quarta-feira, fevereiro 02, 2005

TSF - Tudo o que passa, passa na TSF


[Ora aqui está uma pequena critica a uma passagem na minha rádio preferida, da qual gostei porque também ouvi o episódio relatado. Por falar em TSF, a revista do ano feita pelo Fernando Alves está muito boa.]

Um Dia de Sol em Bagdad
por Bárbara Reis, in Público

Paulo Camacho, um repórter veterano, está em Badgad, Iraque, como enviado da SIC e, através de um acordo com a TSF, faz também reportagens para a estação de rádio. Mas quem ouviu ontem a TSF, no noticiário das 10h00, não ouviu uma reportagem muito interessante. Camacho já nos deu boas reportagens. Ontem - no primeiro dia a seguir às primeiras eleições depois da queda de Saddam - terá sido "o" mau momento do repórter em Bagdad, um mau momento da TSF, e todos os temos. A sua reportagem sobre o "domingo normal" que se vivia ontem em Bagdad não reflectia os cinco sentidos que, costuma dizer-se, uma reportagem deve reflectir. Paulo Camacho está, provavelmente, confinado ao seu quarto de hotel - é assim pelo menos que a maioria dos jornalistas de todo o mundo têm trabalhado no Iraque. E assim, ontem, o jornalista enviado para cobrir o evento explicou-nos que ontem fora feriado (o quarto feriado consecutivo), e que por isso "há muito menos gente nas ruas do que num dia normal, talvez por isso haja um ar de alguma normalidade". Parece "uma manhã de domingo em Portugal", continuou o repórter, num esforço incompreensível de proximidade com o ouvinte português. "Há poucos carros na rua, as lojas estão ainda fechadas nesta altura - é princípio da manhã aqui em Bagdad - circula um outro carro, mas não se vêem muitas patrulhas ou polícia (...). Está uma cidade pacífica, normal, está um dia de sol, não se ouviram grandes explosões nem muitos tiros até agora." E mais nada. Se o jornalista não tem muito para contar, não conta ou adia e conta mais tarde, quando tiver informação mais relevante - estar um dia de sol em Bagdad não é notícia.

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