"Estamos hoje cingidos a detalhes dessexualizados e tiramos logo dois terços da mulher da equação: o torso e ancas ficam logo fora da análise semiótica. Ficam os pés, mas soa a fetiche. As mãos? Mas hoje, com as unhas de gel, qualquer mulher é uma "fingidora", sabe-se lá o que está por debaixo da unhaca falsa, podem estar cotos roídos pelo stresse e ansiedade que nunca saberemos. Sobra a cabeça. Ora, com botoxes e capas dentárias de cerâmica e extensões roubadas a mortas no Terceiro Mundo, qual a parte que mais nos diz algo sobre a personalidade? Na modesta opinião deste cronista são as sobrancelhas.
Que se envergonhe todo e qualquer homem que ainda não honrou a disponibilidade que as mulheres têm para se cuidar de pormenores que nos escapam, sendo que o tratar devidamente das sobrancelhas é dos mais delicados e dedicados lavores. Ocorreu-me ao olhar para o arco suave mas determinado que paira sobre o olhar de Rania, a rainha da Jordânia, e como quem lhe trata da expressão optou acertadamente por lhe dar aquele toque simultaneamente doce mas decidido que parece tão natural. E não é. Há ali horas de trabalho intenso. Eu sei e não sou depilador."
Luís Pedro Nunes, in Expresso
domingo, março 29, 2009
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