PERGUNTA DA NOITE: Como é que um político pode ser tão calunioso e faltar tanto à verdade sem qualquer consequência?
Sim, eles têm imunidade dos tribunais, têm de prestar contas apenas aos partidos e às vezes. No entanto, no debate desta noite sobre o livro de Manuel Maria Carrilho, este senhor, insistiu no seu livro infantil e de clara vitimização em condenar os meios de comunicação por ter perdido as eleições, bem como as agências de comunicação.
1. Parece-me algo exagerado a RTP ter levado para o Prós e Contras o livro de Manuel Maria Carrilho, quase exclusivamente.
2. Chegou-se a lado nenhum com o debate. Ao fim ao cabo, o final foi o climax do que eu chamaria uma estrumeira.
Manuel Maria Carrilho leu de forma provocadora e directamente insinuante alguns pontos do Código Deontológico dos Jornalistas a Ricardo Costa. A parte preferida foi: "meios leais, conhece essa palavra, Ricardo?" Em tom de ataque pessoal a Ricardo Costa, já que durante o debate ele explicou que o livro e declarações de Maria Carrilho não provam aquilo que ele insinua no livro - a verdade simples e claro, portanto -, Carrilho descarrilou ao terminar por chamar Ricardo Costa "a vergonha do jornalismo em Portugal", ao insinuar que ele era corrupto, entre outras coisas do género. Algo que Carrilho fez durante a campanha com os adversários e que marca o estilo Carrilho - o político. Infelizmente, para a política, sociedade portuguesa e para a Bárbara, este estilo tão marcado, é do mais bacoco, cínico e arrogantemente infantil e vaidoso possível. A verdade é que este homem, Manuel Maria Carrilho, que pode ter muitos méritos filosóficos e até culturais, como político que procura ser, utiliza argumentos de um cinismo e falsidade que assusta os piores oradores gregos, da Antiguidade Clássica.
Como dizia Ricardo Costa, Carrilho, esse homem que, de facto, é um perdedor de eleições, queria ir às redacções reescrever os artigos aos jornalistas.
ATENÇÃO à navegação! MANUEL MARIA CARRILHO é altamente VINGATIVO.
O homem que depois de uma acusação de Morais Sarmento, respondeu a gozar com o facto dele ter sido toxicodependente, não suporta a crítica e quem o confronta, especialmente quando esse alguém acaba por mostrar poder ter mais razão do que ele, por isso mesmo responde sem escrúpulos e sabendo que está a faltar à verdade, como uma criança da primária. Se lesse isto, Carrilho acabaria comigo e este blog em momentos... possivelmente.
JORNALISMO
No programa falou-se, não por Carrilho, em algumas questões reais sobre jornalismo. Mas o que poucos disseram é que aquilo que se falou era apenas jornalismo político. Existem falhas no jornalismo e nos jornalistas, sim. Mas poucos se apercebem que estão a pedir a uma classe pobre e que está completamente sobrecarregada que se torne melhor.
Menos jornalistas nas redacções significa pior qualidade, imperetrivelmente. Não se lhe pode fugir. Não se pode acusar os jornalistas e as redacções, como o fez Emidio Rangel, de seguirem por notícias que provêem de agências de comunicação, quando todo o panorama de comunicação em Portugal está a mudar.
Caro Emídio Rangel, repare. Cada vez mais os organismos estatais, cada vez mais empresas (de toda a espécie e feitio), cada vez mais clubes de futebol, cada vez mais organizadores de eventos, cada vez mais universidades e laboratórios, cada vez mais personalidades importantes, cada vez mais órgões de comunicação: recorrem a agências de comunicação. Se isto acontece, como é que os cada vez menos e cada vez mais explorados jornalistas podem DIMINUIR as notícias de agências. A tendência, meu caro, é aumentar. Upa, upa, para cima. É incontornável e isso traz coisas boas e más, claro. As más podem piorar o jornalismo, mas também há hipóteses de o melhorar, claro que estou a falar em vários domínios e não só no político, como parece ser apanágio ultimamente.
Para se fazer democracia não é só a política e o jornalismo que lhe é inerente que são importantes. De qualquer forma parece-me abusivo acusar jornalistas e agências de comunicação de falta de verdade ou lealdade que perturbam a democracia. A fonte de tudo isto também são os políticos, que se dizem vitimas de um sistema que os coloca na ribalta seja para os enaltecer ou denegrir. A verdade mediática (que nem sempre é igual à verdade real) tem destas coisas, pode ajudar ou lixar um político. Mas isso está relacionado com a vida. Repare, caro Rangel, nem mesmo em programas como o Big Brother, em que supostamente vimos tudo da vida dos habitantes, as questões eram pacíficas. Isto porque se um concorrente dizia determinada coisa, havia, por exemplo, uma maioria de pessoas que encaravam de um modo positivo, mas uma minoria que viam de um modo negativo - e se calhar a verdade estava no modo negativo. Na mediatização, assim como na vida, é preciso não só representar bem e jogar bem o jogo, como cair-se no goto das pessoas.
Voltando ao jornalismo, tenho muita pena que não existe um organismo real e com força e iniciativa, como seria uma Ordem, no jornalismo. Faz falta por vários motivos. E o principal, ao contrário do que se pensa, não é obrigar os jornalistas a seguiram o código...
O PRINCIPAL, inicialmente, só pode passar por melhorar as condições dos jornalistas e as formas, não só como eles são regulados (importante, sem dúvida), como eles são protegidos dos constantes ataques. Caríssimos, se queremos uma boa omelete, temos que ter bons ovos. E os bons ovos aqui, são boas condições para os jornalistas, aí sim se pode exigir óptimos níveis de qualidade, dentro do possível. Vou dar um exemplo concreto sobre a comunicação. Se uma agência de comunicação paga a viagem a um jornalista de um jornal para ir cobrir a um lado qualquer o evento B e o evento A não fez nada disso, é normal que o evento B saia com um destaque bem maior no jornal. Faz sentido porque o dinheiro é, de facto, importante nas empresas de jornalismo e para os jornalistas.
PIOR. Existem diferentes tipos de situação nesta profissão que é o jornalismo. Mas, actualmente, o jornalismo aproxima-se do mecenato. Infelizmente, ao contrário dos mecenas, os jornalistas não são ricos e precisam daquela coisa chamada dinheiro para viver. Actualmente, é dificil não resistir em sair do jornalismo e ir para agências. Pagam muitíssimo melhor, trabalha-se menos horas e, em norma, sem stresses diários tão grandes. Já para não falar de não terem a responsabilidade de seguirem uma informação que se revela errada e depois terem de ser crucificados por isso, sem qualquer protecção. Todos os dias os jornalistas expõem-se ao tentar informar. Em determinado tipo de jornalismo as críticas são mais frequentes do que noutros, no entanto, críticas injustas são diárias. Mesmo aquelas que têm razão, muitas acabam por ser injustas, porque poucos têm a noção do que é ter de decidir em minutos diversos assuntos.
Acuse-se então, se se faz questão.
Adeus. Vou dormir... sem pensar mais nisto.
terça-feira, maio 23, 2006
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