hoje soube-me a tanto, ou portanto, hoje soube-me a pouco
sérgio godinho
terça-feira, março 25, 2014
o futebol e o resto
Há uma linha, por vezes muito ténue, que balança entre respondermos a alguém ou deixar passar (não responder) por menos razão que achemos que a pessoa tem. Quando ficamos surpreendidos com uma opinião sobre nós que achamos estar tão fora da realidade e que nos define de forma tão leviana, reduzida e degradante parece que ficamos sem argumentos (ou sem vontade de os expor).
Os assuntos que mais paixão motivam hoje em dia no Portugal de 2014 são futebol e política. Infelizmente são os dois demasiado parecidos no fervor com que as pessoas defendem as suas cores (e quando digo cores falo em clube/partidos e não propriamente em ideias ou ideais - na verdade a política devia reger-se por princípios diferentes dos da paixão por um clube de futebol).
No campo do (e não de) futebol a pessoa mais racional deixa-se levar pela emoção, pelo amor a um clube. Acontece todos os dias à maioria dos apaixonados pelo desporto-rei, com um clube do "coração". Nas velhinhas tascas, nos modernos cafés ou pastelarias da moda, nas redes sociais (onde o Twitter é rei neste domínio de conhecer opiniões vindas de todo o lado), o futebol discute-se ao pormenor e a polémica, os erros do árbitro, as opiniões diferentes sobre o mesmo lance, as faltas, os fait-divers (apertos de mão de treinadores, danças, matreirices, faltas de classe, etc) são um dos temas preferidos dos comentários e nas discussões, exactamente porque são os temas que motivam mais discórdia. É da génese humana, na verdade. Uns mais, outros menos. Mas se se envolvem no futebol vão lá parar.
Entrando agora num domínio mais pessoal, eu já tive aproximações ao desporto-rei diferentes. Sempre fui apaixonado pelo jogo mas houve alturas (breves) da minha vida, em fases diferentes, em que deixei de ter paciência para acompanhar as notícias, seguir as polémicas ou mesmo ver jogos de forma regular - concentrava-me mais nos clássicos. Já há muitos anos que sigo de forma frequente o futebol e as notícias em torno dele, até por motivos profissionais e sempre me considerei um tipo com preferências muito marcadas por jogadores (alguns não são fenómenos como Messi ou Ronaldo), treinadores e clubes (para além do clube de sempre) e que nunca se concentrou muito nas discussões ao pormenor das polémicas - aliás, fico sempre chateado comigo próprio quando perco tempo a discutir com malta "do contra" e que só sabe ser negativista e dizer mal sem parar (andam em círculos repetitivos no que dizem, mesmo).
Na verdade tal como vejo a política (eu gosto/detesto de pessoas, independentemente do partido), sempre consegui apreciar e torcer por jogadores, treinadores e clubes que não o meu. Torcer por clubes portugueses nas competições europeias, mesmo que não seja o clube do "coração" - sempre tive simpatia por uns ou antipatia por outros, para lá o clube do coração.
E sempre me vi como um apreciador do futebol, do talento puro de agir por instinto, mais rápido do que todos os outros, das tácticas onde um grupo de homens funciona como uma máquina oleada a funcionar quase como um só "corpo", da intensidade dentro do relvado, da imprevisibilidade do jogo, da forma como o futebol também nos ensina tanto - especialmente o inglês -, na forma como o campeão de hoje é o derrotado de amanhã, a sorte de hoje é o azar de amanhã, o campeão tem direito a aplausos do adversário como sinal de respeito e os maiores adversários dentro de campo podem trocar de camisola depois de se "picarem" como cães raivosos nos 90 minutos.
Até José Mourinho aparecer devo confessar que ligava pouco a conferências de imprensa. Como jornalista e apreciador de futebol, ver uma conferência de imprensa de Mourinho costuma ser aliciante porque há ali uma competição peculiar entre um jornalismo desportivo que precisa das manchetes, da frase "picante" muitas vezes adulterada face ao que foi dito (a biografia de Alex Ferguson fala bem disso) e uma "raposa" portuguesa a quem cabe o papel de responder às perguntas e que não tem problemas em parecer o mau da fita (quando acha que o tem de fazer).
