domingo, novembro 06, 2005

paris em estado de sitio

  • Décima noite de violência urbana
    Cem veículos incendiados em várias zonas de França
    As forças de segurança francesas registaram esta noite a décima noite consecutiva de violência urbana, contabilizando cem veículos incendiados em várias zonas do país. Dez pessoas foram já detidas, segundo uma fonte policial.

    reportagem DN
    "Se Sarkozy passar por aqui, eu próprio lhe pego fogo"
    O bairro La Rose des Vents é composto por dezenas de ruas com nomes de pintores consagrados. A Rue Auguste Renoir cruza-se com a Rue Paul Cézanne, a Rue Henri Matisse entronca na Rue Edgard Degas, a Rue Marc Chagall é atravessada pela Rue Eugène Delacroix. Triste ironia se algum dia alguma coisa por ali houve de belo, esgotou-se no baptismo das paredes. Ao redor, e por todo o lado, só já resta revolta e sofrimento. La Rose des Vents é desde há uma semana um dos lugares mais violentos de França, com dezenas de carros a arder diariamente, empresas destruídas e o medo instalado cada vez que a noite cai.
    O bairro, composto por prédios de habitação social onde actualmente vivem 24 mil pessoas, na sua maioria magrebinas, fica na parte norte de Aulnay-sous-Bois, uma das cidades da periferia parisiense mais afectadas pela onda de violência que atravessa a França. Durante o dia, Aulnay é um subúrbio aparentemente pacato, batido pela chuva e em tudo igual a outros - em tudo, excepto no cheiro a borracha queimada que empapa o ar, que se entranha na roupa e que nem a chuva lava. É pelo nariz que se chega lá, e a única coisa tão persistente como esse odor fétido é um nome, repetido à exaustão em todos cantos da cidade, com um esgar de ódio Nicolas Sarkozy.
    ÓDIO DE ESTIMAÇÃO. "Se Sarkozy passasse por aqui, eu próprio lhe pegaria fogo", garante Kaloute Yassine, um jovem francês de 21 anos de ascendência argelina, à porta do clube Saddaka.
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