domingo, janeiro 09, 2005

R.E.M. (ar) no Atlântico

Diz quem sabe que, quando os R.E.M. encheram pela primeira vez o Pavilhão Atlântico, em 1999, o concerto ficou aquém das expectativas.

Mais de cinco anos volvidos, a banda de Michael Stipe, Mike Mills e Peter Buck quis redimir-se. E conseguiu-o - sobretudo recorrendo às canções mais antigas (para arrancar refrões) e ao inovador espectáculo de luzes e imagens que o trio trouxe a Lisboa, no dia 7 de Janeiro de 2005.

A história repete-se: o Pavilhão Atlântico voltou a encher e voltou a ser eleito para o arranque de uma nova digressão dos R.E.M. - desta vez, para apresentar o álbum "Around The Sun", editado em Outubro de 2004 e marcado por um forte cariz político (ou pelo fraco conhecimento do público). Ainda assim, a alternância entre temas mais ou menos ilustres ritmou o espectáculo e fez o público aprovar o novo material.

Michael Stipe entrou em palco com os seus habituais truques de contorcionismo, mas a atenção voltou-se, de imediato, para as luzes alucinantes que cobriam o recinto e para o ecrã gigante, comprido e rectangular, situado por cima do palco. Aqui, alternavam-se imagens filmadas em directo de vários ângulos, com excertos de vídeos da banda, sobretudo em temas como 'Aftermath', 'Electron Blue', 'High Speed Train', 'Leaving New York' ou 'Final Straw', todos do novo álbum "Around The Sun". E lá ia dizendo Michael Stipe que «não é fácil ser-se cidadão dos Estados Unidos em 2005».

Dos ditos "clássicos", o entusiasmo começou com 'Drive' e 'Everybody Hurts' (agora não são só os isqueiros que fazem de velas nas músicas românticas, mas também as tampas dos telemóveis), passou pelos mais recentes 'Imitation Of Life' e 'The Great Beyond', e regressou aos temas antigos com 'The One I Love' ou 'Losing My Religion'.

Já em encore, houve ainda tempo para 'What's the Frequency, Kenneth?' e para chamar ao palco Joseph Arthur, responsável pela primeira parte do espectáculo, para interpretar dois inéditos com os R.E.M.: o primeiro, composto por Michael Stipe quando tinha apenas 19 anos e, o segundo, criado no ano passado, mas nunca editado.
A fechar, só mesmo 'Man on The Moon' para elevar o espírito à lua, com o recado de Michael Stipe em mente: «Quando saírem daqui esta noite, olhem bem à vossa volta. Nós escolhemos Lisboa para começar a digressão porque é uma das cidades mais visionárias e progressivas do mundo».
in Best Rock

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