sexta-feira, julho 07, 2006

adeus público, olá público

[A situação do Público assusta. José Manuel Fernandes vai liderar as mudanças editoriais e gráficas, mas pode não ficar até ao fim do projecto. É um jornal de referência e que está pelas ruas da amargura em termos de moral, tiragem e publicidade. Factores bem importantes. Estou muito curioso para saber quais serão as mudanças. Sempre fui fã do Público antigo, mas já há alguns anos que acho que existem muitas mudanças para melhor que se podem fazer. Acredito que muitas mudanças podem não ser positivas...]

Com dezenas de dispensas na calha
'Público' prepara revolução
Nelson Marques, in Expresso
A reestruturação editorial e gráfica do jornal será acompanhada pela dispensa de dezenas de jornalistas e novas contratações. É a «reinvenção» do diário, sublinha a direcção do título.
«A NOSSA ambição é fazer um jornal que seja tão diferente, tão inovador e que rompa tanto com a tradição da imprensa portuguesa como fizemos quando o Público nasceu, há 16 anos». Foi desta forma que o director do «Público», José Manuel Fernandes, explicou hoje ao EXPRESSO a revolução que o título está a preparar para chegar de cara lavada às bancas em Janeiro do próximo ano.
Depois da anunciada modernização gráfica do diário, que tem vindo a ser trabalhada por Mark Porter, o designer responsável pela remodelação do britânico «The Guardian», a direcção do jornal começou esta semana a debater com os jornalistas a reestruturação editorial que o título deverá sofrer. Questionado sobre as alterações que serão introduzidas no diário, Fernandes preferiu escudar-se num «ainda estão em discussão», mas o EXPRESSO sabe que não foi por acaso que o jornal contratou o designer do «The Guardian». O título britânico será «uma das referências», nas palavras de José Manuel Fernandes, do novo «Público» que será composto por dois cadernos: o primeiro concentrará as principais notícias do dia, o segundo deverá incidir mais na reportagem e num outro olhar sobre a realidade.
A decisão deverá implicar a extinção dos três cadernos locais (Porto, Centro e Lisboa). Já em Setembro de 2002, o título de Belmiro de Azevedo havia posto fim à experiência do «Local Minho», que durou apenas dois anos, e este ano avançou com o encerramento de todas as delegações, com excepção da de Coimbra. Fernandes sublinhou, contudo, que o diário manterá a sua matriz, com duas redacções, no Porto e em Lisboa.
A remodelação dos conteúdos e do grafismo deverá ser acompanhada pelo redimensionamento da equipa de jornalistas. José Manuel Fernandes apenas adiantou que as necessidades de pessoal terão que ser «reavaliadas» à luz do novo modelo, mas numa missiva que escreveu esta semana aos jornalistas admitiu que as mudanças seriam feitas num «ambiente de grande turbulência, com muitas pessoas a sair e outras a entrar».
Entre a redacção, existe a convicção de que poderão vir a ser dispensados 40 ou 50 profissionais, uma oportunidade que o jornal aproveitará para introduzir sangue novo na redacção. Confrontado com estes números, o director do «Público» refuta em absoluto esse cenário.
Os prejuízos do título da Sonae no primeiro trimestre de 2006 situaram-se nos 2,2 milhões de euros, um agravamento de 380% em relação ao período homólogo do ano passado. No mesmo período, a circulação média mensal caiu 8,1% para os 44.256 exemplares por edição, acompanhando a tendência de descida da imprensa nacional.

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