entrevista Bjorn Vang jornalista
"O almoço português devia ser objecto de estudo"
Um jornalista norueguês viveu dez meses em Alfama e escreveu um livro intimista sobre a identidade portuguesa. Chama-se 'Um Estrangeiro em Alfama'
Como surgiu a ideia de fazer este livro?
Quando vim, tinha a intenção de escrever um livro sobre stock-market, que era um universo que eu conhecia bem. Tirei dez meses da rádio, sem salário, vivi com umas economias que trouxe, fiz algumas reportagens... Mas passados dois meses, percebi que era uma ideia estúpida, como ir para África escrever um livro sobre a China. Devia escrever sobre o que via, sobre o que cheirava, provava e ouvia. É óbvio quando se é jornalista. O meu papel era o do observador.
Aderiu ao almoço português?
Sim, e à comida. Têm uma cozinha concentrada. Centram-se no peixe e depois há as batatas, os legumes... Separam os alimentos, não os misturam como os franceses. Diz que Lisboa é a personagem principal do seu livro. Como é que descreve esta protagonista?É uma cidade muito dividida, no sentido em que tem muitos mundos diferentes. É misteriosa, complexa. Não é polida, como Paris, que é muito elegante, mas superficial. Lisboa é como uma mulher bonita que de vez em quando tem uns problemas na vida. E há a luz...
Toda a gente fala da luz...
É mística. Se eu fosse cientista talvez conseguisse explicar. Parece o resultado de uma junção de cores, que dá uma cor completamente nova, uma combinação de factores, o ar, a humidade, a água. É como o sol da meia-noite no Norte da Noruega, em Junho e Julho. Nunca há escuro. Quando as pessoas vêm do sul da Noruega é estranho, não conseguem dormir. Para nós é normal. É como aqui.
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sexta-feira, novembro 25, 2005
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