sexta-feira, maio 06, 2005

jude

Gritos de guerra e morte no traço de 'Erich Kahn'
"Uma viagem de comboio. No fundo, uma catásfrofe aconteceu. Toda a gente está a ser assassinada, mas eu e mais alguns fugimos. Estou aterrorizado e sinto culpa. Por todo o lado, os nazis. Estou com medo." As palavras foram resgatadas ao diário de Erich Kahn, artista judeu nascido na Alemanha do início do século XX que ficaria para a História como um dos rostos mais marcantes da chamada «Geração Esquecida» e do Expressionismo. A homenagem ao artista, essa, fá-la agora o Sintra Museu de Arte Moderna, 60 anos após o Holocausto, numa exposição que abriu ontem as portas ao público e está patente até ao dia 2 de Outubro.

Perseguido pelos nazis durante o Holocausto, preso no campo de concentração de Welzheim (cujas memórias nunca o abandonaram), forçado ao exílio na Ilha de Man, Erich Kahn perdeu a identidade. Viveu os despojos de si mesmo, refugiado na sua psicose - e na pintura, no desenho, na gravura, na correspondência, nos cadernos que a Colecção Berardo adquiriu e são agora apresentados em Portugal pela primeira vez.
"Centenas de cadernos, rabiscados ao sabor das idas e vindas do dia, das meditações e até do seu trabalho de pintor, espelham um espírito que se busca e se trabalha numa solidão total e assumida." Ecos da História - e de um homem fundido no seu próprio traço - para ver de terça a domingo, das 10.00 às 18.00.
in DN

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