Uma conferência com JM é ouvir alguém que sabe como poucos do jogo de futebol e pode-nos dar uma lição sobre o que se vai passar num jogo ou sobre o que se passou; ou então pode chamar os bois pelos nomes, reagir de forma divertida, perfeita, brusca ou exagerada (tem de tudo) a uma provocação; ou ainda deixar questões no ar com mensagens para o seu balneário ou para os adversários. Certo é que, normalmente, é interessante ouvir o que ele tem para dizer e a forma como não se deixa manipular pela matilha (mais em Espanha e menos em Inglaterra) que tem à frente e ainda consegue deixar os adversários em sentido. E os duelos de Mourinho com Guardiola (Ronaldo com Messi) dentro de campo (e também fora) nos tempos do Inter e do Real foram fenomenais e únicos. Vividos com uma intensidade incrível, apesar das palavras mais duras entre os dois (que até foram bem próximos anos antes - podiam ser amigos e confidentes) e das polémicas que até deram algum colorido.
A verdade é que vejo cada vez mais o futebol como um jogo de talentos incríveis (cuja forma e a motivação nem sempre é a mesma)
como Yaya Touré, Andrés Iniesta, David Silva, Matic, William Carvalho, Lisandro López (lembro-me de o ver na Luz, como fotógrafo, a escassos metros da acção e me sentir embasbacado pela rapidez com que ele criava perigo do nada, sem segundos), Luis Suárez, Rooney, Zlatan Ibrahimovic, Tony Kroos, Lucas, Hazard, Henrik Larsson, Zidade, Figo, Cruiff, Van Basten, Coluna, Eusébio, Figo, Cristiano Ronaldo, Messi, Maradona, Maldini, Varane, Ronaldinho, Ronaldo, Deco, Rui Costa, João Vieira Pinto, Jardel, Thern,
onde o treinador é o maestro que orquestra uma equipa de forma a ser uma máquina na forma como defende, ataca, responde às adversidades ou aos benefícios. É esse maestro que prepara aqueles putos que trocam a bola para todas as incidências do jogo, esperando que eles saibam incorporar os ensinamentos e possam explodir ao superar-se ou apenas evidenciar o talento incrível que alguns têm. Jogadores como Ibrahimovic, Cristiano Ronaldo ou Maradona têm, para além do talento, personalidades megalómanas incríveis que os fazem mudar uma equipa por si só.
O futebol é muitas coisas diferentes, para mim e para outros que tais.
Os assuntos que mais paixão motivam hoje em dia no Portugal de 2014 são futebol e política. Infelizmente são os dois demasiado parecidos no fervor com que as pessoas defendem as suas cores (e quando digo cores falo em clube/partidos e não propriamente em ideias ou ideais - na verdade a política devia reger-se por princípios diferentes dos da paixão por um clube de futebol).
No campo do (e não de) futebol a pessoa mais racional deixa-se levar pela emoção, pelo amor a um clube. Acontece todos os dias à maioria dos apaixonados pelo desporto-rei, com um clube do "coração". Nas velhinhas tascas, nos modernos cafés ou pastelarias da moda, nas redes sociais (onde o Twitter é rei neste domínio de conhecer opiniões vindas de todo o lado), o futebol discute-se ao pormenor e a polémica, os erros do árbitro, as opiniões diferentes sobre o mesmo lance, as faltas, os fait-divers (apertos de mão de treinadores, danças, matreirices, faltas de classe, etc) são um dos temas preferidos dos comentários e nas discussões, exactamente porque são os temas que motivam mais discórdia. É da génese humana, na verdade. Uns mais, outros menos. Mas se se envolvem no futebol vão lá parar.
Entrando agora num domínio mais pessoal, eu já tive aproximações ao desporto-rei diferentes. Sempre fui apaixonado pelo jogo mas houve alturas (breves) da minha vida, em fases diferentes, em que deixei de ter paciência para acompanhar as notícias, seguir as polémicas ou mesmo ver jogos de forma regular - concentrava-me mais nos clássicos. Já há muitos anos que sigo de forma frequente o futebol e as notícias em torno dele, até por motivos profissionais e sempre me considerei um tipo com preferências muito marcadas por jogadores (alguns não são fenómenos como Messi ou Ronaldo), treinadores e clubes (para além do clube de sempre) e que nunca se concentrou muito nas discussões ao pormenor das polémicas - aliás, fico sempre chateado comigo próprio quando perco tempo a discutir com malta "do contra" e que só sabe ser negativista e dizer mal sem parar (andam em círculos repetitivos no que dizem, mesmo).
