Que Fernanda Câncio é a namorada de José Sócrates parecem não existir muitas dúvidas (embora não tenham uma relação denominada como "normal").
Que Fernanda Câncio, que abomina os fumadores, não conseguiu que Sócrates deixasse de fumar é tão certo quando o facto de Sócrates ter decidido deixar de fumar depois de uma notícia do Público ter dado conta do ilícito do primeiro-ministro a fumar num avião às escondidas - o que a imagem pública e os votos não fazem este homem fazer.
Por tudo isto, ler uma opinião de Câncio sobre o aumento dos combustíveis e o papel do governo nisso tudo só pode ser visto, por mim, com elevada desconfiança: afinal, primeiro-ministro e jornalista que aqui está a opinar partilham (pelo menos algumas vezes, digo eu) a cama.
Mas Câncio, na sua crónica habitual chama à baila uma questão pertinente. Embora eu ache que o Estado (governo) é culpado por ter permitido aos amigos das petrolíferas em Portugal terem combinado preços e ganho dinheiro como nunca com isso, o papel que se segue é muito mais fazer deste (algo que defendo há algum tempo) um país-tipo no uso de energias alternativas.
Há marcas de carros (e não só) que procuram países pequenos ou cidades para fazerem parcerias para testar carros eléctricos (ou com outras tecnologias não dependentes dos combustíveis fósseis).
Há cada vez mais marcas/opções de pequenos carros eléctricos (e de hidrogénio ou mesmo híbridos), autocarros a gás e motos eléctricas que o Estado deveria contactar, auxiliar, fazer protocolos e, acima de tudo, incitar os portugueses a aderirem criando condições atractivas (o que não é difícil face ao preço dos combustíveis).
Defendo há muitos anos que o Estado ou o município de Lisboa (e os munícipios do país, em geral), após a Expo98, deveria ter pegado nas motos eléctricas que por lá havia, ter-se juntado a um fornecedor e dar condições muito acessíveis aos jovens que quisessem adquirir aquele tipo de veículos.
O país precisa de mudar de consciência no que diz respeito ao uso de combustíveis fósseis, mas o primeiro passo deve e tem de partir do Estado. É preciso uma revolução mas é o Estado que deve criar as condições para ela acontecer (é fulcral!). Na Califórnia existem bombas de hidrogénio e incentivos para se ter carros não poluentes e lá há mesmo carros não poluentes, em quantidade e diversidade. Porque as marcas são convidadas a estarem lá com veículos alternativos e os cidadãos são convidados a utilizar essa mais valia.
Pena que o governo português pareça mais preocupado em dizer que a culpa dos combustíveis estarem caros não é dele. RAIOS! Não é culpa do governo (pelo menos integral), mas cabe ao governo achar soluções viáveis para diminuir esta dependência ao petróleo. E olhem que era previsível que os combustíveis iam chegar a este ponto há alguns anos e o governo optou pelo facilitismo de apenas lembrar que a culpa não era deles. Deveriam ter começado a explorar as novas energias e novos veículos alternativos há vários anos! E nada! Zero! Agora encolhem os ombros e dizem, amanhem-se porque a culpa não foi nossa! Haja paciência!
"O papel do Estado é fundamental nesta matéria [dos combustíveis], é. Mas recusando subsídios e encorajando a reconversão e a poupança energética, a começar pelos transportes públicos. Já fazemos todos parte, quer queiramos quer não, do Movimento dos Sem-Petróleo (MSP). É altura de a ele aderirmos à séria, com entusiasmo e militância."
Fernanda Câncio
* Só o facto de ser pequeno é uma ajuda significativa.
sexta-feira, maio 23, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário