"Amour"
é um longo, penoso, duro, incrível e brilhante poema a uma velhice partilhada e à inevitabilidade do fim da vida.
É inevitável pormo-nos a pensar no fim de vida de familiares próximos, aqueles que já sofreram tanto e finalmente acabaram por dar o último suspiro e aqueles que ainda estão próximos de nós, mas que caminham para essa velhice, que quando deixa de ser dourada a única coisa que tem de bonito é as memórias e o amor incondicional que se pode manter bem vivo, mas que se manifesta de formas diferentes.
"Argo"
é uma história cativante, sobre a linha ténue entre salvar vidas e deitar tudo a perder. Sobre um operacional da CIA, mas acima de tudo um homem que procura salvar seis compatriotas de uma situação explosiva num contexto de guerrilha duro e repleto de sangue.
Ben Affleck tem vários méritos, o primeiro é o de ter tornado a história simples, mais do que sobre uma época histórica importante, espionagem, ou sobre a CIA, é uma tentativa de salvamento onde se destaca um homem abnegado, as seis pessoas a serem salvas e um contexto histórico onde os EUA saem muito mal na fotografia. O segundo é humanizar aquelas personagens, de uma forma tão realista e sincero. O terceiro é conseguir dar o ritmo perfeito, os planos adequados - rápidos quando a situação o exige, vagarosos quando precisamos de sentir os dilemas, pressões e receios incríveis que aquelas personagens estavam a sentir (de formas diferentes). Outro mérito é não se coibir de mostrar pessoas enforcadas na rua, expostas em guindastes de construção. A única forma de sentirmos que os iranianos revoltados não estavam para brincadeiras e na ânsia de vingança matavam por precaução - uma visão perturbante que nos coloca no meio das personagens.
O único senão é a previsibilidade da história, que ainda por cima é baseada em factos verídicos por isso acredito que não havia grande hipótese nesse aspecto e ele, por meio da realização, cativa-nos de outras formas. Não era o filme que estavam à espera, é melhor por não se perder em demasia na complexidade da espionagem - que acontece em tantos filmes que contam histórias da CIA. Ainda assim, talvez prefira um ou dois dos outros filmes nomeados para Filme do Ano, tendo consciência que o tema de Argo apaixona a anglo-saxofonia por si só, daí que esteja a levar todos os prémios até ao momento, dos Globos de Ouro, aos BAFTA, passando pelos prémios dos principais sindicatos de actores, produtores, realizadores de Hollywood.
A Vida de Pi, Django Unchained são os meus favoritos, e Lincoln anda lá perto, tal como Argo.
Boa Noite, e Boa Sorte!
sábado, fevereiro 23, 2013
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