domingo, janeiro 13, 2008

espaço que se segue é da inteira respon...

Crónica no Público de Paulo Moura que não resisti em evidenciar:


Cocó às cores
Do outro mundo
Não sabia bem o que escrever e resolvi pedir ajuda ao meu sobrinho Tiago, que tem 8 anos: "Não queres fazer uma crónica?" Ele disse que sim. Foi rápido. Cinco minutos depois, entregou-me isto:
"O Cocó. O cocó é uma coisa que sai do rabo das pessoas.
O cocó cheira muito mal por isso as pessoas têm a mania que o cocó também sabe muito mal. O cocó até pode saber bem, mas as pessoas têm a mania que sabe mal; o que é que se pode fazer?
Mas há uma coisa que eu não percebo: porque é que o cocó sai do rabo das pessoas? Eu faço cocó todos os dias. Se calhar as pessoas não gostam do cocó porque ele não é às cores."
Miguel Tiago.
E pronto. Eu não faria melhor. Interpretem como quiserem, que podem faltar à peça caracteres para encher a coluna ou algum rigor de pontuação, mas não lhe falta profundidade. Está lá tudo: divulgação científica, especulação filosófica, irreverência social. Lendo bem, é uma espécie de chave para a compreensão de todos os assuntos que nos preocupam.
A crise do BCP, a remodelação governamental, a escolha de Alcochete em detrimento da Ota, ganham outro sentido à luz desta pequena litania. O mesmo em relação ao referendo sobre o Tratado de Lisboa, a crise do Paquistão ou do Quénia, as primárias americanas, as ameaças terroristas contra o Dakar, os amores de Sar-kozy ou libertação dos gases de estufa. Ou até mesmo a transferência dos Gato Fedorento para a SIC.
Experimentem os aforismos do Tiago em todas as situações da vida pública e privada. É melhor do que o horóscopo da Maya. Melhor do que o Vasco Pulido Valente. É ao mesmo tempo uma filosofia de vida e uma ideologia política. Também uma cartilha para artistas, jornalistas, publicitários. Um lema para o Novo Ano, um axioma para activistas, uma oração para livres-pensadores. (...)

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