sábado, janeiro 22, 2005

ilha ao largo de Goa



Diu - A Ilha da Sedução --- por Ana Isabel Mineiro, in Público

Um pedaço de terra e de céu, uma ilha presa à costa pelas palmeiras, pássaros e gentes, que são os mesmos de um lado e do outro da ponte que liga a aldeia piscatória de Ghogla à pequena cidade de Diu. Aprazível e pouco turística, a ilha parece ter parado no tempo.

Deste lado, uma praia de areia escura cheia de barcos engalanados; do outro, Diu, onze quilómetros de comprimento por três de largura, povoada de cristãos, hindus e muçulmanos, numa cordial comunhão adoçada pelo clima tropical. Algumas cristãs usam vestidos um pouco abaixo do jelho, mas todas usam também o tradicional sari indiano, elegante peça de tecido enrolada à volta da cintura que termina com um drapeado sobre o ombro. Com igrejas tão bonitas como Goa, praias praticamente desertas, e o tamanho ideal para percorrer a pé e de bicicleta, Diu, a "Ilha" - de dwee, em sânscrito - dá-nos vontade de ficar por uns tempos.

Salta à vista a presença portuguesa bem antes de chegarmos ao forte. As ruas interiores da única cidade, que tem o mesmo nome da ilha, por vezes lembram uma Lisboa antiga e arruinada, e algumas ruas mantêm mesmo os nomes portugueses. Da língua, já muito poucos sabem e, mesmo esses, têm dificuldade em entender o português moderno, limitando-se a acenar com a cabeça quando falamos... mas acabei por encontrar quem me desse informações sobre "a carreira" para Nagoa e a localização da belíssima igreja de S. Paulo, que abriga uma N. Sra. De Fátima muito venerada. Mas a imagem mais difundida é a do forte, que hoje é prisão. A vista do cimo é linda, abrangendo o verde da ilha e a linha de terra mais adiante, separadas por um mar azul que muda de tonalidade com a luz. Os canhões estão no seu lugar de sempre, muito bem conservados, mas o pátio interior está coberto de ervas altas e não permite outro passeio que não seja à volta das muralhas, ao longo do mar, de uma torre para a outra. Os turistas indianos gostam de se fazer fotografar encavalitados nestas memórias de ferro e bronze da época colonial, do tempo daqueles templos estranhos chamados "igrejas", brancos por fora e dourados por dentro, onde nem é preciso tirar os sapatos antes de entrar.
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