sexta-feira, novembro 04, 2005

tudo o que passa, passa por lá

entrevista José Fragoso DIRECTOR DA TSF
"A rádio portuguesa vive num sistema de duopólio"

O DN prossegue hoje o ciclo de entrevistas aos responsáveis pelas rádios nacionais, com José Fragoso, há dois anos o 'homem do leme' da estação informativa TSF

A Prisa, antes da TVI, esteve interessada na Lusomundo Media, por causa da TSF. Luís Montez (LusoCanal) disse em entrevista ao DN "Quem não gostaria de ter a TSF?" A Media Capital já assumiu que está a estudar a possibilidade de criar uma rádio informativa. Sente-se director de um "objecto de desejo"?
Fico sempre contente por saber que a TSF, com a performance que tem, é reconhecida no mercado como um activo muito importante. Dentro do grupo onde estamos inseridos, sentimos que esse reconhecimento é claro. Trabalhamos para que os nossos conteúdos sejam reconhecidos externamente, para que o nosso trabalho seja visível e tenha uma boa receptividade junto do público. Levamos às pessoas o máximo de informação, a melhor informação, a melhor análise e o melhor comentário. É para isso que construímos uma rádio que vive da informação e que é hoje um meio de comunicação social de referência.

Há espaço para uma outra rádio com as mesmas características que a TSF?
Não gosto de falar sobre isso, porque isso implica estudos que eu não fiz. Acho que é um tipo de problema que tem de ser estudado.

Há sempre uma tendência para comparar a Antena 1 com a TSF. Há comparação possível?
A Antena 1 tem-se aproximado, até com algum mimetismo nos últimos anos, de formatos da TSF. Mas é um canal generalista de serviço público, que tem uma actividade regulada, pois faz parte de um grupo de rádios do Estado. A TSF, sendo uma rádio de informação, tem uma grelha marcada pelos noticiários de 30 em 30 minutos, e nisso somos os únicos em Portugal. O que significa que temos de continuar a trabalhar para estar na frente. Apostamos em formatos que complementem a grelha base, que é a estrutura da TSF. É evidente que há outras rádios que se tentam aproximar do nosso modelo, porque é um modelo de sucesso.

A abrangência transversal é uma opção para atingir vários tipos de público, ou os ouvintes da TSF estão interessados em tudo o que lhes propõe?
O público que ouve a TSF é muito exigente, está interessado em ter acesso à melhor informação e não perdoa que a rádio não lha forneça no tempo exacto, com o tratamento rigoroso que a actualidade merece. Depois é possível construir para públicos específicos alguns conteúdos que acrescentam valor à TSF. Mas com eles não estamos a afastar ninguém, porque o ouvinte natural da TSF também quer estar informado sobre esse tipo de actividades e acaba por ter acesso a informações que são menos visíveis, mas igualmente importantes. Temos muitos programas que são claramente de serviço público.
(...)
Uma melhor difusão não beneficiava?
A rádio, enquanto meio, vive num sistema concentrado, num duopólio Estado/Igreja. Das seis frequências nacionais três são do Estado, duas são da Igreja e sobra uma, que é a Rádio Comercial. Depois temos duas frequências regionais, uma da TSF e uma do Rádio Clube Português. As frequências regionais não permitem a cobertura em condições. Esta é uma situação que a actual Lei da Rádio não ajuda a resolver. Esta situação penaliza seriamente a TSF.

Há 17 anos a TSF marcou a história da rádio com os noticiários de meia em meia hora. Apostar na informação de 15 em 15 minutos é uma forma de voltar a inovar?
Sim, espero que deixe uma marca. O esqueleto da TSF desenha-se em cima desses noticiários de 30 em 30 minutos. Mas sentimos que na manhã informativa, que vai entre as 07.00 e as 10.00, a escuta de rádio não é contínua. Agora aos 15 minutos vamos fornecer a informação, em sínteses mais curtas, mas que permitem ao ouvinte actualizar-se imediatamente.

Faz sentido estender esta modalidade a outros horários?
Para já, não.
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