terça-feira, outubro 05, 2004

Reportagem: Ser solteira é bom, e recomenda-se

Mulheres independentes. Determinadas. Divertem-se quanto baste, sem pressões, nem ciúmes de um marido controlador ou machista. Não se sujeitam a um namorado que não as agrada, são exigentes e fazem por isso. Ser solteira também tem vantagens... descubra-as.

João Tomé

"Being alone, i´ve been alone, so gone, so long that i get tired of it. There´s something wrong I can´t recall, the last, the first time that i felt happy. So you came up with this song, to sing along and make us all pretty..." - Little David Boy (David Fonseca)

Há quem diga: “mais vale só do que mal acompanhada”. Numa sociedade em que a mulher tem cada vez maior liberdade de escolha, ser solteira não é sinónimo de não ser feliz, pelo contrário. Antigamente, não ter marido a partir de certa idade era grave e frequentemente motivo de estigmatização social («solteirona» ou «encalhada»), hoje em dia pode ser bem divertido.

«Neste momento sou mais feliz como solteira é uma opção que tomei para os próximos anos». Quem o diz é Marisa – 31 anos, engenheira do ambiente – e que, após ter terminado há alguns meses uma relação amorosa, decidiu manter-se solteira porque: «sei que não iria estar muito tempo na relação, agora quero dedicar-me aos meus trabalhos, experimentar tudo que possa e divertir-me com isso». Marisa tem actualmente três empregos em simultâneo e não se sente, «de forma alguma», amedrontada de não ter nenhuma relação amorosa. «Há muitas outras coisas que me complementam a mim pessoalmente, além disso tenho muitos amigos e prefiro estar como estou», explica com determinação. Nos próximos tempos está planear participar numa operação humanitária no México, onde espera sentir-se bem consigo mesma, ajudar os outros e adquirir experiência de vida.

Atitude semelhante tem Sara, bióloga de 28 anos, que enumera assim as vantagens de se ser solteira: «as tarefas domésticas são mais leves, gasta-se menos dinheiro, tem-se mais liberdade nos convívios sociais, não se tem que estar com a família e amigos do namorado ou marido, tem-se maior liberdade sexual e acima de tudo há menos pressão».


E a solidão não se torna um problema? «Não me tenho sentido sozinha, muito porque neste momento ser solteira é o melhor para mim. É uma opção que tomei porque não quis seguir outras relações desgastantes e chatas». Sara, que faz neste momento trabalhos de investigação em biologia, não sente nenhuma pressão para arranjar alguém, mas admite que ainda existe na sociedade. «A sociedade de consumo obriga-nos a sentir pressionados para ter de casar. Quem não entra não é normal, quem entra é, apesar de haver cada vez mais solteiros», admite a bióloga que recentemente irá para Londres trabalhar.

Com 31 anos, Marisa, apesar de se sentir melhor solteira, admite querer ter filhos. «É injusto para qualquer criança não ter pai, por isso, quando quiser assentar vou ter de abdicar de algumas coisas. Tudo para dar o melhor aos meus filhos», explica. Para Marisa hoje em dia há menos confiança «e em qualquer relação há sempre um pé atrás». Talvez por isso pergunte: «E porque não ser solteira?». Sara também deseja ter filhos «com alguém com quem me entendesse, mas não é algo que procure». Ambas são mulheres de sucesso profissional, determinadas e com espiríto de independência. Moram sozinhas e nem por isso se sentem isoladas. Procuram a felicidade e serem solteiras é o melhor modo, neste momento, de o serem.
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«Não conseguia fazer nada sem o meu marido»
Com 50 anos, bem cuidados, Olinda Maria, professora e mãe de dois filhos não se consegue imaginar sem o marido, o que contrasta com muitas das jovens solteiras e cada vez mais independentes que existem na sociedade actual. 25 anos de casamento fazem com que a companhia do pai dos seus dois filhos seja essencial, devido ao «sentimento de protecção e de apoio que se tem». «Neste momento não conseguia fazer nada sem o meu marido, dependemos um do outro» explica a professora. A confiança é apontada como fundamental para uma relação sólida, «os jovens hoje em dia têm muita desconfiança e depois a coisa não dá», admite. Quando era solteira tinha muitos amigos e divertia-se, mas ela acredita que há um tempo para tudo e a partir da idade adulta deve-se pensar no casamento e levá-lo a sério, «esta malta jovem já não é assim», lamenta.
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Ser solteiro é “pior do que fumar”Estar casado traz de tal forma benefícios à saúde, que os solteiros têm maior risco de morrer do que os fumadores, indica um estudo da Universidade de Warwick (Inglaterra). Ao observar riscos comparativos num período superior a sete anos, os cientistas perceberam que os homens e mulheres casados têm tendência a ter melhor saúde do que os solteiros, cerca de 6%. Tudo isto devido ao “apoio social” de se ter um homem ou uma mulher e ao pior estilo de vida que, segundo o estudo, quando se é solteiro se tem.

Amor à primeira vista existe cientificamente
O amor à primeira vista, de que as pessoas mais românticas costumam falar e acreditar, foi comprovado cientificamente por especialistas da Universidade de Ohio (Estados Unidos). O estudo explica que as pessoas decidem qual o tipo de relação que querem após breves instantes de se encontrarem com outra pessoa. O co-autor do estudo, Artemio Ramirez, explicou que os resultados sugerem que as pessoas não querem perder tempo e por isso é como «uma profecia, fazemos uma previsão instantânea sobre que tipo de relação podemos ter com determinada pessoa».

trabalho parcialmente publicado no jornal Destak, edição 139

Mulheres à beira de um ataque de nervos. Quem tem, não quer. Quem não tem, costuma querer, por vezes desesperadamente, o que também não ajuda. Ainda há aquelas que não tiveram nenhum homem na sua vida por longos anos e quando a esperança já era reduzida o amor bateu-lhes à porta. E você, que tipo de mulher é? Solteira ou casada, o importante é ser feliz.

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