Um filme que nos tira da realidade moderna e nos coloca no meio da transição entre uns Estados Unidos com (Sul) e sem (Norte) escravatura. Steve McQueen coloca-nos na pele de um negro livre do Norte que é apanhado e capturado numa viagem de trabalho a Washington e que se vê no meio de um Sul intolerante e onde a escravatura ainda faz parte do prato principal.
O que é chocante no filme de McQueen é sentir a impotência e frustração de um homem desde sempre habituado ao que todos devem ter, a liberdade, castrado pela força esmagadora da escravatura.
É sociolagicamente relevante mas ao mesmo tempo perturbante ver as diferenças entre este homem agora escravizado e todos aqueles que nasceram no meio da escravatura, já dormentes ou indolores, que parecem indiferentes ao espancamento, chicoteamento ou assassínio de amigos ou conhecidos ali mesmo ao seu lado. É o hábito que os destrói, é o hábito que os apaga. Parecem gente sem alma. Dorida e em estado vegetativo que simplesmente só cumpre, não raciocina.
É um filme duro e que nos coloca no centro de uma das maiores injustiças que o ser humano praticou sobre outros da mesma espécie, considerados inferiores pela cor da pele. O hábito também forma as mulheres e homens do sul, habituados aquela propriedade com que podiam fazer o que bem entendessem chamada homem/mulher/criança negra. O papel da vida de Chiwetel Ejiofor, com desempenhos perturbantes e fabulosos de Michael Fassbender (pela 3ª vez a trabalhar com McQueen - é um totalista), Benedict Cumberbatch, Brad Pitt, Paul Giamatti e Paul Dano.
Um filme que nos faz dar valor à nossa liberdade, de escolha, de pensamento, de trabalho, de ser quem somos. Um filme baseado em factos verídicos que emociona e nos tira da realidade moderna tecnológica e cibernética e nos coloca no final do século XIX, prontos para ficarmos revoltados e solidários com Solomon Northup, o talentoso homem livre que se vê escravo e obrigado (vezes sem conta e à força) a assumir uma identidade diferente e a ser escravizado durante 12 longos e duros anos da sua vida.
Um forte candidato aos Óscares pela história, pela realização e interpretações notáveis (Fassbender, Ejiofor) e um forte candidato a filme para ficar na memória por muitos e bons anos.
A ver!
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