sábado, abril 15, 2006

"to be or not to be a journalist"

Tenho verificado numa certa ascensão de jovens jornalistas muito activos, nomeadamente no jornal Público.

Na edição do Público de hoje vem um Destaque do jornal bem interessante sobre as novas relações sociais que a rede de Internet está a criar em Portugal e no mundo.
O autor da maior parte dos artigos é um homem de 22 anos, João Pedro Pereira, que é actualmente estagiário do Público e já o foi no DN. Um nome que não é estranho para quem espreita muito blogs, que mais não seja pelo seu blog de tecnologia, Engrenagem. O assunto tratado é de tal forma vasto que daria uma bela tese de mestrado ou doutoramento, como existem já algumas a decorrer e tudo. No entanto, parece-me bem pensado e com bastante pertinência, apesar de incluir poucas coisas que eu, em particular, não sabia já. Surge depois uma lista de 10 sites na chamada "Nova Rede" que poderia ser mais longa, claro, mas aí revela alguns que eu não conhecia e até me parecem interessantes. Depois vem alguns artigos pela Kathleen Gomes e pelo Pedro Ribeiro com uma entrevista ao especialista Gustavo Cardoso - que completam mais o Destaque.

Ao ver o currículo dele percebemos que é alguém que está em constante aprendizagem e com uma energia fantástica direccionada para as novas tecnologias, já com experiências felizes e importantes. O jornalismo deve ser assim em certa medida e este é um bom exemplo de pessoas novas a entrar na profissão com valor. Também cheguei a fazer um Destaque do Público no meu estágio por lá, algo que me encheu de orgulho e ao mesmo tempo de tristeza por saber que na prática não significou ter hipótese de continuar por lá. Outro aspecto curioso é verificar o volume de actividade criativa e jornalística que João Pedro Pereira teve na Universidade de Coimbra, fosse com o jornal da escola ou com outros projectos. Como caldense que estudou em Lisboa, não deixo de pensar que as Universidades lisboetas, nomeadamente a FCSH, da Nova de Lisboa, são muito fracas e pobres na perspectiva de ajudaram ou permitiram determinados projectos aos alunos. Pelo que tenho lido e visto recentemente parece-me claro que meios académicos do Porto e de Coimbra - pelo menos nesta área a que me estou a referir permitem bem mais projectos de alunos, e permitem inclusivé maior contacto e partilha entre alunos - até pela própria estrutura da cidade de Lisboa, em que tudo fica longe, e alguns jovens vivem nas periferias, outros dentro da cidade.

Outro exemplo de tudo isto que tenho vindo a escrever, é Miguel Lourenço Pereira. Nascido em 1984 e que estudou na Universidade do Porto, com a qual mantém contacto, pelo que me parece. Parece-me também um jovem empreendedor e dinâmico, agora mais para a área de cinema. Por isso mesmo, tem escrito vários artigos para o suplemento do Público Y, penso que como colaborador. Só por perceber bastante do assunto e ter praticado bastante a escrita sobre coisas de cinema parece-me que conseguiu impor-se para escrever para o Y - onde é complicado entrar -, assuntos especifícos sobre cinema. Durante o meu estágio cheguei a escrever algumas coisas para o Y, e a fazer entrevistas, no pouco tempo que sobrava do trabalho noutras secções, mas nunca nada de grande importância para o próprio suplemento.
O domínio de experiência de Miguel Lourenço Pereira são essencialmente os blogs, nomeadamente um blog/jornal que ele criou chamado Hollywood. Actualmente tem colaboradores para actualizar com maior frequência o blog. A verdade é que é um local bem completo com muita informação obtida nos locais por excelência da informação cinematográfica e até entrevistas a autores portugueses. Pelo que li, já escreveu argumentos e realizou uma curta (tem um programa de rádio na Uni. do Porto). Mais uma pessoa nova a entrar na profissão com dinâmica e espirito de iniciativa.

Existe uma característica comum nestes dois exemplos que tenho reparado recentemente. Ambos são estudantes de jornalismo, em meios que não são Lisboa, com muita vontade de aprender e mostrar conhecimentos e dinâmica, com uma experiência vasta e bem intensa na Internet. Ao serem estudantes são pessoas que aproveitaram muito bem o tempo de sobra que existe do curso que fizeram para se darem a conhecer e crescerem a nível de escrita e de ideias. Acredito que o facto de terem estudado fora de Lisboa pode ter sido mais positivo do que se pensa... Sobre o seu valor, parece-me que tem bastante valor, apesar de isso ser relativo e em constante aprovação em alguns aspectos jornalísticos.

JT

2 comentários:

Textos Traduzidos disse...

Pois é... Só é pena esses talentos não serem mais aproveitados. E uma pessoa saber que por muito boa que seja, isso não lhe garante que fique a trabalhar em determinado órgão de comunicação social... Outros valores mais altos (nós sabemos quais) se levantam.
De qualquer forma, é bom saber que andam por aí novos jornalistas cheios de vontade de aprender por si próprios, mesmo quando as faculdades (ando na FCSH e sei que é um dos casos) não o estimulam muito.
E eu acredito que a nova geração pode trazer muitos bons jornalistas.:)

emot disse...

É verdade. Não basta ter valor, nos dias que correm. Sei que há bons jornalistas na nova geração, mas também sei que algumas chefias ainda olham desconfiados para os estagiários. E depois acontece muito o seguinte: um estagiário mau faz uma peça miserável, apelida-se logos os estagiários enquanto um grupo como maus - algo injusto, claro.