[O DN foi para a rua com um mini antigo a fingir estar "empanado" por alguns locais da Grande Lisboa e descobriu que poucos são aqueles que páram ou se deslocam para ajudar. Nas cidades as pessoas são bem mais, mas andam mais apressadas e stressadas e ligam menos ao colega da raça humana em apuros - a chamada anomia social * é frequente.]
"Acha que isto é sítio para parar o carro?"
"Acha que isto é sítio para parar o carro?", pergunta uma senhora irritada, que passa depressa no seu automóvel e já não ouve a minha resposta. "Está avariado", digo eu, na tentativa que alguém me ajude a tirar um Mini, de 1974, em plena hora de ponta, do meio da Duque de Loulé, uma avenida que vai dar ao Marquês de Pombal, em Lisboa.
Outra senhora passa perto de mim, mas apenas porque o seu carro está estacionado onde o meu decidiu "morrer" - não presta a mínima atenção ao que está a acontecer à sua volta (e muito menos a mim) e a sua única preocupação é sair do estacionamento. E, como se não bastasse ter o carro completamente imobilizado no meio da rua, há ainda aqueles que ficam parados a olhar, como se de um acontecimento se tratasse.
* A anomia social é um conceito desenvolvido pelas Sociologia, nomeadamente pelo francês Émile Durkheim, no início do século XX.
No estado de anomia os laços de solidariedade encontram-se enfraquecidos. Durkheim concluiu com isso que, onde há anomia, há ausência de normas para regular as relações sociais, ou seja, há desestabilização. Mas, segundo ele, este estado tende a ser passageiro, caso contrário a sociedade se dissolveria. Mesmo nos casos de revolução, a anomia encontra seu ápice no confronto, para logo após serem refeitos os laços de solidariedade sob novas normas.
domingo, maio 04, 2008
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