sexta-feira, janeiro 27, 2006

bruxas

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[Achei este post da Tati muito interessante até a nível histórico, por isso reproduzo de seguida: ]

"Num mundo teocrático, a transgressão da fé podia ser política ou sexual. Os inquisidores puniam, por isso, as mulheres, expurgando o mal nascido do corpo sexuado. Rectidão e justiça eram qualidades delas arredadas por via do nascimento de uma costela torta de Adão. Copulariam, não somente para perpetuar vida - como de espírito mui recatado se esperaria -, mas também pelo diabólico prazer. Pela fertilidade, a mulher era vaca sagrada, pela capacidade orgástica e pela malícia, viciosa. Feiticeira à conta da íntima relação com o demónio que lhe habitava as funduras do corpo.

Romperam-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. Por fim liberta do controle da sexualidade e da reclusão ao privado, os dois pilares da opressão feminina. Advém que, sendo o raciocínio linear no caso em presença, as bruxas são hoje legião. Bruxas que não podem ser queimadas vivas, integram o feminino na história, resgatam o prazer, a solidariedade e a união com a natureza. Vingadas estão as bruxas da Idade Média. Finalmente."
in Sem Pénis, Nem Inveja

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