segunda-feira, setembro 19, 2005

quem diria

Herman José humorista e apresentador de televisão
"Vestir-me de mulher foi sempre um sofrimento"
Na sequência da estreia de 'Senhora Dona Lady' (SIC), uma entrevista sobre 'reality shows' e o ano 'gay' da televisão
- por Miguel Gaspar (DN)

Depois de 'Masterplan', voltou a apresentar um 'reality show'. Porquê?
Desde pequenino que gosto imenso de pessoas. Este tipo de programas permitem entrar dentro das pessoas, espicaçá-las, moldá-las. Pou-cas pessoas em Portugal têm tanto passado e tanta memória imprintada no código genético dos espectadores. No Masterplan, isso foi essencial. Antes de reagirem, os concorrentes olhavam para mim. E se eu apoiava, a coisa levantava voo... Eu gosto mesmo de fazer, mas não posso dizer isto alto ou a SIC retira--me o cachet. Isto não é trabalho, trabalho é o Herman SIC.

Mas há aqui um trabalho psicológico...
Sim, já entrei dentro dos concorrentes. Já lhes conheci as mulheres, já percebi as motivações deles.

E quais são?
São muitas. Uma são os velhos 15 minutos de fama que o Andy Warhol anunciou. Nenhum gosta de se vestir de mulher. Isso desvirtua a lógica do desafio. Todos fazem um esforço para se depilarem e andarem de saltos altos. A partir daí o que os motiva é a competição, o dinheiro e sobretudo a popularidade, para rentabilizar no futuro.

Ninguém se vestiu tantas vezes de mulher na televisão como o Herman. Isso pesou no facto de estar no programa?
Não. Fi-lo sempre como uma opção técnica para alargar a minha paleta de cor na minha paleta de personagens. Tirando a Maximiana, vestir-me de mulher foi sempre um sofrimento físico para além do que se pode imaginar. Nunca senti um segundo de prazer.
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