sexta-feira, abril 10, 2009

o cinema moçambicano

Alexandra Lucas Coelho foi descobrir o cinema perdido de Maputo...



Em busca do cinema perdido em Maputo

05.04.2009, Alexandra Lucas Coelho, em Maputo
Esta é a aventura de Nuno, Miguel e do sr. Castigo entre milhares de carcaças de filmes no centro de Maputo. Um projecto pioneiro de cooperação com Portugal está a tentar salvar a memória do cinema em Moçambique
Cá fora são acácias e o começo do Verão, gente a chinelar no passeio, ar morno. Quando se vem da Baixa de Maputo, deixando o mar para trás, a Agostinho Neto é uma daquelas ruas em quadrícula, e o número 690 tem uma bandeira de Moçambique e letras vermelhas a dizer Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema (INAC).
Parece um edifício um pouco estafado mas inteiro, com uma carrinha estacionada e nenhuma aparência de drama.
Mas lá dentro há quartos sem tecto, salas incendiadas, cozinha e copas roídas pelo tempo e pelos ratos - e 20 a 25 mil latas ferrugentas, cheias de ácidos e de fungos, onde se guardou toda a história do cinema em Moçambique, desde o tempo colonial.
Foi nisto que mergulharam de cabeça, muitas vezes com máscara, os dois enviados da Cinemateca Portuguesa, Nuno Barbosa e Miguel Azevedo, e com eles, dia-a-dia, o moçambicano Cristalino Castigo, uma lenda da casa.
Nuno e Miguel ainda não tinham nascido quando aqui era a Casa das Beiras e Castigo estava ao serviço dos colonos que vinham jogar sueca e comer bifanas.
Agora trabalham os três juntos para que a memória literalmente não se apague, e o primeiro choque do visitante, esmagado por tanta carcaça de filme, é que isso parece uma missão impossível.


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