ter tendência a escrever de forma a que ninguém percebesse. Alguém menos especialista, teria naturalmente de se informar, contactar inclusive especialistas para se inteirar de um tema, mas escreveria de forma mais simples para o leitor comum. Ele deu o exemplo da Ciência, porque aconteceu-lhe isso, foi parar à secção Ciência e evolui bastante aí embora não fosse, inicialmente, especialista na matéria. A base do jornalismo está ali. Não domina um assunto? Informa-se o máximo e melhor possível, e transmite a melhor informação do modo mais simples e perceptível para o leitor comum. Simples.
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os todos dias dias todos os todos os dias
todos os dias há pessoas que inspiram. todos os dias há aqueles que sugam a inspiração, que mais não seja por mera irritação.
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