quinta-feira, fevereiro 03, 2005

O Maravilhoso Mundo de Sócratis e Santani - Pedro e Zé


Texto João Tomé --- Fotos Lusa
Não é um assunto muito explorado neste blog. Mas as excepções (faz de conta que) confirmam a regra. Estou a falar de debate político televisivo - sinónimo de: praticamente tudo fantochada. Mais pareceu um mau jogo de futebol entre duas equipas que preferem fazer jogo sujo e falso. Aliás, as semelhanças com essa modalidade desportiva são por demais evidentes:

foram 90 minutos de jogo (debate); havia um cronómetro a cronometrar as respostas de um e outro, com luzes e tudo [aqui a semelhança é com o basquetebol]; havia duas equipas em campo a lutar com todos os meios ao seu alcance pela vitória; estava-se perante uma equipa com maior apoio(sondagens) do seu público logo mais confiante (como se jogasse em casa); os árbitros também lá estavam e nem cometeram muitos erros disciplinares, o jogo estava muito controlado e as equipas, infelizmente, não quebraram as regras;

JOVENS MAS VELHOS
Deixando os termos chatos futebolísticos, levo-vos para um extraordinário mundo velho e tradicional. Ambos levavam discursos decorados, como é normal nestas coisas (infelizmente - se fossem só tópicos decorados já era bom), apesar de José Sócrates (JS) ter um discurso tão plástico, tão empinado, tão arrogante, tão cheio de certezas totalmente absolutas que se tornou num abuso - ali tudo é plástico, televisivo e artificial, só as calças do Rodrigo Guedes de Carvalho são mais reais.

Santana tinha a lição bem estudada, apesar das habituais gaffes e falhas em certas matérias, como a coincineração. Deu a entender que sabia muito pouco do assunto, apesar de não ser bom para a imagem pessoal (infelizmente), Santana devia ter estado calado! Já Sócrates calado deveria de estar sobre o assunto, porque apesar de ter mostrado saber pormenores do tema, também já provou que defende antiguidades como verdades absolutas, não confiando propriamente em técnicos actuais, mas na sua infinita arrogância política.



OS AMIGOS
Esquecendo um pouco os pormenores ridículos do debate. Aqueles dois senhores, um advogado e um engenheiro, até se respeitam e sentem um carinho um pelo outro. Blitz [raios os partam]! Eles até foram parceiros de debate na RTP1, onde mostraram ideias semelhantes e alguma admiração mútua - o discurso de Sócrates nesses debates irritavam-me profundamente, muito pela voz dele e forma de falar; já Santana parecia um pouco preguiçoso. Claro que neste debate mostram coisas bem diferentes.
Querem mostrar que são muito dinstintos em temas e ideias, quando são tão iguais. O que me irrita na política em certas circunstâncias, como as actuais, é exactamente a falta de sinceridade. Eles não são sinceros para com eles mesmo, quanto mais para as pessoas - parece que interiorizam como de verdades se tratassem, falsidades e imprecisões abonatórias para a campanha (infelizmente!!).

Note-se: ambos aqueles senhores tentam circundar a campanha de duas formas base (visto de um prisma em particular), primeiro ter políticas que mostram uma distinção da do outro candidato (é muito importante); depois há que não apresentar políticas que desagradem aos principais nichos de eleitores [Exemplo mais flagrante, que me recordo agora: JS disse recentemente que vai ter uma política de austeridade com medidas de sacrifício, para tirar o país da crise (está na moda e as pessoas gostam, desde que seja só no ar e não lhes vão ao bolso); já as suas medidas são de aumentar as pessoas na função pública, aumentar-lhes o ordenado e gastar mais e mais - poupar? Claro, vão ter uma política de austeridade baseada em despesas; Santana promete gastar bastante também, porque é mais popular].

Depois há variantes. A falta de sinceridade como seres humanos que há aqui é encarada na política como sinceridade crível pelo maior número de pessoas.

Comentadores. Muitas das vezes são profundamente irritantes, porque fomentam o jogo de falsidades ao dizerem coisas do tipo: «R2D2 foi mais confiante e mostrou mais certezas nos argumentos apresentados.» ou «C3PO ganhou o debate claramente porque foi mais esquemático nos argumentos». Isto fomenta o discurso pré-fabricado de ontem, em que tanto Santana como Sócrates levavam as palavras decoradas - especialmente JS; que utilizou parágrafos literalmente iguais (até nas pausas) em discursos anteriores.
Porque é que os políticos ouvem o jornalista ou o adversário dizer uma coisa e distorcem-na completamente para destruir ou autopromover??

Destaque positivo. Quem viu a :2 teve a vantagem de ouvir a professora Nilza, que foi sincera e clara; e a desvantagem de...

Não percebo. Todos os dias ouço no dominio político falar constantemente em palavras como credibilidade, respeito, honestidade, sinceridade. Ora, isto é o que se diz sobre o perfil de um candidato, logo à partida - excepto os adversários que tentam mostrar SEMPRE o contrário. Quando um político morre, mesmo que seja de outra força política e já se tenha chamado de mentiroso inúmeras vezes, fala-se que era um homem sincero, honesto, pelo qual tinham imenso respeito - fica bem, e até é o que verdadeiramente pensam em grande parte dos casos. Isto espelha uma coisa. As disputas políticas são uma farsa gigante, apaparicada pela imprensa que até promove a artificialidade.

Desiludido. Pois bem. Pois mal. Como é que evito ficar desiludido? É dificil, se bem que até acho que há pessoas que valem a pena. Mesmo Sócrates e Santana, acho que são gajos porreiros, ao retirar aquela capa politiqueira entranhada. A política é politiqueiramente falsa, independentemente de JS ou PSL. Aliás, os slogans eleitorais são sempre falsos - em parte ou no todo -, e isto está comprovado cientificamente.

E agora entremos no título deste longo post
O Maravilhoso Mundo cibernético de Sócratis e Santani
Os blogs
Sócratis
«Rescaldo do debate
Estou muito contente com o debate desta noite.
Em primeiro lugar, acho que foi possível apresentar as nossas propostas, sem grande ruído de fundo. Admito que o modelo seja menos espectacular para alguns que apostam na confusão, mas penso ser bastante mais esclarecedor para os portugueses que o viram.
Em segundo lugar, não deixou de ser curioso que a maior parte do debate e das perguntas se tenham centrado nas propostas do PS, até por parte do meu adversário, que gastou mais tempo a falar delas do que das propostas com que se apresenta às eleições, o que não será de estranhar...
Em terceiro lugar, penso que ficou claro que o PS representa a mudança consequente nestas eleições e algumas das linhas fundamentais por onde passa a alternativa política.
Em quarto lugar, porque também julgo que a estratégia do fait divers, da calúnia e da insinuação saiu hoje, muito claramente, derrotada.
Quatro razões que acho mais do que suficientes para sair satisfeito. Pemitam-me que vos confesse, sem qualquer excesso de triunfalismo ou de auto-satisfação: saí mesmo muito contente. »
[Porque é que tanto Santana como Sócrates saem do debate muito contentes, muito mesmo?]

José Sócrates

[Comentário: Tenho de deixar aqui uma critica que me intriga; fui hoje ao site da Sapo.pt e vi um link de destaque para o blog de JS; curioso, entrei no Sapo cerca de 28 vezes. 20 dessas vezes (em duas horas) o link com grande destaque era do blog de JS; 1 vez do blog do Jerónimo de Sousa; 2 vezes de um novo Siemens; 4 vezes de um carro; 1 vez de um perfume. Acho um pouco estúpido a sapo fomentar blogs dos partidos, o normal seria haver um dominio especifico como acontece com blogs oficiais de filmes, partidos políticos americanos (alemães e britânicos) jornais portugueses e internacionais, etc.
O blog é cómico. É mesmo o país das maravilhas socialista, mais exagerado e arrogante que o de PSL. Os outros são o papão, eles são os heróis. É digno de se ver, sem dúvida!]



e Santani [não havia sobre o debate]
«Ânimo redobrado
Às vezes este blog tem limitações. É que não se consegue transmitir por palavras as sensações que vivemos. Ontem, em Portalegre viveu-se um momento assim.

Segundo muitos dos presentes, aquele foi o maior jantar-comício de sempre do PPD/PSD, com mais de 1800 pessoas que, apesar de estar muito frio e ser terça-feira, não quiseram deixar de estar presentes e de me apoiar a mim e ao PPD/PSD.

Foi um apoio sentido e que eu muito agradeço. O que me leva a pensar se será mesmo real o que dizem sondagens e analistas.

O que senti em Portalegre é o ânimo redobrado de muitos acreditam na vitória do PPD/PSD. »

Pedro Santana Lopes

[Comentário: É muito simples: é um cartaz com poucas intervenções de Santana e muitos de fervorosos laranjinhas que enviam vários textos que são publicados de apoio (inclusivé poemas!). Santana anda ali à volta com o apoio popular que sente nos vários comícios e as sondagens que lhe são desfavoráveis, que ele põe em causa. Tal como o de JS, não está ali nada. Eu sou daqueles que gostava de ver um tom bem pessoal nos blogs destes senhores - talvez houvesse maior sinceridade. ]

Cromos da Bola
Totonegócio: Madaíl sem medo de Bagão
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Gilberto Madaíl, não ficou com medo da decisão do ministro das Finanças, Bagão Félix, de proceder à cobrança coerciva das dívidas dos clubes ao fisco. «O ministro não nos mete medo», afirmou.

[É cómico, este senhor. Agora que sabe que o actual governo vai à vida - o PS vai ganhar, aparentemente quase de certeza - atira postas de pescada fortes a fingir carisma que nunca teve. Tem o rei na barriga, porque até fingiu que organizou sozinho o Euro 2004: primeiro, não foi ele que conseguiu que a candidatura portuguesa vencesse, foi acima de tudo o Carlos Cruz; depois, como presidente da Soc. Euro 2004, ele foi uma nulidade - só recolhia os louros do trabalho dos outros, como é o caso de António Laranjo, o principal obreiro da boa organização, com uma boa equipa de base.]

PS: brrk. Este foi apenas a tal excepção. Frescas e Boas não quer muito com a política.

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--- Estou cansado das politiquices ---
Se votar é bem possível que seja em branco. Votaria com muito prazer e confiança em António Carrapatoso (presidente da Vodafone Portugal) - seria uma lufada de ar fresco, moderno e pouco politico; é um facto que é das pessoas que mais admiro a nível de gestão, seriedade e competência no NOSSO país.

Destaque. Para a entrevista que António Carrapatoso deu à TSF, no programa Contas de Cabeça - feito pelo meu conhecido Fausto Coutinho - que passa este domingo a partir do meio dia. Outra entrevista fantástica deste programa, já há uns meses, foi de António Coimbra, vice-presidente da Vodafone; cheio de experiências interessantes e de sucesso, e uma pessoa fascinante.

Aqui ficam algumas ideias sobre a campanha das legislaticas por A. Carrapatoso - também presidente do grupo de intervenção na sociedade Compromisso Portugal; que amanhã apresenta uma análise ao programa dos partidos; no minímo interessante.

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