sábado, dezembro 17, 2005

norge


Um negócio que vale 500 milhões de euros
4 mil quilómetros separam duas cidades unidas pelo mercado do bacalhau

As mulheres ficam em terra e constituem a principal mão-de- -obra, com salários distantes dos 2500 euros mensais da Noruega "Em 30 anos, passámos de 70 navios de pesca longínqua para 15"
Há um cemitério feito de terra portuguesa numa cidade costeira mais ou menos a meio do mapa da Noruega. Esse chão português em solo nórdico foi transportado ao longo de anos nos navios de pesca do bacalhau. Para lá levavam terra e no regresso traziam peixe. É uma terra escura, mais rica em nutrientes, dizem os locais, e que transportou sementes estranhas a Kristiansund. Assim se chama essa cidade de cerca de 28 mil habitantes onde, além de plantas, se encontram rostos com traços portugueses.

É história. Kristiansund nasceu há 250 anos com a pesca do bacalhau e manteve até há pouco tempo o título de capital do klippfisk (nome que os noruegueses dão a esse peixe depois de seco que aprenderam a comer em pouco mais de duas variações culinárias com portugueses e espanhóis). O porto perdeu, entretanto, o estatuto para Alesund, um pouco mais a sul, contentando-se agora com um segundo lugar entre os mais importantes centros de pesca e transformação de bacalhau na Noruega.

A cerca de quatro mil quilómetros, uma outra cidade tenta recuperar na indústria transformadora o peso que foi perdendo na pesca do bacalhau. Fica na metade norte de Portugal, próximo de Aveiro. Era de lá que partiam muitos dos navios carregados de terra. Era lá, também, que aportavam meses depois os mesmos navios, mas cheios de pescado.

É outra história. A de uma cidade de bacalhoeiros onde o bacalhau nunca chegou fresco. "Em 30 anos passámos de 70 navios de frota longínqua para 15 e, hoje, esses pescam só três por cento do bacalhau que consumimos", afirmou ao DN José Ribau Esteves, presidente da Câmara de Ílhavo.

Os maiores consumidores. Kristiansund e Ílhavo são hoje dois pólos de um circuito comercial avaliado em 250 milhões de euros, valor correspondente às cerca de 40 mil toneladas de bacalhau que a Noruega exporta anualmente para Portugal e o equivalente a 55% do consumo total nacional. É o maior fornecedor do mercado português e o único que coloca no nosso país o produto pronto a consumir (ver entrevista). Uma maneira de controlar melhor toda a cadeia daquele que é o melhor consumidor mundial, per capita, de bacalhau salgado seco. Dá qualquer coisa como 6,8 quilos de bacalhau por ano a cada português e um gasto de cerca de 50 euros.
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