[Pode-se chamar popular ou cliché. Os livros de José Rodrigues dos Santos, nos últimos tempos, parecem ser sobre os assuntos mais em voga. Isso não tem de ser, necessariamente, uma coisa má. A verdade é que o ponto de partida pode não ser o mais original do mundo, mas cativa...]
José Rodrigues dos Santos lança hoje quinto romance
As alterações climáticas e a perspectiva de esgotamento dos combustíveis fósseis constituem o tema de fundo do quinto romance de José Rodrigues dos Santos, «O Sétimo Selo», hoje lançado em Lisboa com a chancela da Gradiva. «Acho que é um romance que vai abrir os olhos de muitas pessoas para os gigantescos problemas que nos esperam», disse o escritor e jornalista à agência Lusa. «Fala sobre o futuro imediato da humanidade, aquilo que vai acontecer ainda no nosso tempo de vida». O livro, de 500 páginas, baseia-se em «informação histórica, técnica e científica verdadeira», como faz questão de sublinhar, e começa na Antárctida, onde cientistas polares assistem a um acontecimento real: o colapso da plataforma de gelo Larson-B, um fenómeno atribuído ao efeito de estufa e documentado em numerosos estudos científicos. Por isso mesmo, o texto teve dois revisores científicos, um para a parte sobre o aquecimento global (Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas) e outro para a área dos combustíveis (Nuno Ribeiro da Silva, perito em energias renováveis). «São as maiores sumidades portuguesas nessas duas áreas», disse José Rodrigues dos Santos. Voltando ao enredo, na Antárctida, há um cientista norte-americano que é assassinado e a Interpol contacta a personagem principal, o historiador português Tomás Noronha, para ajudar a decifrar uma mensagem bíblica deixada pelo criminoso ao lado da vítima: «666», o chamado número da Besta. «É esse o ponto de partida que coloca o protagonista na pista de dois problemas muito sérios que ameaçam o nosso futuro, o aquecimento global e o fim do petróleo», afirmou.
«Ainda esta semana - lembrou - o petróleo atingiu 89 dólares o barril e deverá entrar nos três dígitos no próximo ano». «Como vai ser daqui a dez anos? Estará a 200 ou 300 dólares o barril? Vem aí uma recessão de proporções nunca vistas?», interroga José Rodrigues dos Santos.
«Temos de estar preparados para o que aí vem e só o poderemos estar se soubermos o que se passa, já que sem conhecimento do problema não há solução», frisou. «Os cientistas estão em pânico com as alterações climáticas» - assevera. «O sul da Europa, incluindo Portugal, vai transformar-se num deserto, como de resto metade do planeta. Penso que o cidadão comum não tem noção disto, nem do impacto que isto produzirá na sua vida».
O título do filme é uma citação bíblica já usada pelo cineasta sueco Ingmar Bergman, recentemente falecido, num enigmático filme de 1957, em que um cavaleiro cruzado joga xadrez com uma personificação da morte, a quem pede tempo para reflectir sobre o sentido da vida.
«Está escrito no Apocalipse», diz Rodrigues dos Santos. «Quando Ele quebrou o sétimo selo, fez-se silêncio no céu», citou. «É nesse instante que começa o Apocalipse».
"Quando Ele quebrou o sétimo selo, fez-se silêncio no céu"
domingo, outubro 21, 2007
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