Na verdade tal como vejo a política (eu gosto/detesto de pessoas, independentemente do partido), sempre consegui apreciar e torcer por jogadores, treinadores e clubes que não o meu. Torcer por clubes portugueses nas competições europeias, mesmo que não seja o clube do "coração" - sempre tive simpatia por uns ou antipatia por outros, para lá o clube do coração.
E sempre me vi como um apreciador do futebol, do talento puro de agir por instinto, mais rápido do que todos os outros, das tácticas onde um grupo de homens funciona como uma máquina oleada a funcionar quase como um só "corpo", da intensidade dentro do relvado, da imprevisibilidade do jogo, da forma como o futebol também nos ensina tanto - especialmente o inglês -, na forma como o campeão de hoje é o derrotado de amanhã, a sorte de hoje é o azar de amanhã, o campeão tem direito a aplausos do adversário como sinal de respeito e os maiores adversários dentro de campo podem trocar de camisola depois de se "picarem" como cães raivosos nos 90 minutos.
Até José Mourinho aparecer devo confessar que ligava pouco a conferências de imprensa. Como jornalista e apreciador de futebol, ver uma conferência de imprensa de Mourinho costuma ser aliciante porque há ali uma competição peculiar entre um jornalismo desportivo que precisa das manchetes, da frase "picante" muitas vezes adulterada face ao que foi dito (a biografia de Alex Ferguson fala bem disso) e uma "raposa" portuguesa a quem cabe o papel de responder às perguntas e que não tem problemas em parecer o mau da fita (quando acha que o tem de fazer).
Uma conferência com JM é ouvir alguém que sabe como poucos do jogo de futebol e pode-nos dar uma lição sobre o que se vai passar num jogo ou sobre o que se passou; ou então pode chamar os bois pelos nomes, reagir de forma divertida, perfeita, brusca ou exagerada (tem de tudo) a uma provocação; ou ainda deixar questões no ar com mensagens para o seu balneário ou para os adversários. Certo é que, normalmente, é interessante ouvir o que ele tem para dizer e a forma como não se deixa manipular pela matilha (mais em Espanha e menos em Inglaterra) que tem à frente e ainda consegue deixar os adversários em sentido. E os duelos de Mourinho com Guardiola (Ronaldo com Messi) dentro de campo (e também fora) nos tempos do Inter e do Real foram fenomenais e únicos. Vividos com uma intensidade incrível, apesar das palavras mais duras entre os dois (que até foram bem próximos anos antes - podiam ser amigos e confidentes) e das polémicas que até deram algum colorido.
A verdade é que vejo cada vez mais o futebol como um jogo de talentos incríveis (cuja forma e a motivação nem sempre é a mesma)
como Yaya Touré, Andrés Iniesta, David Silva, Matic, William Carvalho, Lisandro López (lembro-me de o ver na Luz, como fotógrafo, a escassos metros da acção e me sentir embasbacado pela rapidez com que ele criava perigo do nada, sem segundos), Luis Suárez, Rooney, Zlatan Ibrahimovic, Tony Kroos, Lucas, Hazard, Henrik Larsson, Zidade, Figo, Cruiff, Van Basten, Coluna, Eusébio, Figo, Cristiano Ronaldo, Messi, Maradona, Maldini, Varane, Ronaldinho, Ronaldo, Deco, Rui Costa, João Vieira Pinto, Jardel, Thern,
onde o treinador é o maestro que orquestra uma equipa de forma a ser uma máquina na forma como defende, ataca, responde às adversidades ou aos benefícios. É esse maestro que prepara aqueles putos que trocam a bola para todas as incidências do jogo, esperando que eles saibam incorporar os ensinamentos e possam explodir ao superar-se ou apenas evidenciar o talento incrível que alguns têm. Jogadores como Ibrahimovic, Cristiano Ronaldo ou Maradona têm, para além do talento, personalidades megalómanas incríveis que os fazem mudar uma equipa por si só.
