sábado, maio 27, 2006

cavaco chama, directores escrevem

[Não é todos os dias que os directores dos jornais de referência, escrevem notícias no seu jornal, aliás é muito raro. Mais: ainda será mais raro ambos escreverem no mesmo dia, e sobre o mesmo assunto. Não, não foi as comemorações do 25 de Abril, foi o programa de Cavaco Silva sobre a exclusão social. Quem chamou atenção para este "acontecimento" que se verificou ontem foi o João Paulo Meneses:

"Os leitores do Público terão estranhado que José Manuel Fernandes tenha escrito uma notícia de uma página, na edição de hoje, que abre a secção «Nacional».
Se também tiverem lido o Diário de Notícias terão encontrado, também, quase uma página com duas notícias, assinadas por António José Teixeira.
Se continuassem a leitura, encontrariam no Correio da Manhã uma página, a abrir a secção «Política» assinada por João Marcelino.
E, para terminar, no Diário Económico e em O Independente há também notícias assinadas por Martim Avillez Figueiredo e por Inês Serra Lopes!!! Chega? *

De comum entre eles:
- todos os textos são publicados hoje;
- todos os citados são directores e raramente escrevem notícias;
- o assunto era o mesmo: os «Roteiros» de Cavaco Silva que começam segunda-feira, com declarações «on» do próprio (o Correio da Manhã até inclui uma pequena entrevista);

O que é que aconteceu? Cavaco Silva chamou os directores a Belém, falou-lhes dos seus «Roteiros» e dessa conversa colectiva saíram os diversos textos (mas só O Independente refere esse contexto, «uma mesa cheia de directores de jornais, rádios e televisões») - o Presidente conseguiu uma coisa verdadeiramente insólito: pôr (quase) todos directores a escrever notícias. Notável!

* No JN a notícia não é assinada e no Jornal de Negócios é o director-adjunto quem a assina; Pedro Tadeu foi esquecido?"

Coloco partes em baixo (destaco, na minha opinião, a maior capacidade para escrita mais atractiva de José Manuel Fernandes do que de António José Teixeira - que tem maior experiência na rádio):]



Presidente inaugura "roteiros pela inclusão" - Público
Depois do discurso do 25 de Abril, Cavaco Silva parte segunda-feira para o terreno para dar a conhecer experiências positivas de combate à exclusão social

Uma aldeia que há quinze anos tinha apenas 11 habitantes e agora tem 65. Um concelho onde existe um programa exemplar de combate ao alcoolismo. Outro onde há bom serviço ambulatório de apoio aos idosos. O concelho com o maior índice de envelhecimento da população. Uma instituição privada com anos de experiência no combate à pobreza.
Durante dois dias, o Presidente da República vai percorrer o interior sul do país naquilo que designou como Roteiro para a Inclusão. Começa segunda-feira de manhã no concelho de Alcoutim e termina terça-feira à noite no de Vila Velha de Ródão. O objectivo, como ontem o próprio Cavaco Silva explicou aos directores dos principais órgãos de informação portugueses, é dar continuidade ao discurso do 25 de Abril, mostrando por actos e não apenas por palavras, "pois isso não está na minha natureza", que não é possível conformarmo-nos com o dualismo do nosso desenvolvimento, o qual deixa demasiados para trás.


Naquela que será apenas a primeira de várias viagens enquadradas sob a designação geral de "Roteiro para a Inclusão", o Presidente disse que procurará "mobilizar a sociedade". Para isso quer "evidenciar o que se está a fazer bem, não o que está a correr mal", quer dar exemplos de optimização na gestão dos recursos e promover a visibilidade de iniciativas que considera meritórias para "insuflar o espírito da solidariedade" entre os portugueses. Esta primeira jornada, que passará ainda por Mértola, Reguengos de Monsaraz, Portalegre e Fratel, será dedicada à exclusão nas regiões periféricas e à que está associada à velhice.
"Os nossos números não deixam ninguém indiferente", referiu Cavaco Silva.

NUMEROS
Na União Europeia, a relação entre o rendimento dos 20 por cento mais ricos e dos 20 por cento mais pobres é de 4,6 para um. Em Portugal é de sete para um.

A taxa de pobreza persistente na União Europeia (a 15) é de nove por cento, em Portugal é de 15 por cento

Há em Portugal 109 idosos com mais de 65 anos para 100 jovens com menos de 14. Mas em Vila Velha de Ródão a relação é de 526 idosos para cada 100 jovens

mais in Publico


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Cavaco "desconfortado" com a pobreza traça Roteiro para a Inclusão - DN
No dia 25 de Abril, Cavaco Silva "não quis maçar os deputados com os números" que atestam a liderança portuguesa da União Europeia na desigualdade de distribuição de rendimentos. Mas surpreendeu-os ao escolher o combate à exclusão social como causa nacional. Um mês depois, passou das palavras aos actos. Traçou o "Roteiro para a Inclusão" e chamou a Belém os directores de informação para o divulgar. Na segunda-feira, começa em Alcoutim um périplo que o levará também a Mértola e, na terça, a Monsaraz, Portalegre e Vila Velha de Ródão.

Desta vez o Presidente da República tinha muitos números para justificar as suas preocupações. O risco de pobreza persistente afecta 15% da população portuguesa enquanto a média europeia é de 9%. Também os 20% mais ricos portugueses têm sete vezes mais rendimentos que os 20% mais pobres. A média europeia é de 4,6 vezes. Entre os mais pobres estão os idosos, sobretudo os que vivem isolados. Perante estes indicadores, "qualquer um fica desconfortado", diz o Presidente.

Cavaco Silva quer mobilizar a sociedade portuguesa para enfrentar estes problemas. Vai "evidenciar as boas práticas e não o que se faz mal". Prefere não fazer eco das desgraças: "Não precisamos de nada que possa diminuir a nossa auto-estima." Diz querer contribuir para o aumento da eficiência na utilização dos recursos disponíveis e estimular novas iniciativas da sociedade civil.

mais in DN

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