sexta-feira, março 06, 2009

diário de um forreta *

numa cidade de gastadores


Allegro. 13h50. Almoço no restaurante Alentejo. A decisão está tomada. Muitas refeições fora de casa esta semana e falta de sede levam a que esteja decidido a não levar bebida no tabuleiro. Será que vou conseguir? Numa sociedade consumista como esta, onde está tudo mais ou menos estipulado, será difícil.

Recebo o prato de bacalhau com natas e camarão. Tem bom aspecto. Dirijo-me para a parte das sobremesas e das bebidas.
O funcionário começa o inquérito temível: "Quer uma sobremesa?" Olho para os deliciosos pratos que pairam por ali, penso nos exageros de Natal, e digo que não. "E qual a bebida que prefere?", pergunta ele com a certeza de que vou consumir uma bebida. "Nenhuma, obrigado". Escusado será dizer que ficou com cara de parvo... até parece que lhe disse que a mãe dele era um belo pedaço de mulher.
Os três metros que se seguem são penosos. Os outros clientes, todos com bebidas, olham para o tabuleiro, apenas com um singelo prato de comida. Colocar as talheres no tabuleiro enche-o mais um pouco, mas não o suficiente. A estocada final vem no pagamento.

A senhora brasileira que atende as pessoas à minha frente está a ser muito sorridente e simpática, talvez me poupe. Puro engano. Inspecciona-me o tabuleiro com atenção em busca da bebida. "É só isto, sem bebida?", diz com uma cara séria e estupefacta. Olho à volta, vejo que todos os outros tabuleiros têm bebida, seja água, sumos ou cerveja e respondo, "sim, só o prato".

O tormento passou, mas quando levo o tabuleiro para uma das mesas noto em mais um ou outro olhar para o tabuleiro, sem bebida. Apreciada a refeição, constato: de facto não precisei de bebida. Olho para tabuleiros alheios e vejo refeições tomadas com garrafas de água ao lado ainda por abrir. Curioso. Chegado ao trabalho bebo água à borlix para compensar, enquanto como um delicioso cookie de caramelo do Starbucks (foi o preço da bebida).



* Aí está uma rubrica que me enche as medidas. Não me considero forreta, mas sim poupado quanto baste. Mas com há quem me ache forreta e o nome é mais óbvio, assim fica.

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