terça-feira, janeiro 30, 2007

a iniciativa


Produções Fictícias no seu melhor. Contra "monocultura estabelecida nos canais, sobretudo nos privados", segundo Nuno Artur Silva em declarações ao Público.

Como a notícia já não está disponível para não assinantes do Público, coloco aqui praticamente na integra:

Produções Fictícias com novo projecto para a ficção nacional
Contra a "monocultura estabelecida" nos canais televisivos, o insucesso comercial do cinema português e a "grande fragilidade da ficção portuguesa, que são os argumentos", as Produções Fictícias puseram um grupo de 16 guionistas em movimento. PF On the Move é uma iniciativa da empresa de criativos que está já em campo, a propor projectos de séries, filmes e aconselhamento junto das estações de televisão e das produtoras a operar em Portugal.
Para Nuno Artur Silva, das Produções Fictícias, a ideia-chave é recuperar a "diversidade" que nos últimos anos falta à ficção nacional, na televisão e no cinema. Questionado sobre se se trata de reagir à concorrência, devido ao espaço que outras empresas de escrita estão a ocupar nas televisões, Nuno Artur Silva frisa que as Produções Fictícias se posicionam contra "a lógica da ficção pastosa, entediante, conformista, previsível, que domina e empobrece o imaginário dos espectadores", e que se resume numa só palavra: telenovela. A "monocultura estabelecida nos canais, sobretudo nos privados", é não só o afunilamento da escrita para televisão para o universo das novelas, mas também uma "situação que se está a instalar, que é o facto de os canais entregarem tudo a uma só produtora" de conteúdos, denuncia Nuno Artur Silva.
O On The Move distingue-se da actividade natural da empresa pela concentração de esforços que permite "pensar de maneira integrada os filmes e as séries", com a finalidade de, "com um certo grau de provocação ao mercado, apresentar formas diferentes de fazer ficção".
Os argumentistas da equipa, entre os quais Virgílio Castelo, estão a dedicar-se não só à resposta a encomendas, como à apresentação de projectos originais, ao aconselhamento (doctoring) e preveêm a realização de workshops. A reacção do mercado está a ser positiva e já está a ser trabalhada uma série sobre o regicídio de 1908, ainda sem título, para a RTP. Nuno Artur Silva afiança ainda que já há interessados em garantir direitos de opção sobre ideias e propostas do grupo.
Quanto ao cinema, as Produções têm o ensejo de "fazer filmes que encontrem os seus públicos" e garantem poder resolver a eterna equação que separa o cinema independente do sucesso comercial. "É essa a síntese que falta fazer no cinema e na ficção televisiva portugueses", diz o responsável, que destaca o papel da regulamentação da Lei da Arte Cinematográfica e do Audiovisual nesse sentido. O diploma abre novas possibilidades de financiamento, nomeadamente pelo espaço dado a anunciantes, canais de televisão e distribuidores. A ideia é manter "um certo espírito indie que sempre caracterizou as Produções, nomeadamente no humor, que é a sua imagem de marca", mas associá-lo à sustentabilidade económica.
por Joana Amaral Cardoso

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