domingo, julho 26, 2009

experiência de crónica iii

Texto escrito para a edição da última quinta-feira do jornal Destak como crónica, que será semanal até final do mês.

De scooter por Lisboa
Missão: estacionar

No centro de uma cidade como Lisboa, a scooter é como o Saviola dos avançados em Portugal: é pequeno, mas assim passa melhor por entre os centrais e não tem problemas em estacionar (marcar golos). O local onde se vêem mais scooters em Lisboa é nas transversais da Av. da Liberdade. Quem ali trabalha, depois de muito pagar (parquímetros) e muito desesperar (por arranjar lugar), chegou à conclusão que TODOS esses problemas acabavam com uma scooter.

Os visionamentos de filmes para a imprensa, a que costumo assistir por motivos profissionais, acontecem de manhã em locais tão centrais quanto dispersos. Barata Salgueiro (perto do Marquês) e Estrela são os exemplos mais infernais para estacionar de carro (a opção dos transportes públicos acontece quando há mais tempo). Desde o momento em que subo para a Vespa, em Benfica, passando pela facilidade com que se passa pelo trânsito matinal lisboeta como se nada fosse. Culminando nos meros segundos entre chegar ao local do visionamento e se entra pela porta do edifício a dentro.

A scooter, pouco ou nada falada pelos políticos, media e afins quando se fala de mobilidade é como Pero da Covilhã na história portuguesa. Todos falam que foi Vasco da Gama que descobriu o caminho marítimo para a Índia, mas nada disso teria sido possível sem os mapas, dicas e orientações conseguidos por este aventureiro que viajou a pé para África e Índia. Contas médias feitas, de Benfica à sala de cinema da Cinemateca (Marquês): automóvel, 33 minutos; transportes públicos, 43 minutos; scooter, 13 minutos.

Apesar de pouco presentes no nosso imaginário, as scooters aparecem em vários filmes famosos. Era o meio de transporte preferido de Zach Braff no belo Garden State (2004), a forma de Nicole Kidman fugir a quem a perseguia em A Intérprete (2005), ou o meio de transporte com que acaba, na perfeição, diga-se, O Fabuloso Destino de Amélie (2001). Um dos exemplos de scooters nos clássicos é a aventura repleta de cabelos ao vento de Audrey Hepburn em Férias em Roma (1953). Por mais carros que façam, «teremos sempre» a scooter.


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