[No Luxemburgo]
Sonhos transformados em pesadelo
De olhos postos no televisor do café, a maioria dos clientes está preocupada em verificar se há números da sorte nos seus boletins da lotaria nacional. No início da noite daquele dia, José (nome fictício) já tinha investido no azar quase 700 euros. Desempregado, vai jogando, e esquecendo o número de garrafas de cerveja aos poucos esvaziadas. José é o rosto de um novo Luxemburgo, onde o desemprego, a droga (de consumo e de tráfico), o álcool e a prostituição anunciam a morte da velha árvore das patacas. A imagem do português humilde e trabalhador deixou de ser o que era.
"Desde há três ou quatro anos que começou a chegar ao Luxemburgo um novo tipo de emigração", confirmou ao DN a cônsul geral de Portugal. "Agora vêm de carro", especifica Cristina Almeida, fazendo esquecer a imagem da famosa mala de cartão de Linda de Suza. O padre Belmiro, da Missão Católica Portuguesa, acrescenta outro pormenor. "Agora já não pedem trabalho, mas um trabalho específico."
Continua a verificar-se alguma oferta de emprego , especialmente nas obras e na hotelaria. Mas já não é tão fácil como antes. Parte do novo fluxo de emigração, reiniciado com a recente recessão da economia portuguesa, nem sequer procura trabalho: "Vêm para cá e vivem pedindo aqui e além. Há uns lares que dão abrigo aos indigentes... e depois há aquela coisa do Rendimento Mínimo Garantido (RMG). Mas esse subsídio é só para quem cá estiver há já alguns anos... no mínimo dez. Ora, há pessoas que vêm convencidas de que os meios da assistência social são abundantes", explicou o sacerdote da Beira Baixa, a viver no Luxemburgo desde 1977.
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domingo, abril 09, 2006
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