segunda-feira, março 27, 2006

smelly cat


Gato em gravações
Gato Fedorento. Com o humor e crítica social a que já habituarem o seu público, os Gato Fedorento têm tido semanas ocupadas com a gravação da série Lopes da Silva, que estreia na RTP sexta-feira [na passada sexta]. O Frescas e Boas acompanhou as peripécias da gravação de um sketch… político.

João Tomé - in Destak (esta versão online é a original e com o triplo do tamanho da edição do jornal)

«Quem é está aqui a faltar às aulas?» Pergunta o senhor político Lopes da Silva, ou melhor, Ricardo Araújo Pereira (RAP) aos 48 jovens figurantes que fazem de público entusiasta de um comício inventado. Logo respondem quase metade ao colocarem o braço no ar. «Que bom, estamos a contribuir para a educação deste país», diz RAP. Entre a gravação das falas e as brincadeiras com colegas do Gato Fedorento e os figurantes, RAP vai desviando o olhar, a brilhar, para filha ainda bebé, que olha o pai a trabalhar ao colo da mãe.

Lopes da Silva, o político
No meio de uma sala pequena de um hotel de Lisboa, a azáfama das câmaras, da produtora, técnico de som, anotadora, realizador e a emoção dos figurantes, contrasta com a calma dos quatro homens que criaram um dos fenómenos de humor portugueses mais bem sucedidos dos últimos tempos, os Gato Fedorento. Entre os takes e cenas conferenciam, olhando para o caderno preto de RAP, onde está o texto que escreveram em casa do José Diogo Quintela. O sketch que estão a gravar mantém a simplicidade das primeiras temporadas do grupo: o candidato a presidente Lopes da Silva (RAP) está a dar um comício, com o seu assistente, Miguel Góis. Primeiro, vê-se impedido de falar já que o público repete entusiasticamente a sua última palavra de cada oração, até ao momento em que já repete, palavras como «aqui» e «conseguiremos» não deixando o candidato falar. Depois, assistimos à forma como o público fica frustrado e pára de apoiar o candidato sempre que ele diz a palavra: manietar. Em cenário, um evoluído cartaz com a cara gigante de RAP, desconfiado, já os figurantes envergam bandeirinhas e cartazes com a cara do político da moda, Lopes da Silva.

Os figurantes
RAP é o mais energético, vai constantemente fazendo os gestos e jeitos do personagem político e engravatado com o nome incontornável nesta nova série: Lopes da Silva. Canta o hino do partido com Miguel Góis, manda bocas ao «fininho», José Diogo Quintela, recolhe os conselhos de Tiago Dores e, do púlpito brinca com os jovens figurantes. «Já estive noutras gravações de séries portuguesas e nunca vi actores tão preocupados em distrair os figurantes, como agora. O RAP faz autêntico stand up comedy nas paragens de gravações», afirma Nelson, de 17 anos, que veio de Setúbal. Foram mais de dois mil candidatos para figurantes, dos 7 aos 67 anos, de norte a sul. Já dois amigos comentam: «estes são os nossos 15 minutos de fama», já que os figurantes são filmados bem de perto. No final, os Gato tentam apressar a já habitual pose para as dezenas de fotografias com os figurantes para irem ainda ver o jogo Benfica-V. Guimarães, excepto José Diogo Quintela, sportinguista. Nem a previsão de 15-0, ajudou o Benfica nessa noite de afastamento da Taça de Portugal.



“Teo”, realizador animado
Ao realizador do programa, Teotónio Bernardo, que veio já dos tempos da SIC, os Gato chamam um carinhoso “Teo”. «Eu respeito muito aquilo que eles fazem e, como autores que são, dou-lhes liberdade criativa, afinal este é o programa deles», disse ao Destak Teotónio Bernardo. Sobre a evolução para a RTP, «temos agora uma anotadora, mais técnicos, temos verdadeiros figurantes e cenário de jeito». Durante as gravações o realizador ri-se bastante com as brincadeiras dos Gato, mesmo assim, consegue manter a ordem, já que os considera «responsáveis». «É um privilégio trabalhar com autores assim, numa equipa com uma interacção muito grande», afirmou Teotónio Bernardo.

- Site da RTP sobre os Gato Fedorento

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