O Público de hoje tem um belo artigo que indicia que há três mil anos havia menos tabus com o sexo em peças artísticas do que hoje (pega numa exposição cujas fotos já mostrei por aqui). Deixo de seguida parte do texto curioso que vai da conversa de museus à conversa sobre Cicciolina:
Sexo e Arte Há três mil anos havia menos tabus?
26.10.2007, Alexandra Prado Coelho
Uma exposição em Londres e um debate em Lisboa servem de pretexto para discutir a sexualidade na Antiguidade e tentar perceber o que aconteceu entre os frescos de Pompeia e os quadros de Jeff Koons com Cicciolina
Estava-se no final do século XVIII e o Museu Nacional Arqueológico de Nápoles não sabia o que fazer aos objectos com imagens sexualmente explícitas - e eram muitos - que os arqueólogos iam encontrando nas escavações da cidade romana de Pompeia, destruída pela erupção do Vesúvio em 79. Decidiu, por fim, colocá-los num "Gabinetto Segreto", só acessível a "pessoas de idade madura e moral respeitável".
Se excluirmos uma breve abertura no final dos anos 60, este gabinete secreto (uma espécie de peep-show, há quem diga hoje) só foi aberto ao público no ano 2000 - e mesmo actualmente é preciso comprar um bilhete extra para entrar.
Será que a arte erótica de Pompeia ainda nos choca? Era o mundo antigo mais liberal no que diz respeito à sexualidade? Ainda não sabemos dizer exactamente o que é arte e o que é pornografia? Há hoje mais tabus? Ou já não há tabus? O debate regressou por causa da exposição Seduced: Art and Sex from Antiquity to Now, que inaugurou este mês no Barbican, em Londres (onde fica até 27 de Janeiro).
São 250 obras de arte (uma de um português, Julião Sarmento) que percorrem um período de 2000 anos, dos vasos gregos onde se vêem homens e mulheres (ou homens e homens) a ter relações sexuais, a Blowjob, filme feito em 1963 por Andy Warhol, passando por um pequeno quadro de Picasso emprestado pelo Metropolitan Museam of Art de Nova Iorque, sobre o mesmo tema do filme de Warhol e sintomaticamente chamado La Douleur (1903), ou pelos quadros de Jeff Koons com a sua ex-mulher, a antiga actriz de filmes porno Cicciolina. "Queremos que Londres não pense em mais nada senão em sexo durante três meses", disse ao Guardian Marina Wallace, uma das comissárias da exposição.
Sexo e Arte Há três mil anos havia menos tabus?
26.10.2007, Alexandra Prado Coelho
Uma exposição em Londres e um debate em Lisboa servem de pretexto para discutir a sexualidade na Antiguidade e tentar perceber o que aconteceu entre os frescos de Pompeia e os quadros de Jeff Koons com Cicciolina
Estava-se no final do século XVIII e o Museu Nacional Arqueológico de Nápoles não sabia o que fazer aos objectos com imagens sexualmente explícitas - e eram muitos - que os arqueólogos iam encontrando nas escavações da cidade romana de Pompeia, destruída pela erupção do Vesúvio em 79. Decidiu, por fim, colocá-los num "Gabinetto Segreto", só acessível a "pessoas de idade madura e moral respeitável".
Se excluirmos uma breve abertura no final dos anos 60, este gabinete secreto (uma espécie de peep-show, há quem diga hoje) só foi aberto ao público no ano 2000 - e mesmo actualmente é preciso comprar um bilhete extra para entrar.
Será que a arte erótica de Pompeia ainda nos choca? Era o mundo antigo mais liberal no que diz respeito à sexualidade? Ainda não sabemos dizer exactamente o que é arte e o que é pornografia? Há hoje mais tabus? Ou já não há tabus? O debate regressou por causa da exposição Seduced: Art and Sex from Antiquity to Now, que inaugurou este mês no Barbican, em Londres (onde fica até 27 de Janeiro).
São 250 obras de arte (uma de um português, Julião Sarmento) que percorrem um período de 2000 anos, dos vasos gregos onde se vêem homens e mulheres (ou homens e homens) a ter relações sexuais, a Blowjob, filme feito em 1963 por Andy Warhol, passando por um pequeno quadro de Picasso emprestado pelo Metropolitan Museam of Art de Nova Iorque, sobre o mesmo tema do filme de Warhol e sintomaticamente chamado La Douleur (1903), ou pelos quadros de Jeff Koons com a sua ex-mulher, a antiga actriz de filmes porno Cicciolina. "Queremos que Londres não pense em mais nada senão em sexo durante três meses", disse ao Guardian Marina Wallace, uma das comissárias da exposição.
A prostituição em Roma. Em Portugal, vários professores universitários juntaram-se também para, durante um período mais modesto, de apenas três dias, não falarem de mais nada se não de sexo. Num colóquio que termina hoje na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, especialistas de várias áreas da História discutiram A Sexualidade no Mundo Antigo, num debate do qual podem sair respostas a algumas das questões levantadas pela exposição de Londres.
A vida sexual na Roma antiga, por exemplo, tinha tão poucos tabus como parece nas séries de televisão? "A prostituição não era propriamente elogiada, aliás quem a exercia estava na base da pirâmide social, mas era vista como totalmente necessária", explica Nuno Simões Rodrigues, da Universidade de Lisboa, que, no colóquio, falou precisamente sobre Os submundos da sexualidade em Roma. "As matronas, senhoras da aristocracia, muitas vezes mantinham as escravas como prostitutas, ganhando dinheiro para elas próprias, e tendo os maridos, os filhos ou os pais como clientes."
A vida sexual na Roma antiga, por exemplo, tinha tão poucos tabus como parece nas séries de televisão? "A prostituição não era propriamente elogiada, aliás quem a exercia estava na base da pirâmide social, mas era vista como totalmente necessária", explica Nuno Simões Rodrigues, da Universidade de Lisboa, que, no colóquio, falou precisamente sobre Os submundos da sexualidade em Roma. "As matronas, senhoras da aristocracia, muitas vezes mantinham as escravas como prostitutas, ganhando dinheiro para elas próprias, e tendo os maridos, os filhos ou os pais como clientes."
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