A Visão desta semana tem uma reportagem aprofundada, interessante e completa sobre o acidente do voo AF 447 da Air France. Mas o que mais me impressionou foi a descrição de algumas das pessoas a bordo que, tudo indica, morreram.
Dos 228 que iam no avião existiam pessoas de todo o tipo de profissões, administradores de empresas, casais em férias, técnicos em trabalho, um maestro de uma orquestra. Pessoas de quase 30 nacionalidades unidas por uma coincidência que os juntou ali e que se revelou fatal. Impressiona também ler que pelo menos dois casais viajaram em voos diferentes com os filhos para, no caso de um acidente, os miúdos não ficarem órfãos e ficar algum membro da família. Por isso houve pelo menos duas famílias, que viajaram em voos diferentes e ficarão agora separadas para sempre. É estranho que existam casais e pensar nesta eventualidade... e ainda mais estranho estes terem acertado (o receio deles verificou-se mesmo).
Custa ler sobre as pessoas que desapareceram num voo. Porque voar era suposto ser seguro. Eram pessoas que iam em situações felizes, luas-de-mel, situações de rotina (trabalho), de férias. Houve um grupo de franceses que tinham ganho um prémio da sua empresa por boa performance que iam no voo. 228 histórias, 228 rumos, 228 pessoas viajavam para Paris num voo perfeitamente comum e comercial (no dia do acidente houve uns oito voos da TAP com o mesmo percurso) mas afinal acabaram no fundo do Oceano Atlântico...
Por mais que me digam que na estrada é mais perigoso e morrem muitas mais pessoas, tenho mais respeito e receio do acto de viajar a voar. Na estrada há coisas que podemos controlar (outras não, é certo), mas tudo parece mais à vista, mais racional. Num avião estamos sujeitos a circunstâncias que nos ultrapassam por completo e a uma parte técnica complexa e quando há coincidências graves e problemáticas dificilmente saimos dali com vida.
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PS: Este post vai sem foto pelo simples motivo de não existir nada que possa ser mostrado. Tudo o que sabemos deste caso não pode ser descrito com fotos reais do acontecimento (os jornais têm ilustrado com fotos de outros aviões ou das buscas). Isso demonstra o vazio que fica... o não se saber exactamente o que se passou (dificilmente as caixas negras serão recuperadas) torna o caso mais difícil de assimilar ou aceitar.
PS2: É com reportagens e estórias destas, bem escritas, sérias, sem espectacularizar o que não deve ser espectacularizado que se vendem newsmagazines (pelo menos a mim conquistam-me por completo) e se justifica a razão de revistas e jornais serem importantes na sociedade actual. Por mais que procure na internet dificilmente encontro um artigo tão bem documentado, completo, esclarecedor e pertinente sobre o assunto. O site da Visão tem uma infografia que explica o percurso, aqui.
quinta-feira, junho 04, 2009
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2 comentários:
Realmente custa ler uma notícia destas. 228 pessoas que perderam a vida a voar. Embora o avião seja o meio de transporte mais seguro, estas situações fazem-nos pensar que lá em cima tudo pode acontecer.
Realmente custa ler uma notícia destas. 228 pessoas que perderam a vida a voar. Embora o avião seja o meio de transporte mais seguro, estas situações fazem-nos pensar que lá em cima tudo pode acontecer.
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