Zé Diogo Quintela
vs.
João César das Neves
Com a "tomada de assalto" dos humoristas nacionais (cada vez mais inteligentes e com alguma coisa a dizer) às crónicas nos jornais, os habituais cronistas (alguns fazem disso profissão) poderão sentir-se incomodados... quem sabe.
"Primeiro, o respeito pelos governantes (ou a falta dele) que há hoje é o mesmo de qualquer época histórica. Sempre houve "faltas de respeito" em tom jocoso. Já em 1871 (não "hoje em dia", portanto), Eça de Queirós, numa crónica, propõe como deputados à assembleia "dois papagaios; à escolha do senhor Marquês de Ávila", por fazerem melhor trabalho que os deputados que lá estavam. Isto cheira-me a "falta de respeito" (misturado com o bafio, por ser de 1871.)Sempre houve, inclusive, outro tipo de "faltas de respeito" pelos governantes: revoluções, golpes de Estado, atentados à vida... Coisas que, parecendo que não, transtornam a governação.Segundo: a diferença entre um humorista e um comentador "sério". Paradoxalmente, para um humorista poder cair nas boas graças de César das Neves, o melhor é dizer o que quiser, mas sem ter piada. Porque é aceitável um cronista criticar o Governo. Não põe em perigo os desígnios do país. Já um humorista põe.Diria que isto se refere ao caso da licenciatura do primeiro-ministro, e às questões que têm sido levantadas por cronistas (inofensivas) e por humoristas (perniciosas)."
José Diogo Quintela, ver crónica completa in Público
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