Conheci o Pedro Miguel Costa na redacção da TSF em 2003, quando estagiei por lá. Ele não se lembra de mim, de certeza absoluta, ou não passassem dezenas de estagiários não pagos pela TSF, mas eu lembro-me bem dele. No primeiro contacto ia com a ideia feita que só fazia rádio quem tinha grandes vozeirões, imponentes logo à partida, quando os ouviamos falar. Puro engano e o Pedro era um desses casos. Em rádio a sua colocação de voz era excelente e ganhava outra dimensão, já que conseguia transmitir momentos e sensações com a entoação certa em cada circunstância.
O que mais me impressionou nele, para além da boa disposição, era que era daqueles jornalistas/repórteres, que não se contentava com as notícias do dia-a-dia, queria mais. Fazer mais, conhecer mais, explorar mais, investigar mais. Sempre que fazia uma notícia do dia-a-dia vinha com ideias para fazer algo mais com aquilo... como o compreendia e tentava seguir.
Além disso, tentava aproveitar ao máximo as suas experiências jornalísticas, escrevia para a Grande Reportagem ocasionalmente e lembro-me de o ouvir combinar com o Francisco José Viegas por telefone desenvolvimentos sobre a história incrível de uma rapariga iraquiana que ele conheceu quando esteve no Iraque. Acho que ele disse-me na altura que estava a pensar escrever um livro sobre isso.
Ouvia várias vezes as suas reportagens com muita atenção, aprendia com elas, muito, tal como aprendia com as do Carlos Vaz Marques (outro bom professor), do Alexandre David (das pessoas com que contactei mais). Percebia que estes nomes sabiam como poucos "adocicar" uma notícia do dia, com laivos de reportagem. E sempre que havia um assunto mais entusiasmante isso fazia sentir-se na peça.
Foi também das pessoas que mais tempo para mim teve (o que era complicado numa redacção em constante efervescência), para me aconselhar e ouvir de vez em quando as minhas peças.
A experiência da TSF foi uma que dificilmente irei esquecer, mesmo que tenham sido apenas quatro meses. Foram intensos e muito ricos.
Sem mais demoras, aqui fica o link para o audio blog (uma ideia brilhante e muito bem executado) do Pedro Miguel Costa:
Afeganistão - por PMC
Download this episode (27 min)
"Foi a reportagem mais dificil, fisicamente, emocionalmente. Por motivos óbvios. Desloquei-me ao Afeganistão por duas vezes depois dos atentados contra as torres gémeas. Passei o meu 28º aniversário sentado à entrada do vale, ao longe as posições taliban, lá no alto os bombardeiros norte americanos, de 10 em 10 minutos uma gigantesca explosão. O mais dificil foi entrar em Kunduz, perante uma emboscada dos taliban que tinham ficado para trás. A meu lado a Carmen Marques e o Ricardo Ferreira da TVI. Sem eles tinha sido muito mais difícil. Foi por tudo, a maior e a mais dura de todas as aventuras. Novembro de 2001. "
Download this episode (27 min)
"Foi a reportagem mais dificil, fisicamente, emocionalmente. Por motivos óbvios. Desloquei-me ao Afeganistão por duas vezes depois dos atentados contra as torres gémeas. Passei o meu 28º aniversário sentado à entrada do vale, ao longe as posições taliban, lá no alto os bombardeiros norte americanos, de 10 em 10 minutos uma gigantesca explosão. O mais dificil foi entrar em Kunduz, perante uma emboscada dos taliban que tinham ficado para trás. A meu lado a Carmen Marques e o Ricardo Ferreira da TVI. Sem eles tinha sido muito mais difícil. Foi por tudo, a maior e a mais dura de todas as aventuras. Novembro de 2001. "
Sem comentários:
Enviar um comentário