O futebol é muitas coisas diferentes, para mim e para outros que tais.
quinta-feira, março 13, 2014
que rico moço
A rica tem nome fino
A pobre tem nome grosso
A rica teve um menino
A pobre pariu um moço
António Aleixo
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poesia
mandar não é privilégio é responsabilidade
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência.
António Aleixo
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poesia
beckenbauer, sem papas na língua
Ainda se vai arrepender, ou não. Mas são palavras fortes de Franz Beckenbauer sobre o novo estilo de jogo do Bayern Munique de Pep Guardiola, que tem goleado com facilidade jogo após jogo na Bundesliga. É peculiar ver como o presidente honorário do Bayern não tem problemas em criticar o estilo da sua própria equipa.
Certo é que Guardiola vai ter de ficar caladinho. Se fosse Mourinho a dizer o mesmo lá se ouviria o queixume de que o tuga é: "Él es el puto jefe y el puto amo en esta sala".
- "Se continuarmos a jogar como até agora, corremos o risco de sermos como o Barça: um dia ninguém nos quererá ver"
- "Estes jogadores vão passar a bola até à linha de golo. Tenho outra perspectiva do futebol. Qual? Se tiver oportunidade de rematar à baliza, especialmente frente a defesas muito fechadas, faço-o."
Gostava de Guardiola como jogador. Ele e o Figo tinham uma cumplicidade em campo (e aparentemente fora dele) peculiar. Guardiola, o treinador, é um vencedor determinado e destemido com uma ideia muito específica e dogmática de como a sua equipa deve jogar.
No Barcelona o seu estilo - inspirado em Johan Cruyff (e no mentor deste, Rinus Michels) e ainda mais aperfeiçoado - fazia todo o sentido. A equipa foi feita a pensar nesse estilo e mesmo os miúdos que chegavam da cantera aprenderam aquela forma de jogar desde tenra idade. E o modo de jogo do Barcelona de Guardiola é incrível a vários níveis mas tem os seus defeitos. Para já só é possível concretizar aquelas ideias com alguns dos melhores jogadores do mundo a nível do talento - ele teria sucesso com aquele estilo, parece-me, com muito poucas equipas no mundo. Depois é um estilo que se torna demasiado maçudo e usurpador, o que aconteceu mais nos últimos anos dele no Barça. Fazendo uso de ter jogadores com uma capacidade de controlo e colocação da bola especial, era possível passar 5 ou 10 minutos a ver a bola a passar de pé em pé lá atrás de forma a adormecer o adversário.
Certo é que Guardiola é um talento incrível como treinador, capaz de ler o jogo, motivar uma equipa e obrigá-los a respeitar na integra um estilo que tem como cerne a posse de bola, sempre, sem excepções, o que permite controlar melhor os timings em que atacam para ferir o adversário. Depois do período em que os adormeceram infinitamente, atacam com todo o talento e agilidade e têm na frente (no caso do Bayern, força física impressionante que o Barça não tinha).
Sempre que a sua equipa não tem a bola Guardiola fica impaciente. Vê-se isso hoje em dia com o Bayern. E esse mérito, em excesso, que se pode tornar num defeito para o jogo de futebol e para a sua própria equipa. A última época de Guardiola no Barcelona já foi a perder ou empatar consecutivamente com um Real Madrid que descobriu a receita.
O talento dele como treinador vê-se nos treinos, na exigência com os jogadores (nesse aspecto, e noutros também, é bem parecido com Mourinho). Vi alguns períodos de treinos dele no Bayern, ainda a ensinar os jogadores o seu estilo e era muito energético. Queria pressão, sempre. Qualidade de passe, sempre. Coloca a barra bem alta para todos. A mim quer-me parecer é que é exagerado na forma dogmática como quer impor aquele estilo e não se importa de adormecer um jogo só para ficar com a bola eternamente. Gostava de ver este Bayern contra o Real Madrid ou mesmo o Chelsea, novamente. O Chelsea de Mourinho fez frente a este Bayern, que esteve a perder 120 minutos na Supertaça Europeia e só empatou (e depois ganhou nos penáltis) aos 122 (dois minutos depois do tempo previsto).
