terça-feira, dezembro 06, 2005

o reporter em cada um de nós

Jornalismo convoca cidadãos
O jornalismo pode estar a entrar numa nova fase em que convoca o cidadão comum para participar na cobertura da actualidade, principalmente através da fotografia.
A evolução da tecnologia permitiu que actualmente qualquer pessoa esteja em condições de tirar fotografias, principalmente com as máquinas digitais e com os telemóveis com câmara fotográfica. Foi com estes factores que nasceram os apelos aos já denominados "cidadãos-jornalistas". Em Inglaterra, o conceituado Daily Telegraph lançou um pedido aos seus leitores para que enviem fotografias para publicação, mas os termos em que o faz estão a levantar polémica junto de algumas agências, nomeadamente da Scoopt.

Em causa estão os direitos de autor das imagens, já que o diário britânico fica com o "exercício de todos os direitos", Kile McRae, director da Scoopt, acusa o jornal de "explorar a boa vontade das pessoas", apesar de considerar "legítimo que se peçam contribuições, mas há um problema com os direitos e estes termos são draconianos". McRae diz-se preocupado com "o valor das fotografias, que podem ser vendidas várias vezes sem que o dono receba por isso".

Mas o responsável da Scoopt defende a entrada em cena dos cidadãos no palco do jornalismo. A agência que dirige nasceu em Julho e está virada exclusivamente para estes novos fotógrafos amadores, com quem se relaciona através da Internet (www.scoopt.com). A agência só negoceia com membros registados, mas conta já com cerca de 4300 inscrições, em 80 países. "As pessoas gostam de participar na informação e assim chegam pelo seu pé", acrescenta Kyle McRae. A sua agência mantém um padrão de exigência elevado e garante 50% das verbas de cada venda ao autor, mas é com estas compras que se lança nova "discussão com os sindicatos" dos fotojornalistas, revela McRae. Chris Eliott, do jornal The Guardian, entende que tal situação "é equivalente a pagar pelo correio dos leitores". Por outro lado, o Sindicato de Jornalistas Britânicos trabalha já num código de conduta que ajude a definir as qualificações do que prefere designar como "cidadãos-testemunhas".
in DN

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