segunda-feira, outubro 25, 2010

o mundo é uma ilha

A sensação mais surpreendente em ir pela 1ª vez a uma das ilhas portuguesas no Atlântico (Madeira) é a de que a terra não nos pertence, mesmo que tenhamos vivido uma vida inteira nela.
No Continente europeu é fácil perceber que estamos em locais habitados há muitos séculos, milénios mesmo. Existe muita terra por onde ir e temos sempre por onde continuar viagem. Quase que não acaba - só mesmo na Sibéria.
Madeira ou Açores, ou outra ilha assim, perdida no Oceano, vive rodeada de mar e qualquer uma destas ilhas vive mais condicionada pelo terreno acidentado, repleto de falésias, fajãs e afins. E vive ainda mais condicionada pelas condições climatéricas. A proximidade de avião e as coisas materiais tão portuguesas e semelhantes ao Continente não invalidam de que estamos num local longínquo e diferente, um prodígio da natureza, uma terra recente criada por vulcões e muito menos tocada pelo homem do que qualquer canto do continente europeu. Daí que perceba e não esqueça os homens que vi, sozinhos, junto à baía do Funchal, a contemplar durante um tempo sem fim o mar, o oceano, o horizonte. Quem vive numa ilha por mais voltas que dê acaba sempre a contemplar o mar.



Funchal, Setembro, 2010

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