terça-feira, dezembro 23, 2008

o drama das faianças caldenses

Já existem cada vez menos fábricas de louça nas Caldas, mas com a possibilidade das Faianças Bordalo Pinheiro fecharem, é todo uma herança tradicional que corre ainda mais riscos tenebrosos. A minha Tia Teresa trabalhou na fábrica durante vários anos, na parte mais criativa. Vivi sempre com conhecimento claro que aquele era um símbolo das Caldas. Já há muito tempo que as Faianças andavam em grandes dificuldades. Depois do fim da Secla (onde a minha mãe comprava louça todos os anos, especialmente pelo Natal) este poderá ser o culminar de um ano muito negro. Pena que não existam organismos estatais, camarários, ou outros que possam salvar esta herança.
O meu apelo é simples: Salvem a louça das Caldas!!!



O Carlos Cipriano, sub-director da Gazeta das Caldas, professor, óptimo jornalista, especialista do Público em assuntos ferroviários e excelente pessoa escreveu o seguinte artigo do Publico.pt.





Faianças Bordalo Pinheiro cessam produção no fim do mês por falta de encomendas
A maior cerâmica caldense – as Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, Lda – pediu aos trabalhadores para suspenderem o seu contrato de trabalho por já não ter “uma única encomenda para o mês de Janeiro”, segundo o seu administrador, Jorge Serrano.
A empresa vai cessar a produção da fábrica que possui na zona industrial das Caldas da Rainha e que dá emprego a 150 trabalhadores, mantendo por enquanto a funcionar o espaço fabril secular que já vem do tempo do artista Rafael Bordalo Pinheiro, na zona histórica da cidade. Aqui, porém, só trabalham 17 pessoas e o seu administrador diz que os encargos são tantos que também esta parte da empresa não deverá sobreviver ao mês de Janeiro.
Já em Junho passado, a Secla, a maior indústria cerâmica das Caldas da Rainha, tinha também fechado a sua fábrica, que contava com 260 trabalhadores. As Faianças Bordalo Pinheiro são a última indústria deste sector, que ainda sobrevivia, e, curiosamente, foi também a primeira, dado que a empresa é herdeira da fábrica criada em 1884 pelo artista que lhe dá o nome.
Em Maio deste ano, perante uma primeira ameaça de insolvência, a câmara local interveio e comprou por 900 mil euros uma parte do edifício histórico onde Bordalo trabalhou. O objectivo era preservar a memória de uma figura intimamente ligada às Caldas – e da qual se comemorou este ano o centenário da sua morte –, bem como o património industrial da fábrica do século XIX, na qual a autarquia pretende criar ateliers cerâmicos. (...)



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