No meio de tudo isto há algo em que Guardiola não é tão bom como é treinador: a vitimização e o discurso de falsa modéstia e humildade não cola comigo e irrita-me. Viu-se muito isso em Barcelona, os outros eram uns diabos de calções e os dele (e ele próprio) eram uns anjinhos incapazes de fazer mal a uma mosca.
PS: Tenho quase a certeza que não foi para Inglaterra, nomeadamente para o Man. City, só para evitar o Mourinho. Já para não falar que o Bayern com aquela equipa sólida, um plantel incrível, juventude, experiência europeia e história lhe dava mais garantias.
Certo é que Guardiola vai ter de ficar caladinho. Se fosse Mourinho a dizer o mesmo lá se ouviria o queixume de que o tuga é: "Él es el puto jefe y el puto amo en esta sala".
- "Se continuarmos a jogar como até agora, corremos o risco de sermos como o Barça: um dia ninguém nos quererá ver"
- "Estes jogadores vão passar a bola até à linha de golo. Tenho outra perspectiva do futebol. Qual? Se tiver oportunidade de rematar à baliza, especialmente frente a defesas muito fechadas, faço-o."
Gostava de Guardiola como jogador. Ele e o Figo tinham uma cumplicidade em campo (e aparentemente fora dele) peculiar. Guardiola, o treinador, é um vencedor determinado e destemido com uma ideia muito específica e dogmática de como a sua equipa deve jogar.
No Barcelona o seu estilo - inspirado em Johan Cruyff (e no mentor deste, Rinus Michels) e ainda mais aperfeiçoado - fazia todo o sentido. A equipa foi feita a pensar nesse estilo e mesmo os miúdos que chegavam da cantera aprenderam aquela forma de jogar desde tenra idade. E o modo de jogo do Barcelona de Guardiola é incrível a vários níveis mas tem os seus defeitos. Para já só é possível concretizar aquelas ideias com alguns dos melhores jogadores do mundo a nível do talento - ele teria sucesso com aquele estilo, parece-me, com muito poucas equipas no mundo. Depois é um estilo que se torna demasiado maçudo e usurpador, o que aconteceu mais nos últimos anos dele no Barça. Fazendo uso de ter jogadores com uma capacidade de controlo e colocação da bola especial, era possível passar 5 ou 10 minutos a ver a bola a passar de pé em pé lá atrás de forma a adormecer o adversário.
Certo é que Guardiola é um talento incrível como treinador, capaz de ler o jogo, motivar uma equipa e obrigá-los a respeitar na integra um estilo que tem como cerne a posse de bola, sempre, sem excepções, o que permite controlar melhor os timings em que atacam para ferir o adversário. Depois do período em que os adormeceram infinitamente, atacam com todo o talento e agilidade e têm na frente (no caso do Bayern, força física impressionante que o Barça não tinha).
Sempre que a sua equipa não tem a bola Guardiola fica impaciente. Vê-se isso hoje em dia com o Bayern. E esse mérito, em excesso, que se pode tornar num defeito para o jogo de futebol e para a sua própria equipa. A última época de Guardiola no Barcelona já foi a perder ou empatar consecutivamente com um Real Madrid que descobriu a receita.
O talento dele como treinador vê-se nos treinos, na exigência com os jogadores (nesse aspecto, e noutros também, é bem parecido com Mourinho). Vi alguns períodos de treinos dele no Bayern, ainda a ensinar os jogadores o seu estilo e era muito energético. Queria pressão, sempre. Qualidade de passe, sempre. Coloca a barra bem alta para todos. A mim quer-me parecer é que é exagerado na forma dogmática como quer impor aquele estilo e não se importa de adormecer um jogo só para ficar com a bola eternamente. Gostava de ver este Bayern contra o Real Madrid ou mesmo o Chelsea, novamente. O Chelsea de Mourinho fez frente a este Bayern, que esteve a perder 120 minutos na Supertaça Europeia e só empatou (e depois ganhou nos penáltis) aos 122 (dois minutos depois do tempo previsto).
