domingo, setembro 21, 2008

economia do dinheiro faz de conta



"O Tio Sam deixou a cartilha liberal da economia e actua com mão bem visível. (...) É a nacionalização automática antifalências. E o mercado aplaude."
Armando Esteves Pereira, in Correio da Manhã






Curioso como ontem, sexta-feira, com a euforia de valorizações nas bolsas mundiais, só para dar um exemplo, houve quem conseguisse ganhar 15% de valorização de acções. Ou seja, se eu tivesse comprado na quinta-feira 20 mil euros (se os tivesse) de acções do BES e as tivesse vendido ontem, tinha ganho três mil euros, em 24 horas (se tivesse investido 200 mil euros tinha ido buscar 30 mil euros de ganhos)!!!

É peculiar porque as bolsas não estão num bom momento para investir, mas o dia de ontem trouxe muito dinheiro a algumas pessoas.


Promessa de milhões faz "esquecer" a crise das bolsas
Máximos históricos nas bolsas e no mercado financeiro
Bolsa: Euronext Lisboa sobe 7,7% seguindo tendência geral





Ainda sobre a economia, concordo com isto:
"Não estando em causa o regresso à economia planificada, as receitas recomendadas para debelar a crise são um claro atestado de óbito ao capitalismo libertário dos últimos anos."
Manuel Carvalho, in Público




Ainda sobre a economia/crise actual, isto também dá que pensar (não sei o suficiente para achar bem ou mal):
"Como muita gente acha, os “mercados” são maus e injustos, esquecendo-se que são os mercados que estão a acabar com o Lehman Brothers e bem, que são os mercados que estão a fazer aquilo que autores clássicos da economia liberal como Schumpeter sempre disseram que faziam, destruir, que a destruição provocada pelas crises é um mecanismo fundamental de crescimento e de inovação, de pujança do modelo económico do capitalismo. A “crise” não é o sinal da crise do liberalismo, mas sim do seu normal funcionamento, em sociedades e economias que incorporam o risco e os custos como parte do seu funcionamento normal, das regras do jogo dessa mão que Adam Smith dizia ser “invisível”.
É o capitalismo cruel? Pois é, como a vida. Só que com uma diferença, os ciclos de equilíbrio e crise que sempre gerou foram aqueles que nos permitiram a enorme revolução da qualidade de vida, que desde o século XIX arrancou milhões e milhões de homens da miséria, primeiro na Europa e na América, depois na Ásia e hoje em particular na China.
Obcecados pela nossa “crise”, não incorporamos no nosso pensamento sobre o mundo essa verdadeira revolução na vida concreta de centenas de milhões de pessoas que se está a dar na Ásia, exactamente à custa aquilo a que, pejorativamente, chamamos dumping. E depois há uma outra verdade como um cunho, que convém atirar para os olhos das sereias: não foi certamente o comunismo que fez esta revolução na vida concreta arrancada da miséria da maioria da humanidade, foi o intelectualmente vilipendiado capitalismo."

José Pacheco Pereira, in Público



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