in Público
Por ANA NAVARRO PEDRO
Quinta-feira, 03 de Junho de 2004
É um novo conceito automobilístico e uma aposta industrial de monta para a Renault: o construtor francês apresentou ontem, com grande pompa, no seu centro técnico de Guyancourt, o Logan, um novo modelo de carro a cinco mil euros, que deverá atingir 700 mil vendas em 2010.
O grupo criou este modelo especificamente para os países emergentes - ou seja, da Europa de Leste à Ásia Central, da África do Norte ao Médio-Oriente, passando pelos países da América Latina... e sonhando com os mercados que seriam a "sorte grande" do Logan, a China e a Índia. Portanto, depois de anos de competição acérrima entre construtores para uma sofisticação cada vez maior dos bólides propostos à tentação dos compradores ocidentais, a Renault faz a aposta inversa. O resultado é um carro barato, recorrendo às tecnologias já utilizadas no Clio e no Modus, algo banal de aparência que, garante o grupo, respeita as normas básicas da Europa em matéria de segurança, e cujas características devem ser a "fiabilidade, a robustez e a facilidade de manutenção".
Na apresentação do veículo, o presidente da Renault, Louis Schweitzer, recordou que foi uma ideia sua, e que ela partiu de um objectivo de desenvolvimento em 1998 - chegar aos quatro milhões de vendas anuais no mundo por volta de 2010 - e de uma constatação: "Os três principais mercados mundiais - Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão - tornaram-se mercados de renovação, enquanto 80 por cento da população mundial tem um acesso limitado à aquisição de um automóvel". Schweitzer frisou, ainda, que as economias dos países emergentes têm características comuns e "condições de utilização difíceis - estradas degradadas, climas extremos, dificuldades para fazerem reparações". Sem esquecer que a compra de um carro é um sacrifício pesado para a clientela média destes países.
Para diminuir os custos, a Renault optou por fabricar o Logan na Roménia, na Rússia, no Irão, em Marrocos e na Colômbia. A produção já começou na Roménia, no construtor Dacia (comprado pela Renault em 1999 e totalmente modernizado), onde será comercializado com o nome desta marca local - tal como na África do Norte e no Médio-Oriente. Na Rússia, o Logan será vendido sob a marca "Renault". O leque de preços irá de 5000 a 8000 euros, dependendo dos custos de fabrico e das taxas e impostos de cada país. Estão já previstas outras versões, como uma forgunete e um "break". Nenhum dispõe de electrónica - a ideia é que qualquer mecânico equipado com um martelo e uma chave de fendas possa reparar uma avaria. A nova aposta da Renault implica um investimento de 1,5 mil milhões de euros. Se resultar, o grupo francês passará para o pódio dos três primeiros construtores mundiais.
sexta-feira, junho 04, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário