quinta-feira, junho 01, 2006

beleza mundial, ou não


jornalista mexicana, Ines Sainz, presente no treino da selecção portuguesa, que mereceu notícias com grandes fotos

Mundial 2006. Está aí a loucura pelo Mundial. É impressionante verificar como marcas, políticos e adeptos andam em euforia com o evento. O caso tornou-se grave quando recebi no jornal uma caixa de vários pacotes de Friskies, comida para cães, com camisolas para os animais poderem apoiar a selecção. Os meios de comunicação, como é óbvio, seguem e incentivam este frenesim. Mas não é só em Portugal, apesar de, aqui, cada vez bajularmos a nossa selecção desde que Scolari tomou conta da casa, para o que isso tem de bom e de mal, que se verifica a "loucura". Na Alemanha, claro, as marcas já fizeram um arco gigante por cima de uma estrada com Oliverv Kahn a fazer um defesa, há bolas gigantes e muitos mais pormenores. Mas até na Tailândia existem Taças do mundo gigantes em hotéis. Chegam agora mais notícias de desporto, ou melhor, futebol, às redacções, do que durante o campeonato. É que trata-se de 32 selecções do mundo inteiro, a fornecerem notícias constantes, com jogos amigáveis frequentes. Não pára. Até as notícias contra o Mundial se destacam. Na Holanda um grupo de mulheres criou um site para tentar acabar com o Mundial porque os homens holandeses já não fazem outra coisa senão falar e ler sobre o evento e, quando começar, nem vão saber que as mulheres existem, segundo elas dizem. Elas querem os seus homens de volta. Um hotel suíço criou um programa especial para as mulheres cujos maridos andam doentes com o mundial, e a adesão tem sido imensa!

Tanto Mundial cansa! Vive-se muito do não futebol. Hoje de manhã, a Maria João Avillez falava na TSF nisto mesmo. "Sou apreciadora de jogos de futebol, mas isto em torno do Mundial é demais", dizia. Vão acabar com o Mel e Fel (que é de manhã), para aumentarem ainda mais a informação sobre o Mundial.

As notícias cada vez mais padronizadas da nossa selecção irritam um pouco. Especialmente porque os jornalistas presentes são praticamente obrigados a dizerem bem e não serem inoportunos correndo o risco de serem expulsos. Ainda na habitual conferência de imprensa com jogadores, que nunca dizem nada de jeito, mas enchem jornais no dia seguinte, e noticiários nas horas seguintes, um jornalista fazia um pergunta inocente mas, mesmo assim, pedindo antes para não ser mal interpretado, com muitas justificações e panos quentes... A "necessidade" de notícias em torno do Mundial, neste caso, da selecção portuguesa, faz com que, por exemplo, a presença, esta semana, de uma jornalista mexicana de aspecto fenomenal merecesse uma página inteira no 24 horas e uma coluna no Correio da Manhã. A jovem bela que apresenta um programa de tv mexicano, de facto, linda, tirou fotografias com os adeptos portugueses entusiasmados com a beldade, no entanto, estes jornais nem referirem isso, pegaram só na beleza e no facto de ser "adversária". A padronização de notícias faz com que se procure qualquer coisita que surja e se lhe dê um grande impacto...

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