sexta-feira, fevereiro 09, 2007

perguntar ofende, e muito

O referendo para o aborto está aí ao virar do fim-de-semana. A "luta" entre o Sim e o Não está ao rubro. É curioso verificar como um país como o nosso se divide desta forma, por causa de uma pergunta destas. É ainda mais curioso verificar como se manipula informação de forma a fazer esta pergunta algo que ela não é. Ainda hoje ouvi na TSF um padre, cronista do jornal Público, dizer que é contra o aborto, mas a favor pela despenalização da mulher, por isso vota... sim.
Eu voto em mim (não, não se trata de uma metáfora a indicar que estou contra o aborto e por isso voto não).


É quase uma guerra civil de palavras e acusações e olhares de lado, apenas por causa de uma pergunta. Ainda dizem que perguntar não ofende. Parece que ofende, e muito. Ofende ao ponto de num grupo de amigos te perguntarem com uma certa dose de receio: "Vais votar em quê? Espero bem que seja Sim, hein... vê lá!". Noutro grupo de amigos dizem: "Espero que seja Não, vê lá, não me faças essa desfeita". Se hesitas algo treme, se concordares, vem o alívio. Se discordares olham-te de lado, tentam demover-te. Tenho recebido e-mails de amigos e conhecidos a falar com grande convicção que o único voto certo é o Sim, nuns casos, e o Não, noutros. A determinação é evidente. A minha resposta parece que pode ditar o que essa pessoa pensa de mim. A andar nas ruas tenho medo. Pode-se aparecer um apoiante do Não ou do Sim, e se não concordar com ele, ainda me pode dar um enxerto de porrada. Nestes últimos dias tenho andado mais pela Damaia, já que, por lá, poucos se parecem importar com essa coisa esquisita que alguns chamam "refeiendo"... Pelas estradas de terra e barracas da Damaia grito pelas ruas "Sim!!!" ou mesmo "Não!!!" e a única coisa que me acontece é ser assaltado, nada mais. Por lá sou feliz, já em Portugal, nestes dias de divisão, nem por isso.

De seguida vem o boletim de voto que encontrarão a 11 de Fevereiro nas salas de chuto do Sim e do Não. É para irem treinando a cruz, dá jeito:

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