domingo, abril 09, 2006
ela é única
[Fascinante é o que acho de Joana Amaral Dias. Não só porque tem bom aspecto dando a sensação de ser uma política jovem, como tem uma maneira de falar cativante e acima de tudo fala sobre assuntos pertinentes e com sentidos interessantes. Nem sempre concordo com ela.]
Psicóloga & política
Andou anos em pontas, mas sempre duvidou que chegasse a «prima ballerina». Passou pelos laboratórios de Farmácia, mas não gostou da experiência. Acabou psicóloga. As luzes da ribalta chegaram com a política
A sua tese de mestrado foi sobre a solidão, para muitos a doença do século XXI. Por que escolheu este tema?
Chamei-lhe «A solidão - Contributo para a compreensão da génese da capacidade de estar só». Interessava-me esmiuçar este paradoxo: é-nos cada vez mais exigida a capacidade de estarmos sós -, aliás, a autonomia passou a ser um valor absoluto, que no século XXI tende a sobrepor-se a quase todos os outros, nomeadamente à solidariedade -, mas as pessoas parecem cada vez menos capazes de o fazer.
Que concluiu?
Comprovei, por exemplo, a importância que tem a capacidade e a aprendizagem de se estar sozinho como estruturante da personalidade do indivíduo; e como isso é, de certa forma, contrário à vivência social e cultural quotidiana actual.
Como é que as pessoas vivem com essa contradição?
Algumas safam-se mal. Há um leque de situações sintomáticas e patológicas preocupante, que vai desde o número de depressões - que assume uma proporção absolutamente inédita -, à toxicodependência e a problemas de somatização. Nem tudo é explicado, obviamente, pela incapacidade de se estar só (que é o mesmo que estar consigo mesmo porque nunca estamos sós), mas isso faz parte do pano de fundo.
É por isso que os portugueses vão ao psiquiatra, ao psicanalista ou ao psicólogo?
Geralmente são dois tipos de clientes. Os que estão à rasca, com algum problema com o qual não conseguem lidar - e, nesse caso, habitualmente o recurso a um profissional de saúde mental é a última instância porque ainda há um certo estigma associado a isso. Os sintomas podem ser muito variados, desde algo obsessivo-compulsivo a um problema relacional, passando pelo insucesso escolar... Os outros são bastante raros: trata-se de pessoas que procuram conhecer-se e compreender-se melhor, têm curiosidade, às vezes com algum autodidatismo associado, e que não apresentam um sintoma muito circunscrito ou grave.
in Única - Expresso, por Isabel Lopes
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política
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