No meio de tudo isto há algo em que Guardiola não é tão bom como é treinador: a vitimização e o discurso de falsa modéstia e humildade não cola comigo e irrita-me. Viu-se muito isso em Barcelona, os outros eram uns diabos de calções e os dele (e ele próprio) eram uns anjinhos incapazes de fazer mal a uma mosca.
PS: Tenho quase a certeza que não foi para Inglaterra, nomeadamente para o Man. City, só para evitar o Mourinho. Já para não falar que o Bayern com aquela equipa sólida, um plantel incrível, juventude, experiência europeia e história lhe dava mais garantias.
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futebol
sábado, março 08, 2014
o sol saiu à rua num sábado assim
Um tipo entra na Mango da Baixa por dever conjugal e entre bifas e tugas só ouve expressões como:
Pelo meio uns homens com cara infeliz atrás das respectivas entre a algazarra e outros homens excessivamente eufóricos, com amigos respectivamente felizes por andar nas compras.
PS: a Baixa está a abarrotar de gente.
que giro;
é lindo;
o XS fica-me apertado;
este fica mais comprido;
o outro fica melhor;
é giríssimo;
aqui fica muito folgado;
este fica mais curto mas é transparente;
estás mais magra;
estou a precisar de ir ao ginásio;
the pants are weird but the jacket is supernice;
oh, is lovely;
ah tão giras;
adoro;
vou experimentar o S;
esta não quero;
aqui nos braços está curto e eu não gosto dos meus braços;
o rabo fica bem?;
should I try it again?;
nas mamas fica bem?
não sei onde estão os sapatos da montra;
a diferença para o XS não é muita;
vou vestir a outra, já não sei de nada;
Pelo meio uns homens com cara infeliz atrás das respectivas entre a algazarra e outros homens excessivamente eufóricos, com amigos respectivamente felizes por andar nas compras.
PS: a Baixa está a abarrotar de gente.
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divagações
sexta-feira, março 07, 2014
a semana numa espécie de notícias
nas notícias, esta semana, uns meninos russos marotos invadiram a Crimeia e assobiaram para o lado - negam tudo, claro (há boatos que tudo está a ser orquestrado por Francis Underwood, a trabalhar para os russos e para os ucranianos).
também nas notícias, uma selfie encomendada pela Samsung fez furor nas redes sociais - a Samsung nega a encomenda, claro.
ainda nos assuntos que mexem o mundo, uns rapazes brincaram ao polícia em serviço e polícia em manif com empurrões e suor à mistura - ficou tudo na mesma, claro, e acabou tudo aos abraços.
outro dos assuntos no planeta, o Papa Chico vai ter a sua própria revista com tendências da moda e dos valores morais que valem entrada no céu - ao estilo Oprah e não, não é só para católicos, é para o mundo!
noutros domínios noticiosos, a estrela 'poop' reformada Justin Bieber fez beicinho em tribunal e Miley Cyrus apresentou ao mundo no seu Twitter uma mão 'dildo' - muito macabro, diga-se. e assim vai o mundo daquilo que verdadeiramente interessa.
PS: torçam por mim no Euromilhões desta noite. se ganhar, hand-shaped fisting dildo's da Miley Cyrus para todos (andei a aprender com a Oprah e a Ellen)!
também nas notícias, uma selfie encomendada pela Samsung fez furor nas redes sociais - a Samsung nega a encomenda, claro.
ainda nos assuntos que mexem o mundo, uns rapazes brincaram ao polícia em serviço e polícia em manif com empurrões e suor à mistura - ficou tudo na mesma, claro, e acabou tudo aos abraços.
outro dos assuntos no planeta, o Papa Chico vai ter a sua própria revista com tendências da moda e dos valores morais que valem entrada no céu - ao estilo Oprah e não, não é só para católicos, é para o mundo!
noutros domínios noticiosos, a estrela 'poop' reformada Justin Bieber fez beicinho em tribunal e Miley Cyrus apresentou ao mundo no seu Twitter uma mão 'dildo' - muito macabro, diga-se. e assim vai o mundo daquilo que verdadeiramente interessa.
PS: torçam por mim no Euromilhões desta noite. se ganhar, hand-shaped fisting dildo's da Miley Cyrus para todos (andei a aprender com a Oprah e a Ellen)!
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