sábado, maio 21, 2005
tv dependente
Não ter cabo (televisão) é uma desilusão. A televisão generalista está cada vez mais uma mistela pegajosa e mal cheirosa (m*rda), especialmente no prime time. Não se encontra nada de jeito. É impressionante. Ao fim de semana passam à tarde algumas séries que cativam, CSI, Perdidos, Alias, enfim. Mas por outro lado é costume apostar-se em filmes familiares/infantis que já passaram na tv dezenas de vezes. Podem funcionar para aquilo a que se propõe, mas quando se repete passado tão pouco tempo e de forma tão sistemática está-se a passar um atestado de "parvez" ao espectador. Não estamos propriamente a falar de filmes complexos, onde mais um visionamento pelo filme permite descobrir coisas totalmente novas. Não. São muito simples e servem um propósito limitado, daí repetir tão frequentemente é constrangedor.
Depois há a programação nocturna. Estamos perante uma bandeja de variedade muito limitada. Num sábado à noite, como é hoje e esta noite caímos na tristeza de ter uma novela, que eu considero um grande flop em vários níveis, na RTP1. Uma produção portuguesa e brasileira mas muito muito fraca. Na A Dois, temos a salvação, pelo menos para o meu tipo de gosto nesta altura da minha vida. Hoje fui presenteado com um documentário cativante e pertinente, totalmente espanhol e totalmente sobre Portugal. Desde a infância do Rei Juan Carlos em Cascais ao 25 de Abril. Uma perspectiva muito sóbria, correcta e interessante. Quase viciante, o que não é muito normal neste tipo de documentários. Na SIC temos uma programação que considero de qualidade, mas que atinge um determinado público onde eu não incluo. O K7 pirata escapa. Tem apontamentos engraçados o Francisco Menezes é muito cómico e o Nilton às vezes dá uma para a caixa. As telenovelas seguinte, parecem-me de qualidade, a qualidade Globo, mas dispenso. Na TVI temos outra novela, desta feita da vida irreal. Os breves instantes que passei pelo canal no meu habitual zapping - com quatro canais é frustrante - vi pedaços de uma discussão épicamente ridicula. Lili Caneças e uma figura assexuada, pseudo-social e pseudo-pessoa tinham uma discussão sobre protagonismo, como é óbvio. Sem pés nem cabeça. Enfim.
Numa noite como esta resta esperar pela madrugada, quando passam uns filmes aceitáveis e séries, às vezes, muito boas. Acabei de ver um anúncio do Six Feet Under. Segunda, na A Dois. Não posso esperar. Muito bom. Até o meu pai diz que gosta!
Na leitor de cd´s vou-me maravilhando com Josh Rouse, acho que estou viciado...
Na memória recordo-me perfeitamente, no que diz respeito à tv, da iniciativa das produções fictícias em inserir na RTP1 pedaços de poesia ao vivo lida por actores conhecidos em meios e de formas interessantes. Nuno Artur Silva é um dos meu heróis. Vi-o recentemente na festa do jornal Público, e estive para lhe apresentar algumas ideias. Se tivesse sozinho tinha ido. É ele um dos criadores do É Cultura, estúpido!, e é ele o criador desta deliciosa ideia de colocar apontamentos de poesia, durante alguns minutos, caídos de "pára-quedas" em prime-time. É uma ideia que já me tinha ocorrido, tenho de admitir. Vê-la na televisão causa-me muita satisfação, por achar um conceito maravilhoso, e alguma tristeza, por já me ter passado pela cabeça isso mesmo - não, ele não me copiou a ideia.
Há uns anos, tive um programa numa rádio local na minha cidade natal, que fazia todas as semanas à sexta-feira e vinha de propósito às Caldas para fazê-lo.
No inicio estava a substituir uma pessoa num programa já existente. Mas depois tive maior liberdade e criei o "60 minutos à abrir!". Era um programa de rádio, com muitas limitações, mas repleto de informação. Às 19h começava com uma entrada triunfal, uma música a abrir, já não me lembro qual era. Depois apresentava-me, dizia o conteúdo do programa e, se seguida punha uma música para desanuviar. Depois lia noticias nacionais, de seguida punha mais uma música e vinham as internacionais. Mais uma música e regressávamos com o Espaço Poesia, onde lia um poema de um autor português (na maioria das vezes), com musica inicial dos X-files, e depois uma mais suave. Vinha a publicidade, que não tinha nada a ver. Depois tinha as notícias locais, mais uma música - antes das músicas dava informações sobre bandas e concertos, e mais para o final vinha o espaço das sugestões para o fim-de-semana, incluindo cinema. Para terminar em beleza vinha o Espaço Poesia.
Nem sempre conseguia cumprir este programa tal e qual, fosse por problemas técnicos, demasiada publicidade da meia-hora, ou falta de tempo para organizar bem as coisas. Normalmente só tinha umas duas horas para preparar isto tudo antes, num computador muito lento... Foi uma experiência interessante, embora tenha melhorado muito mais a minha dicção na rádio quando estive na TSF. Memórias.
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